sábado, 31 de maio de 2008

A caridade

Quando perceberes a bondade se aninhar em teu coração e surgir o desejo de servir, atendas, pois é a caridade chegando. Neste sagrado momento de sublimar o ego, compartilha os teus bens, materiais e espirituais, conduzindo esta luz sagrada que Deus nos envia, na intenção de unir os seus filhos. Se dás o que te sobra é um belo gesto. Se dás o que te pode faltar é mais belo ainda. Muitas vezes encontrarás carentes de pão, mas a carência é muito mais ampla. Com atenção e o coração desarmado perceberás que há carentes até de um olhar carinhoso, de uma mão amiga, de um ombro onde possam chorar as dores, de uma palavra que lhes traga a paz necessária.
Gilvan Almeida

domingo, 25 de maio de 2008

A mentira

Dentro de meus estudos de auto-conhecimento, de vez em quando estou refletindo sobre esta frase: “...mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira...” (Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Renato Rocha). Sei que ainda não sou plenamente verdadeiro comigo mesmo, que já enfrentei e superei muitos conflitos íntimos, mas quais são os pontos em que ainda continuo me enganando? Onde fujo do encontro com minha essência, por falta de coragem para transcender o medo de sair dos meus quintais e ganhar as ruas? Eu quero a verdade, mas até que ponto eu tenho maturidade e equilíbrio para agüentá-la de pé, sem correr, sem me fazer de vítima, sem ficar deprimido e sem colocar a culpa nos outros? Por que evito encarar os sofrimentos mais profundos, aquelas dores mais angustiantes, e continuo mentindo para mim que está tudo bem? Por que ainda faço auto-sabotagem em meu crescimento, inventando desculpas para não sair do lugar e definir determinados rumos da minha vida? Aí entendo um pouco porque é a pior mentira essa auto-enganação: ninguém consegue enganar para sempre a própria consciência, e, se nós permitirmos, ela mostra de forma clara quem nós somos e o que devemos fazer para ter mais paz.
Gilvan Almeida

sexta-feira, 23 de maio de 2008

A humildade

Confundida por alguns como pobreza, baixo nível sócio-econômico, a humildade é uma palavra de fino significado, uma virtude tão nobre e rara, que na prática é mais fácil ver quando não se é humilde. Assim posso ver o que falta em mim de humildade quando sou impaciente, grosseiro, insensível, pedante, pretensioso, autoritário, hipócrita, ganancioso, etc. O verdadeiramente humilde não diz que é, pois se diz que é, não é, já que são os outros que enxergam nele essa virtude, que reflete a grandeza de sua alma. Reconhecer um erro, dar a mão à palmatória, de coração, é um gesto que conduz à humildade.
Escrito por Gilvan Almeida

terça-feira, 20 de maio de 2008

Nasrudin

Gosto muito de garimpar pérolas na diversidade cultural existente neste nosso planeta. Quando criança eu colecionava peteca(hoje chamada bola de gude) e revista Placar. Recentemente descobri que continuo colecionando, só que agora coleciono palavras, frases, ditados populares, adágios, sabedoria popular, ensinamentos e sínteses filosóficos e espirituais. Assim, descobri na cultura árabe o Mullá Nasrudin, com suas pequenas e significativas histórias que mexem, de forma inteligente, com o raciocínio trivial e a mesmice lógica, tocando nosso coração de forma bem humorada e, às vezes, irônica. Vejam um pouco dele. Continuarei o garimpo e compartilharei com vocês. Gilvan

Popularíssimo entre os muçulmanos, a figura de Mullá (mestre) Nasrudin protagoniza historietas que revelam, com bom humor, o coração humano. Há até quem diga que ele existiu na Turquia do século 13, porém o importante mesmo são as interpretações de suas aventuras. De certa maneira, as histórias de Nasrudin se parecem com os contos zen-budistas, pois quebram o raciocínio convencional. Aqui duas das centenas de histórias desse mestre, que encanta o mundo islâmico há gerações:

1. Numa certa noite muito escura, Nasrudin foi visto procurando algo no chão debaixo de um poste de luz que iluminava uma boa área a seu redor. Querendo ajudar o velho mestre, um jovem perguntou o que ele estava procurando. “Minhas chaves! Deixei-as cair!”, disse ele. O jovem se pôs então de quatro ao lado de Nasrudin para procurá-las. Depois de um certo tempo sem encontrar nada, o jovem perguntou a Nasrudin. “Mullá, tem certeza de que deixou cair suas chaves por aqui?” O mestre respondeu: “Claro que não! Deixei-as cair em frente de casa!” Perplexo, o jovem perguntou: “Por que então está procurando aqui?” Respondeu Mullá Nasrudin: “Ora, porque aqui há muito mais luz!”
Ensinamento da história: muitas vezes buscamos a felicidade apenas no que está mais aparente e visível, no que tem mais luz, isto é, nas coisas do mundo, quando é preciso dar um mergulho no escuro, enfrentando medos e emoções turbulentas, para obter as chaves de uma transformação real.

2. Nasrudin postou-se na praça do mercado e dirigiu-se à multidão:
-“Ó povo deste lugar! Querem conhecimento sem dificuldade, verdade sem falsidade, realização sem esforço, progresso sem sacrifício?”
Logo juntou-se um grande número de pessoas com todo mundo gritando:
-“Queremos, queremos!”
-“Era só para saber”, disse ele.“Podem confiar em mim. Contarei a vocês tudo a respeito, caso algum dia descubra algo assim.”

domingo, 18 de maio de 2008

Reinício

Hoje, 18 de maio de 2008, estou reiniciando este blog, cujo antigo endereço não oferecia espaço suficiente para postar mensagens mais longas, com o objetivo de compartilhar a minha visão da realidade e trocar idéias sobre artes, medicina, esportes, política, história, atualidades, música, cinema, filosofia, literatura, tudo o que possa ampliar conhecimentos e facilitar a compreensão da vida e do mundo em que vivemos. Sinto que viver é um aprendizado constante de se ver a vida como ela é mesmo, buscando aprender com as experiências, fazer as reformas íntimas que se fazem necessárias e amadurecer sofrendo o mínimo possível. Assim, acredito que a melhor forma para que isto aconteça seja adquirir e praticar os conhecimentos, para que possamos ter a sabedoria de discernir o que é errado e o que é certo, fundamento essencial na prevenção da dor.
Sejam bem vindos!
Gilvan Almeida

A Ética nossa de cada dia
Um discípulo perguntou a Confúcio( 551-479 antes de Cristo) "Há uma só palavra que possa servir como um princípio de conduta para a vida?" Confúcio respondeu:"Talvez a palavra reciprocidade sirva. Não faça aos outros o que não quer que lhe façam." Observemos que esse grande Mestre da China Antiga, o sábio dos sábios, foi um dos primeiros a falar e a praticar esse princípio que tornou-se a lei máxima da Ética, a regra dourada, e passados 2.500 anos a humanidade continua ainda tão carente de honestidade, solidariedade, fraternidade, compreensão, tolerância, amor ao próximo. São poucos os que praticam isso, na sociedade competitiva, egoísta, consumista e injusta em que vivemos pois, para muitos, o que vale é levar vantagem, mesmo que para isso precisem colocar dedo no olho dos outros, enganar a própria mãe, pisar em quem está no caminho, fazendo valer uma das máximas do filósofo italiano Maquiavel: "os fins justificam os meios". E essa carência, e até mesmo ausência de Ética, se manifesta em níveis pessoais, institucionais e internacionais. Pessoalmente muitos acham que ser ético é ser ingênuo, bobo, compreensão que é um passo para a corrupção, e nas instituições transparece a dissimulação, conchavos e interesses escusos, onde, por exemplo, alguns que foram eleitos para zelar pelo bem público fazem falcatruas, tiram o pão da boca do pobre, usam irregular e criminosamente verbas sociais, em especial da área da saúde, para benefício próprio(a raposa tomando conta do galinheiro?). Então acontece essa crise moral que vivemos, ou melhor, que somos vítimas, em nosso país e também nas relações internacionais. Estamos vendo alguns países imperialista invadirem países em nome da liberdade e da democracia, quando na verdade o que querem é a riqueza daquele país. Então é urgente um choque de moralidade e ética, e esse trabalho precisa ser feito a começar de cada um, não dá para esperar acontecer por decreto.
Gilvan Almeida

sábado, 10 de maio de 2008

A paz


Já acreditei que um dia a paz chegaria por decreto, após uma revolução bem sangrenta, onde seriam eliminados todos os exploradores do povo, especialmente os de colarinho branco e entreguistas das riquezas nacionais.

O tempo, as muitas derrotas e as poucas, mas valiosas, vitórias, me trouxeram a sábia e benéfica desilusão, que me fez ver que a verdadeira paz não será feita tal qual se faz com receita de bolo, e não será comandada pelo Estado ou por um grupo político.

Não deixei, no entanto, de lutar por um mundo melhor e mais justo, e continuo a me indignar com a corrupção; com o “jeitinho brasileiro” de se ludibriar o que é correto; com as injustiças sociais; com a desigualdade econômica e as novas formas de exploração e escravidão, mas hoje, menos ingênuo e idealista, e com um pé mais dentro da realidade, acredito que a paz nascerá dentro de cada um, a partir do trabalho de auto-conhecimento e da reforma íntima de pensamentos, sentimentos, atitudes e relacionamentos, que conduzirão a uma maior consciência de si e do mundo em que vivemos.