sábado, 7 de julho de 2012

As Reclamações

Quantas vezes já me peguei reclamando da vida, querendo colocar a culpa das insatisfações e dos fracassos que eu vivia nas costas de outros, sem ter a honestidade de me olhar. Enquanto isso a vida ia acontecendo e eu deixando de viver tanta coisa boa. Uma vez, na adolescência, diante de tantas reclamações que eu fazia, meu pai calmamente me disse: “meu filho, você reclama demais.” Na hora nem percebi o valor da lição que ele estava me dando, o que só reconheci alguns anos depois, quando comecei a examinar melhor minhas atitudes, palavras e pensamentos, e ver a minha responsabilidade pela forma de vida que eu vivia e os sofrimentos decorrentes. Muitos reclamam, com justiça, por fome, desemprego, carência de educação, lazer e saúde, e tantas outras mazelas comuns aos lugares onde há injustiça social. Estes precisam reclamar sim, lutar por seus direitos. Mas tem gente que reclama de barriga cheia. São aqueles seres insaciáveis, egoístas e escravos do consumo, que não valorizam nem reconhecem o que têm, querem sempre mais. Há também os que vivem a reclamar dos outros, que estão sempre errados e eles certos. Outros ainda não enxergam o carinho e o apoio que recebem de seus amigos e familiares e vivem de lamúrias sugando energeticamente os mais próximos.
Hoje, quando me pego reclamando, procuro parar, olhar para mim e me perguntar: há justiça e honestidade em minhas reclamações?

Gilvan Almeida