sexta-feira, 10 de abril de 2009

Quais são as suas máscaras?

Traga-me um ser humano plenamente maduro e equilibrado, que tenha total harmonia no pensamento, no sentimento e nas atitudes, que seja só amor com tudo e com todos, e em todo o momento, que erguerei para ele um altar. Procure-o nos quatro cantos do mundo e não o encontrarás, porque não existe. Somos todos, sem exceção, imaturos, carentes de afeto e de atenção, inseguros, pequenos, seres frágeis que necessitam de luz, de carinho e até mesmo de piedade, por tantas fraquezas.
No entanto, o ser humano, para tentar esconder determinadas facetas de sua personalidade e de seu caráter, ou até mesmo como mecanismo de sobrevivência emocional, cria, consciente e inconscientemente, determinados comportamentos, que são conhecidos na psicologia como máscaras. As máscaras, portanto, são defesas que protegem o indivíduo do meio em que vive, e no teatro da vida, cada um com as suas.
Alguns usam uma ou mais máscaras no emprego, outras em casa, outras nos meios sociais que freqüentam, e algumas máscaras são tão fortemente grudadas que a própria pessoa acredita que é aquilo que aparenta ser para os outros. Há muito covarde com máscara de valentão, utilizando a estratégia de bater o mais rápido possível, para que não percebam que ele, na verdade, é covarde. Há as víboras com sorrisos angelicais; os judas com atitudes de melhores amigos; os interesseiros com caras de solidários; os sorridentes escondendo profundas tristezas; os tiranos com aparência de democratas; os corruptos com discursos de bons samaritanos, e tantos outros tipos, cada um mostrando na aparência o que não é na essência.
Eis aqui um ótimo instrumento para os que querem se conhecer, na busca de ser uma pessoa com mais paz e equilíbrio. Pergunte-se quais são as minhas máscaras?


Gilvan Almeida

sábado, 4 de abril de 2009

Religiões: Budismo

Dentro de uma compreensão de mundo através da filosofia e da espiritualidade, tenho uma identificação maior com as verdades contidas no Budismo e no Cristianismo reencarnacionista. Fui criado em uma família católica, que ia à missa todos os domingos. Até estudei o catecismo e fiz a primeira comunhão, tendo em seguida, durante muitos anos, descartado totalmente a religião, tornando-me ateu. Um dia chegou às minhas mãos uma revista que abordava o Zen-budismo. Li, gostei e me interessei em conhecer mais, tornando-me assim um estudante da vida e da filosofia do grande Mestre Buda. Aproveitando as festividades que os budistas fazem a cada ano, comemorando a data do nascimento de Buda – 8 de abril - coloco este tema no blog, no intuito de homenageá-lo e de informar a respeito desta religião/filosofia.

Gilvan Almeida

O Nascimento de Buda - Hanamatsuri

Segundo reza a tradição, o Buda Shakyamuni nasceu no quarto mês quando no céu surgia a lua cheia de primavera. Deslocando-se para o país de Koliya, sua terra natal, a rainha Mayadevi sentiu as pontadas do parto quando atravessava o Jardim Lumbini. Foi quando pediu para repousar, pois a viagem tinha sido árdua. Ao dobrar o corpo para deitar-se viu adiante uma flor que despontava num ramo. Foi neste instante que as contrações aumentaram e deu nascimento a um menino. Uma chuva de pétalas e néctar caiu naquele momento e dos cantos da terra se fez soar um brado anunciando a boa nova. Chamaram a criança de Sidharta.
Assim, repetindo o acontecimento, os seguidores do budismo do mundo todo comemoram o Vesak, no Japão conhecido por Festa das Flores ou simplesmente Hanamatsuri. Ocasião de grande festividade, em que num altar decorado com fIores a imagem do Buda Menino é devidamente instalado. Aqueles que pretendem homenageá-lo, dirigem-se até o altar, e numa concha recolhem chá adocicado que é derramado sobre a cabeça do Buda. Repetem este movimento por três vezes, fazendo pedidos como a realização de sonhos; pedem saúde e proteção. Esta versão popular, muitas vezes é substituída por um motivo filosófico: ao se banhar o Buda, estamos banhando a nós próprios. Assim, purificamos o nosso coração e podemos avaliar a nossa conduta perante a vida.
Uma cerimônia acontece em 8 de abril, dia do nascimento (ou data próxima), com os representantes de inúmeras tradições budistas, saindo em cortejo pelas ruas do Bairro da Liberdade - em se tratando do município de São Paulo. Então, um andor com a imagem do Buda Menino é posto nas costas de um elefante branco. Crianças vestidas como os pequenos do Nepal, onde Buda nasceu, simulam puxar o carro em que vai o elefante. Atrás os monges de diversas tradições reúnem-se para acompanhar o cortejo. Encerra-se com grande entusiasmo, principalmente com a oportunidade de comemorar o nascimento do Ser lluminado. Não apenas daquele, mas de sua natureza em todos os seres vivos.


Budismo

É uma religião e filosofia baseada nos ensinamentos deixados por Sidarta Gautama, ou Sakyamuni (o sábio do clã dos Sakya), o Buda histórico, que viveu aproximadamente entre 563 e 483 a.C. no Nepal. De lá o budismo se espalhou através da Índia, Ásia, Ásia Central, Tibete, Sri Lanka (antigo Ceilão), Sudeste Asiático como também para países do Leste Asiático, incluindo China, Myanmar, Coréia, Vietnã e Japão. Hoje o budismo se encontra em quase todos os países do mundo, amplamente divulgado pelas diferentes escolas budistas, e conta com cerca de 376 milhões de seguidores.

Ensinamentos e doutrina

Ao contrário do pensamento comum, o budismo não é uma religião, pois não existe um deus criador, não existem dogmas e nem proselitismo, porém também não seria correto denominá-la apenas como uma filosofia, pois aborda muito mais do que uma mera absorção intelectual. O Budismo não tem uma definição, tendo aquela que qualquer praticante lhe queira atribuir, contudo poderemos denominá-la de caminho de crescimento espiritual, através dos ensinamentos dos Buddhas.
Os ensinamentos básicos do budismo são: evitar o mal, fazer o bem e cultivar a própria mente. O objetivo é o fim do ciclo de sofrimento, samsara, despertando no praticante o entendimento da realidade última - o Nirvana.
O ponto de partida do budismo é a percepção de que o desejo causa inevitavelmente a dor. Deve-se portanto eliminar o desejo para se eliminar a dor. Com a eliminação da dor, se atinge a paz interior, que é sinônimo de felicidade.
A moral budista é baseada nos princípios de preservação da vida e moderação. O treinamento mental foca na disciplina moral (sila), concentração meditativa (samadhi), e sabedoria (prajna).
A base do budismo é a compreensão das Quatro Nobres Verdades, ligadas à constatação da existência de um sentimento de insatisfação (Dukkha) inerente à própria existência, que pode no entanto ser transcendido através da prática do Nobre Caminho Óctuplo.
Outro conceito importante, que de certa forma sintetiza a cosmovisão budista, é o das três marcas da existência: a insatisfação (Dukkha), a impermanência (Anicca) e a ausência de um "eu" independente (Anatta).
A flor de lótus e a cruz suástica são símbolos do Budismo.

Principais doutrinas - As Quatro Nobres Verdades

Um dos principais ensinamentos do Buda é aquele que é o conhecido como as Quatro Nobres Verdades. Ele constitui a base de todas as escolas budistas:
1. A primeira nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento.(...)"
2. A segunda nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir.(...)"
3. A terceira nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele.(...)"
4. A quarta nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.(...)"

O Nobre Caminho Óctuplo

Tem sido sugerido que a forma de exposição da doutrina das "Quatro Nobres Verdades" segue um padrão que se assemelha ao do diagnóstico de uma doença: depois de ter apontado as origens do mal, o Buda mostrou um remédio que leva à cessação desse mal. Esse "remédio" é conhecido como o "Nobre Caminho Óctuplo" (em sânscrito: Astingika-Marga), e deve ser adotado pelos budistas. Consiste em:
1. Visão ou Entendimento correto: "(...) E o que é o entendimento correto? Compreensão do sofrimento, compreensão da origem do sofrimento, compreensão da cessação do sofrimento, compreensão do caminho da prática que conduz à cessação do sofrimento. A isto se chama entendimento correto.(...)"
2. Intenção ou Pensamento correto: "(...) E o que é pensamento correto? O pensamento de renúncia, o pensamento de não má vontade, o pensamento de não crueldade. A isto se chama pensamento correto.(...)"
3. Palavra ou Linguagem correta: "(...) E o que é a linguagem correta? Abster-se da linguagem mentirosa, da linguagem maliciosa, da linguagem grosseira e da linguagem frívola. A isto se chama linguagem correta.(...)"
4. Atividade ou Ação correta: "(...) E o que é ação correta? Abster-se de destruir a vida, abster-se de tomar aquilo que não for dado, abster-se da conduta sexual imprópria. A isto se chama de ação correta.(...)"
5. Modo de vida correto: "(..) E o que é modo de vida correto? Aqui um nobre discípulo, tendo abandonado o modo de vida incorreto, obtém o seu sustento através do modo de vida correto. A isto se chama modo de vida correto.(...)"
6. Esforço correto: "(...) E o que é esforço correto? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (ii) Ele gera desejo em abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (iii) Ele gera desejo para que surjam estados benéficos que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (iv) Ele gera desejo para a continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. A isto se denomina esforço correto.(...)"
7. Atenção correta: "(...) E o que é atenção plena correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu permanece focado no corpo como um corpo - ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. A isto se denomina atenção plena correta.(...)"
8. Concentração correta: "(...) E o que é concentração correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. (ii) Abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. (iii) Abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ (iv) Com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas. A isto se denomina concentração correta."

O Budismo no Brasil tem características singulares. O país abriga a maior colônia estrangeira de japoneses e descendentes, e essa comunidade nipônica trouxe consigo uma variedade de sacerdotes e instrutores budistas, em distribuição significativamente diferente da que existe no Japão. No entanto o budismo não é tão difundido entre descendentes de japoneses no Brasil que em sua maioria são católicos. As escolas ligadas à Nitiren alcançaram enorme difusão, inclusive a Soka Gakkai e a HBS. O Budismo mais tradicional é representado principalmente pelas escolas tibetanas, pelo Soto Zen, Theravada e pelo Budismo Terra Pura. Não se pode deixar de mencionar também a enorme presença do Budismo Tibetano através de inúmeros centros das tradicionais escolas do Vajrayana.
Fonte: Wikipédia