quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Gentileza em 2010

Ser mais gentil consigo, não se crucificar a cada erro, enxergar e aceitar as próprias limitações, são pratos que devem ser servidos diariamente à auto-estima. Mas às vezes as pessoas se esquecem e ficam cobrando de si perfeição, colocando em seus lombos cargas pesadas, padrões inalcançáveis, que depois vão ter que carregar com muito sacrifício. Tem umas tão gentis com os outros e tão cruéis consigo mesmas, verdadeiras carrascas, que só vêem os próprios defeitos, não se valorizam e cultivam uma eterna insatisfação com tudo o que fazem. Cronicamente estressadas, são inadaptadas a este mundo de imperfeições. Algumas até acreditam que são perfeitas, são as sobre-humanas, que se colocam acima da humanidade, pois, ilusoriamente, têm certeza que são perfeitas, e vivem a exigir de si e dos outros uma perfeição que, na verdade, não possuem, tornando um inferno a própria vida e as dos que as rodeiam. Não admitem erros jamais. Coitados dos familiares, amigos e colegas de trabalho delas. Outras são muito gentis com as pessoas de fora e duras com os de casa. Há também os tiranos com os subalternos e submissos e servis aos superiores. Portanto, em 2010, cuidemos melhor uns dos outros. Seja menos exigente, compreenda e releve mais, a vida já é tão cheia de cobranças.
Feliz Ano Novo !!!


Gilvan Almeida

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

NATAL 2009

Escrevi o texto “A banalização do Sagrado” no Natal de 2007. Não mudei minha forma de pensar. Fico olhando as pessoas, muitas tão amáveis umas com as outras, nesta época, e no restante do ano às vezes nem se falam. Por que não dividimos todo este amor que permitimos transparecer no Natal, pelos outros 364 dias do ano e nos tornamos, todos os dias, mais solidários, amigos e sensíveis à dor do nosso próximo? Feliz Natal 2009

A banalização do sagrado

Ao longo dos anos o Natal vem se tornando, cada vez mais, um acontecimento comercial. O que começou sendo um reconhecimento da manifestação do sagrado entre os homens, o nascimento do menino Deus, transformou-se em festa do consumo, e a maioria nem se lembra do aniversariante, muito menos da mensagem que Ele trouxe, ainda hoje tão pouco compreendida e praticada, de simplicidade, reconciliação, humildade, renúncia, perdão, união, fraternidade e amor. Em vez do cultivo das lições deste grande Mestre, vemos a expressão danosa das comilanças e bebedeiras, pessoas se endividando para atender às cobranças pessoais e familiares de comprar e ganhar presentes. Algumas famílias passam o ano inteiro brigando, mas seguem a “tradição” de passar a noite de Natal juntas, numa aparente “noite de paz, noite feliz”, para no dia seguinte, ou às vezes no dia mesmo, voltarem aos conflitos. Neste Natal olhe com bem honestidade como está o seu coração, e veja, com a intensidade de sua fé, seja ela do tamanho que for, se há espaço para uma reflexão sobre o verdadeiro significado deste dia. Feliz Natal 2007!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

25 mitos sobre a gagueira

Alguns conhecimentos que adquirimos no decorrer da vida nos chegam através de experiências de outras pessoas. Considero-os válidos, pois não há nenhuma necessidade de “tocar no fogo, para saber que ele queima”. Em relação a isso um sábio já disse que “...inteligente é aquele que aprende sem sofrer, observando a experiência dos outros...” Há aprendizados que precisamos, sabe Deus o porquê, passar por dentro, vivenciar na pele e na alma a dor ou o prazer. Foi o que aconteceu comigo com relação à gagueira. Só quem foi ou é gago sabe o quão difícil é a convivência do portador deste distúrbio da fala com as pessoas que falam fluentemente. Observe ao seu redor, e veja como os gagos são tratados. Você já os viu sendo tratados com tolerância, paciência e respeito ao seu ritmo de fala? Nem eu. Imagine-se como um deles, querendo, precisando, se expressar, comunicar o que sente e o que pensa, e tendo a recepção geralmente desrespeitosa que o meio social lhes relega. O que resta então à maioria dos gagos? O isolamento, o silêncio, a timidez, a baixa auto-estima, o incômodo sentimento de culpa por ser assim...
Lembro que uma das simpatias utilizadas antigamente para “curar” gagueira era bater com colher de pau na cabeça do gago (ou será que ainda usam?). Ainda bem que evoluímos, e hoje a gagueira já é abordada por profissionais de fonoaudiologia, psicologia e medicina.
Encontrei no site do Instituto Brasileiro de Fluência um trabalho elaborado por Sandra Merlo e Hugo Silva, com informações sobre a gagueira, colocadas em forma de perguntas e respostas. Além de esclarecer, o trabalho procura desmistificar o tema. Coloquei duas perguntas e respostas. Caso se interesse, entre no site:
http://www.gagueira.org.br/mitos_sobre_gagueira.shtml

Gilvan Almeida



25 mitos sobre a gagueira


01. Mito: A gagueira é um hábito adquirido.

Realidade: Afirmar que a gagueira é um hábito significa que a pessoa começaria a gaguejar voluntariamente e, com a prática, a gagueira se tornaria automática. Não é isso o que acontece. A gagueira é um distúrbio neurobiológico causado provavelmente pelo mau funcionamento de áreas do cérebro responsáveis pela automatização da fala: os núcleos da base não conseguem ajustar adequadamente o tempo de duração de sons e sílabas, ocasionando alongamentos, bloqueios ou repetições. Esta disfunção é resultado de uma predisposição genética ou de uma alteração na estrutura do próprio cérebro. Portanto, a gagueira não pode ser simplesmente aprendida por imitação, porque ocorre em pessoas que, de alguma forma, estão propensas a ela.

02. Mito: Se eu não gaguejo em algumas situações (por exemplo: cantar, ler em coro, falar com outro sotaque, representar um personagem, sussurrar), é sinal de que posso ser fluente em todas as situações. Se não consigo ser sempre fluente, a culpa é minha.

Realidade: Dependendo do contexto, a fala é processada por diferentes partes do cérebro. As variações situacionais da gagueira - embora possam soar indevidamente como um problema emocional ou de ansiedade social - refletem apenas diferenças no modo como o cérebro processa a fala de acordo com a circunstância, usando um de dois sistemas pré-motores para fazer a temporalização do movimento: o sistema pré-motor medial ou o sistema pré-motor lateral. Na gagueira, o sistema pré-motor medial, responsável pela fala espontânea e integrado pelos núcleos da base, é o que tende a estar comprometido. Por outro lado, o sistema pré-motor lateral, responsável pela fala não-espontânea (como falar sozinho, cantar, ler em coro, representar um personagem e sussurrar) e integrado pelo cerebelo, tende a estar íntegro. Assim, a melhora da gagueira em situações que não envolvem fala espontânea é esperada e não significa que esta melhora possa ser transferida para a fala espontânea, uma vez que são processamentos distintos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Passado, presente e futuro

Há diversas formas de conhecermos os seres humanos. Uma delas é ver como que cada um vive em relação ao tempo. Algumas pessoas vivem no passado: umas através do saudosismo, em que só as coisas de antigamente é que eram boas, tudo no tempo delas era melhor, que o mundo atual está perdido, pois todos os bons valores de sua época se perderam ou foram deturpados; outras vivem no passado guardando e cultivando profundas mágoas de situações vividas, remoem ressentimentos, nutrem planos de vinganças, vivendo novamente as dores a cada vez que pensam ou alguém fala sobre o que aconteceu, verdadeiras prisioneiras do ontem que não se libertam para viver o hoje. Há os que vivem no futuro, apressados, impacientes, preocupados e ansiosos com o que vai lhes acontecer, antecipam o futuro, geralmente de maneira trágica, pessimista, imaginando sempre o pior, criando situações em pensamento, como se fossem verdades e sofrendo por antecipação. Não sabem esperar o futuro chegar sob a forma de presente. Poucas pessoas vivem no presente, vivenciando a realidade atual de forma intensa e concentrada, assumindo responsabilidades, erros, culpas e aproveitando a vida, degustando os frutos das vitórias obtidas. Assim, quem vive no passado precisa de asas para voar até o presente, e quem vive no futuro precisa de âncora para permanecer no presente. Qual é o tempo em que você vive?

Gilvan Almeida