O Bhagavad Gita – Canto do Espírito em sânscrito – é a escritura mais amada da Índia, considerada a Bíblia Sagrada dos hindus. É a essência do conhecimento védico da Índia e um dos grandes clássicos da literatura espiritual e filosófica do mundo, onde Krishna revela ao seu discípulo Arjuna, o caminho que todo ser humano deve percorrer em busca da auto-realização.
Estas palavras contidas no Bhagavad Gita, trecho do Mahabhárata, fazem parte de um diálogo que ocorre entre o Mestre e seu discípulo, conhecido como “Canção do Divino Mestre”:
Krishna disse:
Não se é livre do dever
porque se deixa de agir
Nem se atinge a perfeição
somente pela renúncia.
Todo mundo tem de agir
de acordo com o seu carma.
Nem mesmo por um momento
pode alguém deixar de agir.
Quem reprime os seus sentidos
mas não livra sua mente
dos objetos do desejo
está enganando a si mesmo.
Mas aquele que usa a mente
no controle dos sentidos
praticando a devoção
e agindo com desapego,
é digno de ser louvado.
Execute o seu trabalho
pois esse procedimento
é melhor que a inanição.
Sem trabalhar não se pode
nem sequer manter o corpo.
Arjuna pergunta:
Ó Meu querido Senhor,
qual o comportamento de quem
transcende a energia da matéria?
O Supremo Senhor disse:
Quem não odeia o esplendor,
apego nem ilusão,
quando eles estão presentes,
e não anseia por eles
quando se encontram ausentes;
quem aceita igualmente
o prazer e o sofrimento
e vê com os mesmos olhos
um seixo, uma barra de ouro,
ou qualquer torrão de terra;
quem ouve do mesmo modo
um louvor ou uma calúnia
e não se deixa alterar
quando honrado ou desonrado;
quem do mesmo modo trata
os amigos e inimigos,
diz-se então que tal pessoa
é transcendental aos modos
da energia material.
Ó amado filho,
se você não for ainda
capaz de trabalhar para Mim,
renuncie aos resultados
de todas as suas obras
e situe-se no Eu.
Aquele que não inveja;
que é amigo sincero
de todos os seres vivos;
que não tem senso de posse;
que está livre do egoísmo;
que tem a mesma atitude
na tristeza ou na alegria;
que está sempre satisfeito,
servindo com devoção;
que é sempre determinado
tendo a mente e o intelecto
harmonizados comigo;
é muito querido a mim.
Quem nunca perturba os outros
nem se deixa perturbar,
além da dualidade
do sofrimento e prazer
livre do medo e da angústia,
também é muito querido.
Aquele que não se apega
nem ao prazer nem a dor,
que não rejeita ou deseja,
renunciando igualmente
ao que agrada ou aborrece,
é muito querido a Mim.
Quem age do mesmo modo
com amigos e inimigos,
e não muda de atitude
no ostracismo ou na glória,
no sucesso ou no fracasso;
quem nunca se contamina;
quem está sempre contente,
com tudo que lhe oferecem;
quem está sempre ocupado
em servir com devoção
– este Me é muito querido.
Quem trilha pelo caminho
do serviço em devoção,
e faz de Mim sua meta
é muito querido a Mim.
OBS: Um trecho deste diálogo foi musicado por Geraldo Azevedo e Rogério Duarte, e cantado com grande sucesso por Elba Ramalho, com o título Quem é muito querido a mim.
Gilvan Almeida
quinta-feira, 4 de março de 2010
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Um comentário:
Gilvan,
Post maravilhoso !
Amei...
bjo
faide...
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