terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O tesouro mais precioso - Feliz 2011 !!!

Passei alguns dias procurando uma mensagem que pudesse sintetizar meus votos e sentimentos para os leitores deste blog no Ano Novo. Encontrei-a na essência desta pequena história “O tesouro mais precioso”.
Que em 2011 vocês encontrem dentro do coração, e reconheçam que estão encontrando, para poderem bem valorizar, o mais fino e perfeito Amor, a si e ao próximo.
Feliz 2011 !!!

Gilvan Almeida


O tesouro mais precioso

Uma mulher velha e sábia fazia uma viagem através das montanhas quando, no leito do rio, encontrou uma pedra preciosa. No dia seguinte, continuando seu caminho, deparou-se com um viajante que tinha fome e, para atender o seu pedido de ajuda, a mulher abriu a bolsa para dividir com ele sua comida.
O homem deslumbrou-se com a visão da pedra e pediu à mulher que lhe desse de presente. Sem hesitar, ela lhe entregou a jóia. O viajante se foi, rejubilando-se por sua sorte. O tesouro poderia garantir-lhe segurança para toda a vida.
Mas, alguns dias depois, ele voltou à procura da mulher. Ao encontrá-la, entregou-lhe a pedra, dizendo:
-"Pensei muito e sei bem o valor desta pedra, mas venho devolvê-la. O que quero é algo muito mais precioso. Se for possível, me dê o que está dentro de você e que a fez capaz de me entregar um tesouro como esse."

Fonte: The best of bits & pieces
Livro: Histórias para Aquecer o Coração 2
Autor: Jack Canfield e Mark Victor Hansen
Editora: Sextante
www.metaforas.com.br

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Feliz Natal 2010 !!!


Feliz Natal 2010.
Que o aniversariante seja lembrado, e Dele recebamos a Luz, a Paz e o Amor.
Gilvan Almeida

domingo, 12 de dezembro de 2010

Menos Maquiavel e mais Confúcio como filosofia de governo.


Uma contribuição aos novos governantes do Acre e do país: menos Maquiavel e mais Confúcio como filosofia de governo.

Pouco acredito na possibilidade de ver, um dia, em nosso país, a política partidária caminhar, verdadeira e continuamente, lado a lado com a ética e a justiça, e a serviço da coletividade, conforme, nas origens, a democracia era praticada. A seguir coloco cinco significados da palavra Democracia encontrados no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Você se sente vivendo em um sistema assim? Eu não vejo isso em nosso país:
1. Governo do povo; governo em que o povo exerce a soberania.
2. Sistema político cujas ações atendem aos interesses populares.
3. Governo no qual o povo toma as decisões importantes a respeito das políticas públicas, não de forma ocasional ou circunstancial, mas segundo princípios permanentes de legalidade.
4. Sistema político comprometido com a igualdade ou com a distribuição equitativa de poder entre todos os cidadãos.
5. Governo que acata a vontade da maioria da população, embora respeitando os direitos e a livre expressão das minorias.
Sei que ainda não temos um sistema político melhor que o atual, onde precisamos fazer um esforço muito grande para escolher o candidato menos ruim para votar (ainda bem com honrosas exceções). O descrédito nos políticos é quase total. Poucos deles agüentam “15 minutos” de investigação de suas vidas públicas, e o sistema democrático continua essa farsa, onde o povo faz de conta que elege os seus representantes e estes fazem de conta que representam o povo. Acompanhando as legislaturas fica fácil ver que os verdadeiros “donos do poder” são os financiadores das campanhas da maioria dos parlamentares, reunidos nos conhecidos lobbies – das construtoras; da indústria médica e farmacêutica; dos produtores de bebidas alcoólicas e do tabaco; do agronegócio e de outros setores capitalistas internacionais, e, até mesmo, da cada vez mais próspera “indústria da fé”.
Procuro compreender o que se passa na cabeça do povo e dos políticos, para entender quais são os valores que norteiam o voto do eleitor e a prática política dominante. O povo, cada vez mais, é vítima da ilusão midiática que a publicidade cria para “vender” os candidatos, e, ao mesmo tempo, alguns eleitores aproveitam e vendem seus votos por ínfimas quantias em dinheiro ou por pequenos favores. Os políticos, quase todos desprovidos de qualquer ideologia política, querem se dar bem, enriquecer, e, embora a maioria não tenha cultura para saber, utiliza para isso, alguns dos ensinamentos de Nicolau Maquiavel (1469 -1527), filósofo italiano considerado o fundador do pensamento e da ciência política moderna. Destaco de sua obra prima O Príncipe, três frases que mais percebo na base da prática política brasileira:
- “Poucos vêem o que somos, mas todos vêem o que aparentamos.”
- “São tão simples os homens e obedecem tanto às necessidades presentes, que quem engana encontrará sempre alguém que se deixa enganar.”
- "Os fins justificam os meios."
Proponho, neste post, um recuo no tempo e a observação do pensamento de Confúcio, sábio que viveu na China Antiga, e traçou um modo de viver e governar com base na filosofia, na moral, na ética e no respeito aos deveres e direitos.

Gilvan almeida

Confúcio (550 – 479 antes de Cristo) é provavelmente o maior filósofo da história chinesa, e também um dos filósofos mais estudados na história da humanidade. Sua obra, composta por ensinamentos e interpretações, foi transmitida através de gerações, e vem orientando e influenciando quase todos os aspectos da sociedade chinesa por milhares de anos. (...) Em seus elementos básicos, o pensamento confuciano é um guia para os valores morais e para a conduta social apropriada. Ser justo e de elevado caráter moral era responsabilidade do governante, o que por sua vez capacitaria o povo a seguir seu exemplo.
Confúcio defendia a idéia de reciprocidade e governo responsável. O paradigma do pensamento confuciano é que não deveríamos fazer aos outros aquilo que nos desagrada (Regra de ouro da ética). Com essa idéia veio a defesa do governante benevolente: se o governante ou sábio estiver simplesmente no uso do poder, o povo o seguirá; do contrário, será derrubado.
O confucionismo foi falsamente rotulado como uma religião. Na realidade, configurou-se como um sistema de pensamentos e ritos sociais preocupado com as necessidades da sociedade chinesa e seus relacionamentos sociais. (...) Os ensinamentos de Confúcio eram também considerados perigosos, e governantes temiam que o povo se rebelasse.
(...) Confúcio defendia cinco qualidades básicas: benevolência, probidade, decoro, sabedoria e honestidade. Entre elas, a benevolência era considerada a pedra fundamental, englobando lealdade, piedade filial, tolerância e bondade.
Textos essenciais do pensamento confuciano, registrados e compilados por muitas gerações de discípulos: Os analectos, O grande aprendizado, A doutrina do método e O livro de Mêncio.

Selecionei alguns dos ensinamentos deste grande Mestre, voltados especialmente aos servidores de cargos públicos:

1. Sobre como corrigir erros:
- “Não corrigir o erro que alguém cometeu é errar também.”
- “Nunca receie corrigir erros que cometeu.”
2. Sobre como se portar em sociedade:
- “Um cavalheiro dá ajuda aos necessitados, não aos ricos.”
- “Quem ama pessoas é amado por outras; quem menospreza pessoas é menosprezado por outras.”
3. Sobre governar:
- “Governar é ser justo e probo. Se o governante é justo e honesto, quem não haverá de seguir-lhe o exemplo?”
- “A coisa mais importante em governar é ganhar o apoio do povo.”
- “Aquele que sabe como ser um servidor público obedece à lei e pratica boas ações; o que não sabe como ser um servidor público faz o contrário.”
- “Quem é bom servidor público contrata a graça; quem não o é, contrata o ódio.”
- “Estabeleça um bom exemplo para os subordinados, perdoe os erros menores e promova os talentosos.”
- “Avalie um cavalo ao observá-lo puxar a carroça. Avalie uma pessoa ao observar seu comportamento cotidiano.”
- “Conduza o povo com o maior cuidado, como se conduzisse um cavalo a galope com a rédea rompida.”
- “Quando pessoas íntegras são promovidas e pessoas más dispensadas, o público obedece. Caso contrário, desobedece.”
- “Primeiro torne o povo rico. Depois, educado. Isso é essencial para governar um Estado.”
- O duque Ai perguntou: “O que devo fazer para que o povo me admire? Confúcio respondeu: “Promova os homens corretos e coloque-os acima dos desonestos, e o povo o admirará. Promova os homens desonestos e coloque-os acima dos homens corretos, e o povo não o admirará.”
- Chi K’ang perguntou: “Como se pode inculcar no povo a virtude da referência, de dar o melhor de si e com entusiasmo? O Mestre disse: “Governe-o com dignidade e o povo será reverente; trate-o com bondade e o povo dará o melhor de si; promova os homens bons e eduque os mais atrasados, e o povo ficará tomado de entusiasmo”.
- “Enquanto o cavalheiro acalenta o bom governo, o homem vulgar acalenta sua terra natal. Enquanto o cavalheiro acalenta respeito pela lei, o homem vulgar acalenta um tratamento generoso”.
- “Se as ações de alguém são guiadas pelo lucro, esse alguém provocará muitos ressentimentos”.
- “O cavalheiro entende o que é moral. O homem vulgar entende o que é lucrativo”.
- “Na antiguidade, os homens relutavam em falar. Isso porque consideravam vergonhoso se não conseguissem ser fiéis às suas palavras”.

Fontes:
1. Sobre Confúcio:
- Livro Aprendendo a viver com Confúcio.
Compilado por Kuijie zhou.
- Livro Os analectos.
2. Sobre Maquiavel: internet

sábado, 4 de dezembro de 2010

Medo de viver e o tempo perdido

Gosto de encontrar tempo para filosofar e discutir a existência com alguns poucos amigos e amigas que têm disposição para isso. Somos tão ocupados nesta vida de muito trabalho, corrida cotidiana atrás da sobrevivência e contas a pagar. Algumas vezes lanço “provocações”, via e-mail, para ver o que acontece. Quase sempre colho resultados saborosos de vivências, compreensões e o afloramento de sentimentos bonitos que ampliam os laços de amizade. Como fiz com estas duas amigas, quase quarentonas.

Gilvan almeida

Meninas:

Relendo uma carta que mandei a uma amiga de São Paulo, encontrei este trecho e lembrei de vocês, ao mesmo tempo em que pensava naquele velho ditado: "quem avisa amigo é..." risos: "... o tempo passa mais rápido após os 18 e voa após os 40 anos...." Mas não tenham medo, aos 52 já descobri que existe vida após os 40, que pode ser época especial de mais agudeza na busca da qualidade, em tudo. Tornamo-nos mais exigentes, e com muito mais coragem de dizer o que pensamos, sentimos e queremos. Digo-lhes já: aproveitem mais a vida. Usufruam mais do viver, em todos os sentidos. Mais na frente você compreenderão melhor isto que digo. Não deixem que aconteça com vocês o que aconteceu com a Carolina, de Chico Buarque, já que, para ela: "... o tempo passou na janela, só Carolina não viu..." risos do tio un poco más vivido.. E espero continuarmos ainda por muitas décadas esta nossa amizade tão gostosa, telúrica e sideral ao mesmo tempo.

Uma amiga disse: (...) Quando descobri que queria viver TUDO (bem ao modo sagitariano, avassalador e intenso!!!!! - uma delícia - entrei em crise (também foi bom)). Na época tinha 28 anos, e uma decisão de VIVER, com mais diplomacia, mas viver, dizendo o que sentia, me permitindo "sentir o que sentia" (entendem?). Nessa trajetória medos, culpas, angústias, muita solidão. Mas descobri uma certeza: quero ficar velhinha e sorrir, olhar o tempo e sentir satisfação, e poder dizer: VIVI.
Mas hoje, as coisas estão mais acomodadas dentro de mim, talvez como reflexo de um pouco mais de paz e auto-satisfação, e sou grata pelo que já me construí; gosto mais do que sou em distintos aspectos, e vejo que ainda quero melhorar em muitos outros....
A tal coragem de falar o que PENSO, sob alguns ângulos me assusta, visto que mesmo com esse ingrediente (a coragem), que imagino tê-lo, o desafio é falar, aliás, não só falar, mas saber: quando, a hora, o lugar, o clima e o tom certo de falar (risos). Preciso aprender mais isso, inclusive, aceito auxilio.
Amigos: que venham mais décadas de convívio entre nós. Muito legal vocês se expressando mais, dizendo o que sentem no sentido de nossa amizade; é isso ai o tempo é AGORA.

Outra amiga disse: Tio amado do meu coração! (adorei o tio!), estou numa crise danada quanto a este assunto! Eu já estou com medo!
Putz, parece que os sintomas agem precocemente em mim! (risos). Os cabelos brancos estão chegando com uma satisfação que não estou entendendo! :) Uma sensação estranha da vida estar passando e eu sem saber meu lugar?! (se é que se tem um lugar). Sei não ... tempo de uma consulta para verificação das "emergências espirituais" .

Só hoje consegui ler os e-mails de vocês. Muita coisa boa, cutucadinhas básicas em um dos pontos mais frágeis do Gilvan, ou melhor, de quase todo ser humano: medos...risos. São tantos, né? Medo de mudar, de ser, de ficar, de ir, de ser deixado, de deixar, de morrer, de viver (incrível, mas verdade, medo de viver), de desagradar, de ser abandonado, de incomodar, de confiar e ser traído, de perder o amor das pessoas, de ser humilhado, de passar fome, de demonstrar sentimentos, de chorar em público, de ser criticado, e tantos outros. Quantas pessoas deixam de viver (não vivem, apenas existem, como diz o escritor Oscar Wilde), por medo de sofrer, de perder o objeto de seu amor, de se expor e de ousar. Quanta covardia existencial como pano de fundo da infelicidade e das doenças físicas e psicológicas.
Aliás, o que é mesmo viver? Acredito que cada ser humano tem uma definição própria, de acordo com a idade e o tamanho da busca e dos horizontes. Viver com responsabilidade por seus próprios pensamentos, sentimentos e atos dá muito trabalho e exige coragem, esforço constante, superação de limites. Nem todos querem isso, e, para a maioria, é melhor fugir, “tocar a vida com a barriga”. Dá medo olhar para si e se perguntar: “é esta a vida que eu queria para mim? Estou vivendo o que sonhei?" As respostas, às vezes, são cruéis.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Não esqueçamos: ainda tem gente passando fome no Brasil.

O Governo Federal e a mídia menos desonesta mostram a toda hora o crescimento econômico do país nesta primeira década do século XXI. Desde criança ouço falar que o Brasil é o país do futuro, e eu não via o desenvolvimento chegar à maioria da população. Acredito que agora o futuro realmente está chegando. Êxitos estão sendo alcançados na economia, na saúde pública, na qualidade de vida, nas liberdades democráticas.
Apesar de sermos um dos países mais injustos com sua população, já há redução nas diferenças sociais, mas não devemos nos esquecer que ainda há muita gente passando fome; os índices de doenças preveníveis ainda são altos; a mortalidade infantil, apesar da melhora nos níveis, ainda é alta, quando comparada com os índices de Cuba e dos países desenvolvidos.
Ainda há muito a ser feito para que possamos chegar, um dia, a um pleno estado de justiça social, e não podemos deixar que o oba-oba do consumismo, que toma conta do país, anestesie nossa consciência e faça nos esquecer dos nossos milhões de famintos.
O artigo abaixo foi publicado hoje na UOL.

Gilvan Almeida
Cerca de 30% dos domicílios brasileiros sofrem com algum grau de restrição alimentar
Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo

Aproximadamente 30% dos domicílios brasileiros não têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente. É o que mostra levantamento suplementar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgado nesta sexta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A pesquisa, relativa a 2009, analisou 58,6 milhões de domicílios particulares no país. Desse total, 17,7 milhões (30,2%) apresentam algum grau de insegurança alimentar, o que representa um total de 65,6 milhões de pessoas. Em 2004, a proporção era de 34,9%.
Entre esses domicílios mencionados acima, 18,7% (ou 11 milhões de lares) apresentam situação de insegurança alimentar leve; 6,5% (3,8 milhões) moderada, e 5% (2,9 milhões) grave. Ao todo, 11,2 milhões de pessoas relataram ter passado fome no período investigado.
Em 2004, as prevalências de domicílios com moradores em situação de insegurança alimentar leve, moderada e grave eram, respectivamente, 18%, 9,9% e 7%. Ou seja, houve redução dos percentuais de restrição moderada e grave.
A pesquisa mostra que a prevalência de insegurança alimentar é maior na área rural do que na urbana. Enquanto 6,2% e 4,6% dos domicílios em área urbana apresentavam níveis moderado e grave, respectivamente, na área rural as proporções foram de 8,6% e 7%.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A lei Maria da Penha em cordel

Maria da Penha

A lei Maria da Penha em cordel

Por Tião Simpatia*

I
A Lei Maria da Penha
Está em pleno vigor
Não veio pr’a prender homem
Mas pr’a punir agressor
Pois em “mulher não se bate
Nem mesmo com uma flor”.
II
A violência doméstica
Tem sido grande vilã
Por ser contra a violência
Desta lei me tornei fã.
Pr’a que a mulher de hoje
Não seja vítima amanhã.
III
Toda mulher tem direito
A viver sem violência
É verdade, tá na lei.
Que tem muita eficiência
Pr’a punir o agressor
E à vítima, dar assistência.
IV
Tá no artigo primeiro
Que a lei visa coibir;
A violência doméstica
Como também, prevenir;
Com medidas protetivas
E ao agressor, punir.
V
Já o artigo segundo
Desta lei especial
Independente de classe
Nível educacional
De raça, de etnia;
Opção sexual...
VI
De cultura e de idade
De renda e religião
Todas gozam dos direitos
Sim, todas! Sem exceção.
Que estão assegurados
Pela Constituição.
VII
E que direitos são esses?
Eis aqui a relação:
À vida, à segurança.
Também à alimentação
À cultura e à justiça
À Saúde e educação.
VIII
Além da cidadania
Também à dignidade
Ainda tem moradia
E o direito à liberdade.
Só tem direitos nos “As”,
E nos “Os”, não tem novidade?
IX
Tem direito ao esporte
Ao trabalho e ao lazer
E o acesso à política
Pr’o Brasil desenvolver
E tantos outros direitos
Que não dá tempo dizer.
X
A Lei Maria da Penha
Cobre todos esses planos?
Ah, já estão assegurados
Pelos Direitos Humanos
A lei é mais um recurso
Pr’a corrigir outros danos.
XI
Por exemplo: a mulher
Antes da lei existir,
Apanhava, e a justiça
Não tinha como punir
Ele voltava pra casa
E voltava a agredir.
XII
Com a lei é diferente
É crime naceitável.
Se bater, vai pr’a cadeia!
Agressão é intolerável.
O Estado protege a vítima
Depois pune o responsável.
XIII
Segundo o artigo sétimo
Os tipos de Violência
Doméstica e Familiar
Pois tem na sua abrangência
As cinco categorias
Que descrevo na seqüência.
XIV
A primeira é a Física
Entendendo como tal
Qualquer conduta ofensiva
De modo irracional
Que fira a integridade
E a saúde corporal...
XV
Tapas, socos, empurrões;
Beliscões e pontapés
Arranhões, puxões de orelha;
Seja um ou sejam dez
Tudo é violência física
E causam dores cruéis.
XVI
Vamos ao segundo tipo
Que é a Psicológica
Esta merece atenção
Mais didática e pedagógica
Com a auto-estima baixa
Toda a vida perde a lógica.
XVII
Chantagem, humilhação;
Insultos; constrangimento;
São danos que interferem
No seu desenvolvimento
Baixando a auto-estima
Aumentando o sofrimento.
XVIII
Violência Sexual
Dá-se pela coação
Ou uso da força física
Causando intimidação
E obrigando a mulher
Ao ato da relação...
XIX
Qualquer ação que impeça
Esta mulher de usar
Método contraceptivo
Ou para engravidar
Seu direito está na lei
Basta só reivindicar.
XX
A 4ª categoria
É a Patrimonial:
Retenção, subtração,
Destruição parcial
Ou total de seus pertences
Culmina em ação penal.
XXI
Instrumentos de trabalho
Documentos pessoais
Ou recursos econômicos
Além de outras coisas mais
Tudo isso configura
Em danos materiais.
XXII
A 5ª categoria
É Violência Moral
São os crimes contra a honra
Está no Código Penal
Injúria, difamação;
Calúnia, etc e tal.
XIII
Segundo o artigo quinto
Esses tipos de violência
Dão-se em diversos âmbitos
Porém é na residência
Que a violência doméstica
Tem sua maior incidência.
XXIV
Quem pode ser enquadrado
Como agente/agressor?
Marido ou companheiro
Namorado ou ex-amor
No caso de uma domestica
Pode ser o empregador.
XXV
Se por acaso o irmão
Agredir a sua irmã
O filho, agredir a mãe;
Seja nova ou anciã
É violência doméstica
São membros do mesmo clã.
XXVI
E se acaso for o homem
Que da mulher apanhar?
É violência doméstica?
Você pode me explicar?
Tudo pode acontecer
No âmbito familiar.
XXVII
Nesse caso é diferente
A lei é bastante clara.
Por ser uma questão de gênero
Somente a mulher ampara
Se a mulher for valente
O homem que livre a cara.
XXVIII
E procure seus direitos
Da forma que lhe convenha
Se o sujeito aprontou
E a mulher desceu-lhe a lenha
Recorra ao Código Penal
Não à Lei Maria da Penha.
XXIX
Agora, num caso lésbico;
Se no qual a companheira
Oferecer qualquer risco
À vida de sua parceira
A agressora é punida;
Pois a lei não dá bobeira.
XXX
Para que os seus direitos
Estejam assegurados
A Lei Maria da Penha
Também cria os Juizados
De Violência Doméstica
Para todos os Estados.
XXXI
Aí, cabe aos governantes.
De cada federação
Destinarem os recursos
Para implementação
Da Lei Maria da Penha
Em prol da população.
XXXII
Espero ter sido útil
Neste cordel que criei
Para informar o povo
Sobre a importância da Lei
Quem agride uma Rainha
Não merece ser um Rei.
XXXIII
Dizia o velho ditado
Que “ninguém mete a colher”.
Em briga de namorados
Ou de “marido e mulher”
Não metia... Agora, mete!
Pois isso agora reflete
No mundo que a gente quer.

* Tião Simpatia é repentista, cantor e compositor. Amigo e parceiro de Maria da Penha, utiliza-se da música, do repente e da literatura de cordel para ajudar a divulgar a Lei Maria da Penha. Conheça mais do trabalho de Tião acessando o www.tiaosimpatia.com.br e http://tiaosimpatia.blogspot.com.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Intolerância à frustração

Gostaria muito de saber como foi a criação dada pelos pais a este ser humano responsável por tão grave atentado à dignidade e à vida desta professora. Como terão sido os exemplos relacionados à boa resolução de conflitos, à necessidade do respeito às autoridades e aos mais velhos, aos limites que a vida em sociedade nos exige, e ao assumir as responsabilidades pelo que pensamos e fazemos? Tal qual este aluno, há uma geração de pessoas intolerantes à frustração, que não admitem receber um não, pois não o receberam quando crianças, fruto de uma criação permissiva, onde pais ausentes tentavam compensar suas incompetências e culpas na educação com presentes e realizações de todos os desejos dos filhos. Ao crescerem eles exigem do mundo o que os pais faziam para eles.

Gilvan Almeida

Aluno quebra os braços e 6 dentes de professora no Rio Grande do Sul
Agência Estado
12/11/2010

Uma professora de uma escola técnica em Porto Alegre (RS) teve os dois braços e seis dentes quebrados após ser espancada por um aluno do curso de enfermagem que ficou revoltado por ter tirado uma nota baixa. O caso ocorreu na última terça-feira.
Após tomar conhecimento de sua nota, o rapaz utilizou uma cadeira de ferro para agredir a professora, de 57 anos. Os braços dela foram atingidos no momento em que tentou se defender. Mesmo depois de ela ter desmaiado, o estudante, que é instrutor de artes marciais, desferiu socos e chutes, quebrando os dentes da professora. Ao perceber a chegada de duas professoras, o aluno decidiu fugir.
O delegado Fernando Soares, que investiga o caso, disse que um segurança e o porteiro do prédio ainda tentaram deter o agressor mas não conseguiram. O estudante, de 25 anos, ainda não foi localizado pela polícia.

sábado, 6 de novembro de 2010

Servir


Graças a Deus, e ao esforço pessoal, meu coração tem se mantido sensível ao sofrimento humano, apesar do mundo globalizado e egoísta em que vivemos. Sei que nenhum ser humano é o responsável por todas as mazelas que existem, mas isto não nos dá o direito de assumir uma postura neutra ou omissa perante a dor de uma pessoa, não nos exime de dar a nossa contribuição na busca de um mundo melhor. Meu encontro cotidiano com pessoas famintas de alimentos, de justiça, de apoio, de saúde, muitos com vida pior que a vida de “cachorros de madame”, renova-me a disposição de servir e de continuar a luta por uma sociedade mais digna e justa. Dói e envergonha-me viver em uma cidade, em um país, onde encontro pessoas que me procuram para tratar sintomas de fome com medicamentos, como se fosse uma doença física, como hoje, que atendi uma senhora de 65 anos, portadora de transtorno mental, desnutrida, com queixas de fraqueza, tontura, dor de cabeça, que teve a última e escassa refeição ontem ao meio dia. Frente a tal situação, o que fazer? O que você faria?
Precisamos ser mais solidários e compartilhar mais o que somos e temos. Uma antiga canção do cantor José Augusto, chamada “Luz da Paz”, dizia: “...o que sobra pra nós, é banquete pra alguns...” Lembremo-nos sempre disto e reafirmemos o compromisso de nunca ficarmos indiferentes à tristeza, ao abandono, às doenças, à solidão e à fome de muitos que nos rodeiam.


Gilvan Almeida

PS: Até onde consigo me perceber, não cultivo a ilusão de ser melhor que ninguém. Considero-me igual a todos: carente, imaturo, ignorante em muitos dos reais ensinamentos da vida. Estou apenas procurando fazer a minha parte, igual ao beija flor conduzindo água no bico, para apagar o incêndio na floresta.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Diálogo sobre as crises

Faz parte de minha vida lidar com as crises, sejam aquelas que vivo, como ser humano, como também com as das pessoas que me procuram como profissional e/ou amigo. Frente a este desafio cotidiano, busco capacitar-me, técnica e filosoficamente, para melhor auxiliar as pessoas na condução, alívio e libertação de suas dores físicas e existenciais.
Costumo arquivar frases, textos e artigos que gosto e vejo que podem ampliar o conhecimento sobre o ser humano. Também guardo e-mails com temas interessantes, para que mais na frente possa relê-los, e até mesmo escrever algo para publicar no blog, como faço com estes sobre as crises, que tive com uma amiga da Bahia. Coloco a seguir alguns trechos.
V.
Peço-lhe que complemente este meu pensamento: “Quem verdadeiramente se olha, vive de crise em crise, com intervalos de tranqüilidade. Mas há os que entram e saem das crises sem entenderem o que viveram e nada aprendem. Não procuram e, conseqüentemente, não encontram significado no que aconteceu, e deixam de aprender lições valiosas para o amadurecimento. E o que é pior: lição não aprendida conduz à necessidade de repetição. É assim na Escola e é assim na Vida”. Que tal o desafio? risos.

Gilvan Almeida

Bom desafio...risos... Mas vou tentar... Primeiro vou lembrar como mergulhei em umas das minhas crises, que são freqüentes, diga-se de passagem, e como saí delas: de vez em quando volto a visitá-las (risos).
Primeiro, o mergulho nesse oceano que somos nós é desconhecido, assusta e muito! É preciso coragem, muita coragem, pra se ver e entender qual a mensagem que precisamos aprender, mesmo porque a gente conhece apenas a nossa superfície. A gente tem a vida inteira pra brincar de se esconder de si mesmo, evitando esse encontro consigo, e mesmo quando a vida marca, nem todos vão a esse encontro, que geralmente acontece nas crises. Encontro não para nos enquadrarmos no que é o esperado pelos outros, mas se apenas olharmos no que há por detrás das máscaras que utilizamos para sobreviver emocionalmente, já é de bom tamanho. Se a gente se olha, com certeza tem muito a conhecer, assusta, mas a cura chega exatamente assim: primeiro duvidamos de nós mesmos, será que vale a pena me ver? Pra quê? O que vou encontrar ? Não é melhor acomodar e culpar a própria vida em ser assim: do jeito que é? ou fantasiar um final feliz, um contrato assinado ou um projeto que nos garanta esse final feliz? ,Hoje acredito que "não vale a vida sem ser examinada", pois assim não há crescimento.
Aí eu penso: A nossa resposta fica num lugar sombrio, e "é precisamente a solidão que nos permite que nossa qualidade única se desenvolva." As respostas estão ali, a gente sempre sabe, mas o mais fácil é fugir (sou especialista nisso...rsss).
Quanto aos “intervalos de tranqüilidade”, adorei essa colocação, pois se não tivermos esse prêmio, a tranqüilidade, ainda que passageira, a gente pirava de vez. Mas, o que traz a tranqüilidade? É o doloroso mergulho no inferno interior, onde podemos conhecer as chamas das nossas fragilidades, ilusões e medos, fatores que propiciam as crises? Eu acho que sim, pois aí as certezas que encontraremos, nos trarão o sentido verdadeiro e, conseqüentemente, a consciência e a força necessárias para que possamos construir a cura, os novos sentimentos, a nova vida. É como uma viagem exaustiva, quando voltamos à tona, a sensação de bem estar acontece. Respira-se melhor, com mais consciência e auto-aceitação, vendo e se conformando com as próprias limitações, com a superação da fase de culpar os outros por nossos dramas.
Vou aprofundar mais esse assunto, tirar de meu coração e de minha experiência, pois ele é extenso demais, é o que move todo ser humano em busca do sentido da vida. Logo, é universal!

Quando nos conhecemos eu estava em um período de leve melhora de uma crise existencial. Depois a coisa piorou novamente. Agora estou bem melhor, já vendo um pouco mais perto o túnel onde sei que há uma luz no fim. Ainda não entrei nele. Risos.
Muitas vezes vejo em mim estas palavras de Nietzsche, contidas no livro Assim falou Zaratustra: "Alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não obstante, conseguem libertar seus amigos."
Bom saber que você está com um domínio maior sobre os problemas. Nas crises este domínio é fragilizado e quase sempre perdido, e assim é que podemos exercitar o que aprendemos em teoria sobre como viver a vida, como encarar e superar os problemas e não submergir na tristeza paralisante, entregar-se e adoecer, morrer em vida, como muitos mortos-vivos que conheço.
Quanto ao que ainda está precisando melhorar experimente acrescentar isto: não lute contra o que está totalmente fora de sua governabilidade. Conforme-se e guarde suas energias e bem estar para transformar o que está sob a sua governabilidade, que você tem o poder de mudar.

Que bom saber dessa nova fase de encontro consigo mesmo, com mais honestidade e mais amor por você mesmo. A crise passa, não precisa lutar contra ela pois assim ela fica forte e resistente. Tenha o máximo de respeito por ela, para não cair em situações que a tornaria mais grave. Com certeza essa frase que você escreveu é uma brisa que vem do mar, como uma música que lhe leva além do horizonte. Lembre-se que é um compromisso de amor com você.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Gente estranha

Neste estranho planeta, há pessoas muito estranhas, umas conhecidas, que conseguem dizer com arte suas estranhezas, outras anônimas, e que também dizem com grande beleza o que vêem e sentem. Tenho o prazer de conviver com algumas delas, tanto real, quanto virtualmente. Aprendo muito com essa gente, que procura dizer e viver corajosamente a sua ideologia, seus sonhos e formas de ser e ver o mundo. Elas conseguem enxergar o belo e o essencial onde a maioria nada vê, mesmo nas dores, e têm coragem suficiente para assumirem a si mesmas, mesmo sabendo do peso social que são obrigadas a carregar. E como elas incomodam... Por isso são discriminadas e segregadas, porque revelam muito da hipocrisia social, do falso moralismo, das máscaras sociais, da cultura de manada que é imposta pela mídia a serviço da classe dominante, onde pouco cabem a autenticidade e a sinceridade. Ao longo dos séculos, alguns desses estranhos já chegaram a pagar com a vida, o preço pela ousadia de serem diferentes. A seguir alguns trechos do que pensam alguns destes ETs.

Gilvan almeida


1. “É, realmente você me conhece, me sinto uma estranha nesta terra que me faz reclusa de mim mesma, com medo até de falar, me expor, sinto muitas vezes e agora mais que nunca (pela idade chegando...) as pessoas me olham como se não me enxergassem, como se meu discurso fosse de doido mesmo! (risos). Minhas observações e forma de pensar são fora do bando... não têm aplausos do público porque estou fora da boiada.....um bezerro que se perdeu pra se achar (risos)...estou filosófica.
Mas na minha nova fase, e eu sempre me proponho a novas fases (nem sempre cumprindo esse projeto...), penso realmente em me expor menos, pois nem posso dar boas risadas porque incomoda sempre alguém... amigos que perderam a originalidade. Acho que é isso.
A saudade? Tenho de minha tribo. Sinto muita vontade de me sentar por longas horas e conversar sem preconceitos ou falsos discursos. Ser livre na forma de ser sem me preocupar com olhares inquisitórios. Saudades tenho do Fernão Capelo gaivota, me sinto como ele. Aí sim, meu retrato.. querendo fazer os outros verem o que eles não conseguem ver, e eu passo mesmo de doida diante dos atônitos olhares.....” Amiga

2. "O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade ... sei lá de quê". Frase da poetisa portuguesa Florbela Espanca.

3. “Meus pais se separaram quando eu tinha 14 anos, e a vida me convidou para novas posturas. Algo que me machucava muito na época era uma música que não saia da minha cabeça "...minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais...". Não podia crer que meu futuro estava determinado a ser igual "àquilo". Vem então aos meus ouvidos o mestre Raul Seixas dizendo: "eu prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo!" Ainda assim, a dualidade me acompanhou até os 30 anos! Nossa! Aos 30 "rasguei"as roupas e máscaras vestidas para me sentir aceita, especialmente por mim mesma! Penso que esta é a etapa mais dolorosa. Olhar para si mesmo - sem falsas desculpas e se encarar! Aos 32 - LIBERDADE! Aprendi a falar “não quero”, “não vou”, “se me pegar assim não dou”(risos), e neste momento estou em namoro comigo mesma. O período da culpa, da dor, da raiva, mandei, com carinho, "tomar no cu"!” Amiga

4. “Há que ser religioso e profano. Reunir o misticismo de uma severa catedral gótica com a maravilha da Grécia pagã. Ver tudo, sentir tudo. Na eternidade teremos o prêmio por não haver tido horizontes.(...) Estamos num lago asfixiante de vulgaridade e sobre ele quero que minha caravela fantástica vá até o templo do Magnífico com as velas infladas de neve e de sol. Eu sou como uma ilusão antiga feita de carne e ainda que meu horizonte se perca em crepúsculos formidáveis de enamoramentos, tenho uma corrente como Prometeu e me custa muito trabalho arrastá-la...em vez de águia, uma coruja me rói o coração. (...)” Garcia Lorca, poeta espanhol.

5. Balada do louco
Composição: Arnaldo Baptista / Rita Lee

Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz

Caso queira, veja e ouça a Rita Lee cantando esta música: http://www.youtube.com/watch?v=bK3WnsAge9U

sábado, 16 de outubro de 2010

Dilma e a Fé Cristã


Por falta de consistência ideológica, ética e programática, a oposição lançou, em larga escala, a maledicência político-eletrônica como forma de conquistar o poder. Para isto, dentre outras estratégias, vem se utilizando de uma parcela da população que tem acesso à internet para reproduzir e divulgar dados inverídicos, preconceituosos e caluniosos contra determinados candidatos e partidos, especialmente Dilma Roussef e o PT. Se não acompanhasse a política brasileira desde a década de 70, por exemplo, era sujeito eu já estar acreditando que antes do Governo Lula não havia corrupção em nosso país.
Não sou filiado a nenhum partido político e também não estou aqui dizendo que a coligação política, liderada pelo PT, que governa o Brasil, é composta por uma legião de anjos celestiais, pois já sei que onde há ser humano, há a corrupção.
Acompanho a vida pública (religiosa e política) de Frei Betto desde a ditadura militar, quando li seu livro Batismo de Sangue. Ele merece muito mais a minha confiabilidade que qualquer outro religioso, de qualquer credo, quanto ao tema do artigo a seguir.


Gilvan Almeida


Dilma e a fé cristã

Escrito pelo Teólogo FREI BETTO
11-Out-2010

Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência.
Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de “marxista ateia”. Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte. Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória - diria, terrorista - acusar Dilma Rousseff de “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos.
Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade. Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo.
Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que a árvore se conhece pelos frutos, como acentua o Evangelho.
É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.
Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto.…Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes…” (Mateus 25, 31-46).
Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcanc e de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.
Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.

Toda família tem o direito de ser feliz.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A quem a Justiça está servindo?

Em alguns post abordei temas impulsionado por um forte sentimento de indignação. Novamente é assim que me sinto, ao ver esta decisão judicial, neste artigo publicado hoje pelo jornal A folha de São Paulo. Daí o título deste post. A resposta eu já tenho. Qual a sua?

Gilvan Almeida

Justiça derruba alertas e vetos em propaganda de alimento gorduroso
Vanessa Correa
Colaboração para a Folha

Uma decisão da Justiça Federal suspendeu a resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que restringia a publicidade em alimentos com altos teores e açúcar, sódio e gorduras trans e saturadas.
A medida da Anvisa, expedida em junho, também determinava que, dentro de seis meses, peças de publicidade desse tipo de produtos teriam de veicular alertas sobre possíveis problemas à saúde: doenças do coração, pressão alta, obesidade e cárie.
A liminar (decisão provisória) foi emitida em 17 de setembro pela juíza Gilda Sigmaringa Seixas, da 16ª Vara Federal de Brasília, e será publicada nos próximos dias. Ainda cabe recurso.
A juíza entendeu que a Anvisa extrapolou, com o ato, as suas competências e os limites legais. "Não existe uma lei que faça esse tipo de restrição", diz Seixas. Atendendo a pedido do mercado publicitário, a AGU (Advocacia-Geral da União) já havia recomendado em 13 de junho a suspensão da resolução da agência.
Em comunicado à imprensa sobre a suspensão, a Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação) afirma que alimentos e bebidas não alcoólicas não constam da lista de produtos sujeitos às advertências em propaganda comercial definida pela Constituição.
A Anvisa diz que ainda não foi comunicada sobre a decisão e, por esse motivo, não iria comentá-la.

sábado, 25 de setembro de 2010

A caridade

Quando perceberes a bondade se aninhar em teu coração e surgir o desejo de servir, atendas, pois é a caridade chegando. Neste sagrado momento de sublimar o ego, compartilha os teus bens, materiais e espirituais, conduzindo esta luz sagrada que Deus nos envia, na intenção de unir os seus filhos. Se dás o que te sobra é um belo gesto. Se dás o que te pode faltar é mais belo ainda. Muitas vezes encontrarás carentes de pão, mas a carência é muito mais ampla. Com atenção e o coração desarmado perceberás que há carentes até de um olhar carinhoso, de uma mão amiga, de um ombro onde possam chorar as dores, de uma palavra que lhes traga a paz necessária.

Gilvan Almeida

A caridade segundo Emmanuel

“A caridade é o processo de somar alegrias, diminuir males, multiplicar esperanças e dividir a felicidade para que a Terra se realize na condição do esperado Reino de Deus.”
Emmanuel

Fonte: http://amigosdofreud.blogspot.com/
Picture by William-Adolphe Bouguereau

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sabedoria popular relacionada à Virgem Maria

Há um tempo encontrei estas duas belas poesias a respeito da Virgem Maria. Recentemente recebi de uma amiga esta imagem da Virgem grávida, que não conhecia. Gostei muito e compartilho.

Gilvan Almeida

1.O poeta Zé Limeira em um desafio com outro repentista, que lhe fez o seguinte desafio:
“ Amigo meu camarada
me tire desta esparrela,
como foi que a Virgem Maria
deu a Luz e ficou donzela? ”
Ele respondeu:
“ Como a Luz na vidraça,
que entra e sai sem bater nela,
assim a Virgem Maria
deu a Luz e ficou donzela.”

2.“ Conceição divina e bela,
recebeu Divina Graça,
que entrou e passou por ela,
como o sol pela vidraça. ”
(Oswaldo Xidieh, Narrativas Populares)

domingo, 12 de setembro de 2010

Sócrates e as eleições 2010

Em tempos de eleições parlamentares em nosso país, vejam a atualidade desta pequena história. Muitos políticos e marqueteiros acreditam que trazem idéias novas na “arte” de enganar o povo, mas apenas inovam as técnicas. O filósofo Sócrates (470 – 399 A.C.), viveu na Grécia Antiga, berço da democracia ocidental, e por desmascarar os poderosos da época foi condenado à morte.

Gilvan Almeida


“... Na Atenas antiga, quando um político procurava conquistar a classe trabalhadora apresentava-se humilde, numa capa esfarrapada. Sócrates desmascarava-o, exclamando: “Vê-se a vaidade através de cada buraco de sua capa."

Trecho do livro "O homem a procura de si mesmo”, de Rollo May

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pau d’arco branco

Há alguns anos admiro este pau d'arco branco, situado no Parque da Maternidade, atrás da Casa dos Povos da Floresta, perto de minha casa. E eu sempre pensando em fotografá-lo, mas o tempo de floração é muito curto (diferente do pau d’arco amarelo), por volta de cinco dias. A cada ano, quando eu conseguia um tempo para fotografá-lo, as flores já estavam todas no chão. Agora consegui. Vejam que beleza. Dê um clic sobre a imagem para vê-la com mais detalhes.

Gilvan Almeida

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Federico García Lorca: Pequeno poema infinito

Assisti, no teatro Plácido de Castro, Rio Branco-Acre, em março/2010, a peça Pequeno Poema Infinito, construída com palavras do poeta espanhol Federico Garcia Lorca, roteiro de José Mauro Brant e Antônio Gilberto, e estrelada por José Mauro Brant. Uma das melhores peças teatrais que já vi, graças a um conjunto harmônico de poesia, estética, cenário, iluminação, música, conteúdo literário e interpretação artística, pela qual Brant recebeu a indicação ao Prêmio Shell de melhor ator de 2007.
Grifei e coloquei, a seguir, os trechos que considerei mais marcantes do livro, hábito que tenho, para, sempre que surgir a vontade, ler novamente. É uma iniciação ao pensamento e à sensibilidade deste grande artista.

Gilvan Almeida

Federico García Lorca: Pequeno poema infinito

“O que lembro, tenho.” Guimarães Rosa

Prólogo

Todos os viajantes são distraídos. Por que empregar sempre a vista e não o olfato ou o paladar para estudar uma cidade? (...)

Infância

- As emoções da infância estão em mim. Ainda não saí delas. (...)

- Sou um pobre garoto apaixonado e silencioso que, quase como o maravilhoso Verlaine (O príncipe dos poetas da França – para os que não conhecem este poeta), tenho dentro uma açucena impossível de regar e apresento aos olhos bobos dos que me olham uma rosa muito encarnada, que não é a verdade do meu coração. (...) Meu tipo e meus versos dão a impressão de algo formidavelmente passional ... entretanto, no mais fundo da minha alma há um desejo enorme de ser bem menino, bem pobre, bem escondido. (...)

- Minha vida? Será que eu tenho uma vida? (...)

- Contar minha vida seria falar do que sou e a vida de uma pessoa é o relato do que se foi. As lembranças, até da minha mais longínqua infância, são em mim, apaixonado tempo presente. (...)

- E vou contar. É a primeira vez que falo disso, que sempre foi só meu, íntimo, tão privado, que nem eu mesmo nunca quis analisar. Quando eu era criança, vivia em pleno ambiente da natureza. (...)

- Como todas as crianças, conferia a cada coisa, móvel, objeto, árvore, pedra, a sua personalidade. Conversava com elas e as amava. (...)

- A criação poética é um mistério indecifrável, como o mistério do nascimento do homem. Se ouvem vozes não se sabe de onde e é inútil preocupar-se de onde elas vêm. Como não me preocupei em nascer, não me preocupo em morrer. Escuto a natureza e ao homem com assombro, e copio o que me ensinam sem pedantismo e sem dar às coisas um sentido que não sei se elas têm. Nem o poeta nem ninguém tem a chave e o segredo do mundo.(...)

Pobreza

- Na terra encontro uma profunda sugestão de pobreza. E amo a pobreza por sobre todas as coisas. Não a pobreza sórdida e faminta, mas a pobreza bem-aventurada, simples, humilde como o pão moreno. (...)

- No povoado vivia uma menina loura, queimada pelo sol. Em sua boca tinha sangue e brilho de lua e seus olhos eram muito pequenos, com pontinhos de ouro e prado. (...)

- Porque dentro daquele corpo frio, quem sabe que coração haveria?... (Lorca dizendo dos funerais de mulheres pobres que morriam de parto e que eram enterradas no mesmo caixão com a criança, que via em sua infância. (...)

A poesia

- Mas o que vou dizer da poesia? O que vou dizer destas nuvens, deste céu? Olhar, olhar, olhá-las, olhá-lo e nada mais. Compreenderás que um poeta não pode dizer nada da poesia. Isso a gente deixa para os críticos e professores. Mas nem você nem eu nem nenhum poeta sabemos o que é a poesia.
Aqui está: olha. Tenho o fogo em minhas mãos. Eu o entendo e trabalho com ele perfeitamente, mas não posso falar dele sem literatura.(...) A vida está cheia de caminhos e em todos há coisas amargas e doces para a gente encontrar.
A poesia é algo que anda pelas ruas. Que se move, que passa ao nosso lado. Todas as coisas têm o seu mistério e a poesia é o mistério que contem todas as coisas. (...)

- Por isso não concebo a poesia como abstração, mas sim como uma coisa real existente, que passou junto de mim. Todas as pessoas dos meus poemas existiram. O principal é encontrar a chave da poesia. (...)

- Estamos num lago asfixiante de vulgaridade e sobre ele quero que minha caravela fantástica vá até o templo do magnífico com as velas infladas de neve e de sol. Eu sou como uma ilusão antiga feita de carne e ainda que meu horizonte se perca em crepúsculos formidáveis de enamoramentos, tenho uma corrente como Prometeu e me custa muito trabalho arrastá-la...em vez de águia, uma coruja me rói o coração. (...)

- Porque não sou um homem, nem um poeta, nem uma folha, mas sim um pulso ferido que sonda as coisas do outro lado. (...)

- Por lira tenho meu piano e em vez de tinta, suor de desejo, pólen amarelo da minha açucena interior e meu grande amor. (...)
- Há que ser religioso e profano. Reunir o misticismo de uma severa catedral gótica com a maravilha da Grécia pagã. Ver tudo, sentir tudo. Na eternidade teremos o prêmio por não haver tido horizontes.(...)

- Temos que amar a lua sobre o lago da nossa alma e fazer nossas meditações religiosas sobre o abismo magnífico dos crepúsculos abertos ...porque a cor é a música dos olhos (...)

- Há que sonhar. Pobre daquele que não sonha, pois nunca verá a luz.(...)

- Compreendo que tudo isso é muito lírico, demasiadamente lírico, mas o lirismo é o que me salvará diante da eternidade. (...)

- Quero ser todas as coisas. Bem sei que a aurora tem a chave escondida em bosques raros, mas eu a saberei encontrar.(...)

O teatro

- O teatro é a poesia que se levanta do livro e que se faz humana. (...)

- Um teatro sensível e bem orientado (...) pode mudar em poucos anos a sensibilidade do povo; e um teatro destroçado, no qual as pata substituem as asas, pode embrutecer e adormecer uma nação inteira. (...)

- Uma coisa que também é primordial é respeitar os próprios instintos. O dia em que se deixar de lutar contra seus instintos, esse dia em que se deixa de lutar contra seus instintos, nesse dia aprendemos a viver. (...)

A morte

- Quero expressar o que passou por mim através de outro estado de espírito e revelar as longínquas modulações do meu outro coração. Isso que faço é puro sentimento e vaga recordação da minha alma de cristal. (...)

- Cada dia que passa, tenho uma idéia e uma tristeza a mais. Tristeza do enigma de mim mesmo! Existe em nós um desejo de não querer sofrer e de bondade inata, mas a força exterior da tentação e a abrumadora tragédia da fisiologia se encarregam de destruir. Acredito que tudo que nos rodeia está cheio de almas que passaram, que são as que provocam nossas dores e são as que nos fazem entrar no reino onde vive essa virgem branca e azul que se chama Melancolia...ou seja, o reino da poesia. (...

- A quietude, o silêncio, a serenidade são aprendizados. (...)

Breve cronologia:

Federico Garcia Lorca nasceu na aldeia de Fuente Vaqueros, Granada, Espanha, em 5 de junho de 1898, e foi assassinado por militares partidários do General Franco, em 1936, em plena Revolução Espanhola. Não se sabe a data exata e seu corpo nunca foi encontrado. Em Granada, Federico Garcia Lorca virou terra e flores.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Humilhação

Você que está aí, com mesa farta, casa bonita, familiares saudáveis, bom emprego e conta bancária com saldo positivo, responda-me, por favor: existe maior humilhação que se possa fazer a um ser humano, do que esta que é feita neste país a muitos pais e mães de família que estão desempregados ou subempregados, sendo obrigados a verem seus filhos com fome, sem escola, sem moradia adequada, sem um atendimento digno em segurança social e saúde, sofrendo todos os tipos de discriminação e sofrimentos? Coloque-se no lugar destes pais e avalie, se fosse você, que atitude tomaria? Cruzaria os braços e aceitaria placidamente? Fugiria, como muitos fazem, através das bebidas alcoólicas e outras drogas? Faria qualquer coisa, mesmo que fosse ilegal, para suprir as necessidades familiares? Aceitaria tudo como coisa do destino?
Na adolescência comecei a enxergar mais criticamente as desigualdades sociais, e ver que elas não acontecem por acaso. Mesmo sendo época da ditadura militar, já na faculdade, entrei em contato com a literatura política de esquerda, o que muito me auxiliou a definir o meu perfil político de cidadão e de profissional. Não consigo aceitar a corrupção, “o jeitinho brasileiro” de ser mais esperto e passar os outros para trás. É de causar indignação saber que alguém rouba a merenda escolar de crianças que têm praticamente como única refeição diária o lanche da escola; ou que desviam comida e roupas dos hospitais públicos; ou ainda que burocratas estatais, em todos os níveis governamentais, ostentam riquezas que ontem não tinham, usurpando recursos que eram destinados a obras vitais para a melhoria das condições de vida da população, especialmente a mais carente. Pensemos nisto.

Gilvan Almeida

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Abandono e injustiça no cotidiano psiquiátrico

Sabemos que a corrupção não tem nacionalidade e que nosso país é um dos campeões mundiais. São tantos os escândalos políticos e financeiros que a maioria das pessoas nem liga mais. O que é um perigo, pois a banalização do mal só o alimenta. Os Governos privilegiam cada vez mais os ricos, com incentivos fiscais, anistia de dívidas, créditos lesa-pátria, ausência de pagamento de imposto de renda em transações financeiras, e taxam mais e mais os pobres e a classe média. É um Estado a serviço dos poderosos, onde os recursos jurídicos dos crimes de colarinho branco são julgados em tempo recorde, e os ladrões de galinha, fumadores de maconha e outros pequenos transgressores, quase sempre negros e pobres, passam anos presos.
É difícil conter a indignação quando encontro uma situação como esta: uma senhora idosa, psiquiátrica, que vive só, abandonada pela família, e sobrevive graças a uma aposentadoria devido à patologia mental que sofre, durante uma consulta mostrou-me uma correspondência, onde é informada que sua aposentadoria foi cancelada em 1999 mas o órgão responsável “esqueceu” de suspender o pagamento e de comunicar a ela. Mesmo assim, reconhecendo a própria falha, informam que a senhora terá um mês para repor aos cofres públicos a quantia de R$ 24.000,00. Ainda têm o acinte cruel de dizer que deram alguns descontos. O que fazer para amenizar o desespero daquela senhora? Além de não ter com quê pagar, como viverá sem a aposentadoria, já que foi abandonada pela família? Enquanto isso os fraudadores de milhões de dólares da Previdência estão em prisões confortáveis, alguns nem presos estão, e o dinheiro sumido, ou melhor depositado em paraísos fiscais.

Gilvan Almeida

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A dor de ser

Valho-me de um trecho do livro Depressão e melancolia, de Urânia Tourinho Peres, para trazer um estímulo à reflexão sobre a Depressão, esta que já é considerada o mal do século: “...O que dizer da dor que não pode ser dita? Sem causa ou natureza definíveis, sem possibilidade de compreensão? Dor do nada, simplesmente do vazio de existir, indescritível, incomensurável, e que, por isso mesmo, chama em vão a palavra? Muitos falaram dela, para dizê-la, traduzi-la ou minorá-la: tristeza, trevas, sombras sem fim, sol negro, nevoeiro, tempestade em céu sereno, certeza infeliz, apatia, acedia, tédio... O desespero da alma encontra refúgio na criação, na permanente procura de sentido. Como transformar em doença a dor de existir?...”
Nem todas as pessoas que estão vivas vivem. Muitas vegetam interiormente. Sem esperanças, sem alegrias, a vida para elas é um peso, sem significado, por isso muitas preferem a morte. Elas não conseguem conduzir com equilíbrio as próprias dores e, com isso, deixam de ver que na vida delas também há momentos de paz e de harmonia. A existência se resume em sofrer.

Nesta fase da vida, não tenho mais dúvida que viver dói, que a dor faz parte da vida de todos, sem exceção. Uns se anestesiam, adiando infantilmente este encontro.
A busca agora é o que fazer para tornar a vida menos dolorosa, desenvolver um meio de sofrer menos e aprender mais com o que foi vivido. Para isto, é importante que voltemos o olhar para dentro de nós mesmos, no sentido de perceber se estamos vivendo assim, distante dos nossos sonhos e buscas mais íntimas. Ter a coragem de se perguntar: eu sou feliz?
Entendo que a base da cura da depressão encontra-se no autoconhecimento, na procura de significados e razões do existir, trabalho que pode ser feito com auxílio da filosofia, da psicoterapia, da espiritualidade, da psicanálise e das religiões. Alguns precisam também de medicamentos.
Em um templo budista de São Paulo, encontrei uma frase, escrita na parede, que trago comigo como um objetivo que deve ser perseguido por todo aquele que quer ser feliz: “Vamos procurar o significado de ter nascido e a alegria de viver”.

Gilvan Almeida



quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Consequências da demonificação da febre

O capitalismo utiliza-se, há décadas, de diversas formas para dominar e lucrar, nos principais campos de sua atuação. O segredo de todas elas é ter sempre um inimigo em foco. Na política internacional, por exemplo, já fizeram, ou ainda fazem parte deste foco, vietnamitas, comunistas, nicaragüenses, cubanos, muçulmanos, russos, iraquianos, afegãos, e tantos outros. Tudo isso tendo a mídia como grande aliada, para que a cabeça da população seja devidamente feita.
Na área da saúde, os laboratórios farmacêuticos, com o processo de demonificação da febre (que tornaram símbolo de doença e não a resposta da defesa orgânica que é), obtêm lucros astronômicos com as vendas de antitérmicos. Raros são os pais que não ficam apavorados, hoje em dia, com a mais leve alteração da temperatura de seu filho, como também são poucas as informações veiculadas à população, e até ao meio médico, que digam o que realmente a febre significa.
Li um artigo na revista Pesquisa Médica, em que uma pesquisa indica o comprometimento da resposta imunológica às vacinas estudadas e a própria eficácia delas. Coloco a seguir uns trechos que achei interessantes. Quem quiser ler o artigo completo visite o site da revista (http://www.revistapesquisamedica.com.br/PORTAL/textos.asp?codigo=11691).

Gilvan Almeida

Cautela com o uso profilático dos antitérmicos

A indicação desses fármacos para evitar a reação febril em lactentes, previamente à vacinação, pode comprometer a resposta imunológica à vacina e sua própria eficácia.

O aumento da temperatura corpórea é relatado na literatura como um mecanismo de defesa, pois ocorre em diversas espécies de vertebrados acometidos por processo infeccioso. Acredita-se que a febre contribua para o aumento do metabolismo, necessário em condições de infecção. (...)
A febre pós-vacinação, apesar de geralmente benigna e limitada, é motivo de preocupação de pais e cuidadores de crianças, bem como dos profissionais de saúde que temem seus eventos convulsivos. (...)
Com o intuito de tranquilizar os pais, muitos profissionais da saúde, inclusive, os pediatras, passaram a prescrever antitérmicos para crianças, após a vacinação. (...)
Estudos realizados na República Tcheca procuraram avaliar o efeito do uso do paracetamol profilático no momento da vacinação e dentro das 24 horas subsequentes na taxa de reações febris e na resposta vacinal em lactentes vacinados com a pneumocócica 10-valente conjugada à proteína D do Haemophilus influenzae não tipável (PHiD-CV), coadministrada com a vacina hexavalente difteriatétano- coqueluche acelular, a hepatite B, poliomielite inativada, H. influenzae tipo b (DTPa-HBVIPV/ Hib) e vacina oral contra rotavírus (HRV),
seguida pela dose de reforço de PHiD-CV mais DTPa-HBV-IPV/Hib. (...)
Os estudos realizados em dez centros da República Tcheca foram coordenados pelo professor Roman Prymula, da Universidade de Defesa, em Hradec Kralove. Ele randomizou um grupo de lactentes para receber três doses profiláticas de paracetamol, de 6 a 8 horas, durante as primeiras 24 horas após a vacinação com PHiD-CV, coadministrada com DTPa-HBV/Hib (n = 226), enquanto outro grupo não recebeu nada (n = 233). (...)
Com relação ao uso de um fármaco prescrito profilaticamente depois da vacinação e a imunogenicidade, a pesquisa trouxe um dado relevante: as respostas primárias dos anticorpos aos dez sorotipos de pneumococo contidos nas vacinas, e aos demais antígenos, diminuíram, consideravelmente, no grupo do paracetamol profilático. (...)
Segundo os autores, o antitérmico interferiu na resposta imune, ao bloquear as interações entre células dendríticas, linfócitos B e T, reduzindo, assim, a resposta inflamatória aguda desencadeada pela introdução dos antígenos no organismo, via vacinação. Quando o medicamento foi usado em presença de febre, o efeito sobre a imunogenicidade
não foi tão significativo em função de a resposta inflamatória já ter se instalada. A conclusão a que chegaram: a indicação de antitérmicos profiláticos em lactentes previamente à vacinação deve ser criteriosa, pois, além de não trazer benefícios, pode comprometer a resposta imunológica às vacinas.

Fonte:

Prymula R, Siegrist C, Chlibek R, et al. Effect of prophylactic
paracetamol administration at time of vaccination
on febrile reactions and antibody responses
in children: two open-label, randomized controlled
trials. L

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Em busca da libertação


Uma amiga me mandou o endereço de um site muito interessante sobre poesia - http://literaturadecamara.sites.uol.com.br/. Lá encontrei este poema. Cabe bem a quem está em busca da libertação de tantas coisas, aos quais me incluo, pobres escravos que ainda somos.

Gilvan Almeida


ESCUTA

Se pensas que não tens fuga ou saída,
permite que meus versos te encorajem.
Escuta quem já fez essa viagem,
e toma já as rédeas da tua vida.

Reclamas da existência de criado,
mas dela não escapas por temor.
Tu és o teu senhor e o teu feitor:
és tu quem te mantém escravizado.

Preferes a anonímia da manada
a erguer tua cabeça em desafio.
Por como te conduzes te avalio:
ao ser mais um apenas, tu és nada.

Tamanho é teu pavor de andar sozinho
que renovas teus grilhões a cada dia:
se pensas, atrevido, em alforria,
castigas-te a ti mesmo em pelourinho.

A algema que te impões te faz covarde.
Acorda, Zé Ninguém, que já é tarde!
Te afasta do rebanho de que és parte,
ou pasta em servidão até o abate.

Marco Túlio de Alencastro

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Gente X animais: O Gato

Patas macias, suaves e silenciosas. Expressão doméstica e encantadora, mas nas profundezas do seu instinto esconde-se um predador: os ratos (inimigos) que o digam. Persegue-os implacavelmente, e depois de destroçá-los lambe o sangue das patas e volta a ser aquele adorável animal. É livre, independente e criterioso na escolha dos amigos, daí incomodar pois não se enquadra com facilidade, não aceita coleira (submissão). Sua auto-suficiência faz parecer que é distante, metido e orgulhoso. E é mesmo. Em consonância com o sentimento atingido pode revelar garras afiadíssimas, que habitualmente estão escondidas.
Às vezes, semelhante ao gato maracajá, é meio bicho do mato, pouco sociável. É desconfiado na aproximação, especialmente se já o fizeram sofrer, daí o ditado popular: “gato escaldado tem medo de água fria”. Só quando confia é que é carinhoso e gosta de esfregar o lombo aproximando-se de leve, sem se impor, mas com medo de chutes indesejáveis. Tenha cuidado se vai mexer com ele, pois há um aviso muito respeitado sobre um parente dele que vive na floresta: “não cutucar onça com vara curta.” E não esqueça que às vezes ele é imprevisível. Você conhece gente assim?


Gilvan Almeida

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Caridade

Quando perceberes a bondade se aninhar em teu coração e surgir o desejo de servir, atendas, pois é a caridade chegando. Neste sagrado momento de sublimar o ego, compartilha os teus bens, materiais e espirituais, conduzindo esta luz sagrada que Deus nos envia, na intenção de unir os seus filhos. Se dás o que te sobra é um belo gesto. Se dás o que te pode faltar é mais belo ainda. Muitas vezes encontrarás carentes de pão, mas a carência é muito mais ampla. Com atenção e o coração desarmado perceberás que há carentes até de um olhar carinhoso, de uma mão amiga, de um ombro onde possam chorar as dores, de uma palavra que lhes traga a paz necessária.

Gilvan Almeida

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Prazeres de rebanho

Eu poderia simplesmente me entregar ao destino de ser somente um ser humano comum, desses que existem aos milhões neste país, domesticados e alienadamente felizes, sem querer nada mais do que os prazeres que qualquer rebanho tem. Mas não, não quero só isso, não me contento e nem me acomodo em ficar satisfeito só com cachaça, fazer filhos que não poderei criar com dignidade, arroz com feijão e rede Globo, o pão e o circo que nos é oferecido. Eu também quero direitos iguais, qualidade, arte, cultura e ciência, nobreza, consciência e espiritualidade, todas as condições que podem permitir a um ser humano exprimir a sua plena potencialidade e ser feliz. E isto não só para mim, quero para todos.
Não quero chegar lá na frente e ter a triste constatação que a vida passou e eu não vivi a vida que eu sonhava, que não construí, ou não me deixaram construir, a vida que eu queria, que eu apenas me deixei levar pela corrente da alienação oficial vigente, que submergi na covardia e na submissão por medo de lutar, de fazer a minha parte.


Gilvan Almeida

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A simbologia da Rosa


A simbologia é uma das linguagens que nos dá chaves para a abertura de portas que nos conduzem ao mundo dos sonhos, do oculto e do sagrado. É instrumento fundamental para aqueles que já despertaram para a necessidade de “ver além” e, por já não se contentarem com rótulos e aparências, precisam de um entendimento mais profundo da realidade, pois sabem que a vida tem uma essência filosófica e espiritual, e que esta essência não está exposta e sim envolta em segredos e mistérios, cabendo ao ser humano, através da consciência, desvendá-los e conhecê-los, cada um a seu tempo.
Uma das minhas fontes de estudo da simbologia é o livro Dicionário de Símbolos – mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números – de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Editora José Olympio.
Recebi este texto de um amigo, que não sabe a fonte. Gostei muito e compartilho.

Gilvan Almeida


A ROSA COMO SÍMBOLO

Desde a antiguidade remota a rosa foi honrada pelos deuses e heróis. Ornava o escudo de Aquiles, os capacetes de Heitor e de Enéas e na Idade Média, os escudos dos cavaleiros.
Era associada na antiga Grécia ao culto de Afrodite, a deusa do amor.
Já no Egito antigo, esta sensualidade expressa pela rosa em Afrodite, se torna mais espiritual no culto a Isis. Ao comerem algumas rosas, os iniciados sublimavam seus instintos carnais começando um processo de regeneração interior.
Na tradição cristã a rosa passou a representar Maria, a Rosa Mística, ou como acreditam certas correntes, ela representa Maria Madalena e está presente nas rosáceas dos vitrais e pisos de algumas igrejas européias. Também na iconografia cristã, a rosa com todas as suas pétalas abertas simbolizava o Santo Graal, símbolo da natureza integral do homem.
A Rosa Crística do ocidente, equivalente à Flor de Lótus oriental, é considerada a flor mais perfeita entre todas. Exala um perfume delicado e suas pétalas se colocam em espiral, simbolizando o esforço de aperfeiçoamento. É a vida eterna que se renova constantemente e ressurge ao final de cada volta: RENOVAÇÃO/ RENASCIMENTO.
Para se chegar à rosa é necessário primeiramente subir e colher os espinhos (guardiões): CAMINHO HUMANO. No seu centro, os pistilos amarelos, significam EQUILÍBRIO e SABEDORIA e surgem ao término de seu sacrifício, quando as pétalas, de fora para dentro, morrem para poder deixar finalmente, ressurgir o centro, a ESSÊNCIA.
A Rosa, como a Flor de Lótus, representa o CAMINHO DE AUTO-APERFEIÇOAMENTO. Elas vêm do escuro da terra (ou do limo no caso do Lótus) e sobem para respirar o ar sutil da vida espiritual e ao abrir suas pétalas ao Sol, oferecem o sacrifício do próprio perfume em entrega: DEVOÇÃO e SERVIÇO à VERDADE.
Há uma diferenciação do sacrifício de acordo com a cor da rosa:
Rosa vermelha= Sacrifício por paixão.
Rosa branca= Sacrifício por pureza.
Rosa amarela= Espiritualidade.
A rosa é uma criação excepcional, o emblema da PERFEIÇÃO para a grande obra dos Alquimistas, só entreabrindo suas pétalas para revelar o seu mais íntimo segredo, no momento em que vai perecer. Por isto além de ser símbolo da VIDA é também símbolo da PERFEIÇÃO e MORTE.
Fernando Pessoa se refere à rosa em um de seus poemas: Rosa, Vida, Cristo encoberto.
As catedrais góticas, construídas segundo os preceitos da geometria sagrada, tinham a planta em forma da cruz e seus vitrais com desenhos de rosáceas (rosas estilizadas) ficavam ao sul para que deixassem entrar a luz do sol em todo o seu esplendor.
Lutero usava a rosa em seu selo, chamado de Selo de Lutero ou Rosa de Lutero e costumava dizer uma frase: “O coração está sempre em rosas quando está sob a cruz”.
O nome Rosa-Cruz está associado ao símbolo hermético do Cristo.
Para os adeptos da Rosa-Cruz, a cruz contém os opostos em suas partes: Feminino e Masculino, Lua e Sol, Morte e Vida. Quando esta vivência de opostos (o horizontal e o vertical) se encontra em um ponto de intersecção, acontece a Iluminação. Esta intersecção (Centro, ponto de Unidade) da cruz (Corpo), saúda o Sol e uma rosa colocada neste centro, no peito, permite que a Luz ajude o espírito a desenvolver-se e florescer. Em seu símbolo ora colocam a rosa na intersecção, ora no alto da cruz.
Para os esotéricos a Cruz é um signo masculino e espiritual, divina energia criadora que fecundou a matéria da substância primordial cuja imagem é a Rosa, que se inscreve nas quatro dimensões: comprimento, largura, espessura e tempo. A mente associada à Rosa apresenta sub-dimensões e forma: matéria, cor e perfume, reunidos na mais completa harmonia sendo defendidos pelos (guardiões) espinhos.
Segundo Robert Charroux (livro “Os mistérios da Rosa”), a história da Rosa é tão secreta que somente raros iniciados podem compreender o seu sentido profundo. A rosa é o símbolo do segredo guardado, pois é uma das raras flores que se fecha sobre seu coração. Quando abre a sua corola, está na hora da morte.
“Descobrir uma taça de rosas” é desvendar um segredo. Esta expressão ainda é usada em alguns lugares da Europa. Antigamente, se um anfitrião colocasse um ramo de rosas numa taça, significava que o bom tom e a honra deveriam prevalecer e que todos que estivessem à mesa manteriam rigorosamente secreto tudo que ali se dissesse. Algumas vezes a rosa era dependurada sobre a mesa, e tinha o mesmo significado.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sabedoria popular no cotidiano psiquiátrico

Muitas pessoas acham que um portador de transtorno mental é um zumbi, alguém que vive fora do mundo, que não pensa, não tem sentimentos, não tem horizontes, não ama e não é amado. O estigma de ser um “doente mental” é cruel na “sociedade dos ditos e tidos como normais”. Após quase 30 anos de prática médica, eu pensava que já tinha me defrontado com todos os tipos de dores e sofrimentos humanos, mas eu estava enganado. Há 4 anos trabalhando na área da Saúde Mental, tenho convivido com dramas e tragédias que não imaginava acontecerem, e nem com tanta freqüência. Encontro todos os tipos de discriminação, violência e preconceito, que vão desde o abandono e os maus-tratos por membros da própria família, a agressões de vizinhos, motoristas de ônibus, pessoas nas ruas, além da falta de respeito aos direitos de cidadania em órgãos públicos. Apesar disso, é gratificante a convivência com os pacientes e suas famílias, com quem compartilhamos dores, vitórias e a lucidez possível. Também encontro neste cotidiano, a sabedoria, a fraternidade, a busca de amor e de ser feliz, como também as situações do amor romântico, de corações apaixonados, como nesta pequena vivência: Uma paciente chorando mágoas de uma paixão despedaçada é consolada pela amiga, que me olha com um olhar cúmplice e diz: “Pílulas para tirar amor do coração não tem não, n’é doutor? Só a opinião e um outro amor.” Confirmei, silenciosamente feliz, aquela verdade, expressa através de tão belo exemplo de acolhimento e conforto amigo.

Gilvan Almeida

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago (1922 - 2010)

Ainda não li nenhum livro escrito por Saramago, embora acompanhe há um tempo sua trajetória. Hoje, no dia da morte dele, um amigo me mandou esta frase, que me despertou o interesse de conhecê-lo mais :

"Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."

José de Sousa Saramago, escritor português, Prêmio Nobel de Literatura em 1998.


Gilvan Almeida

terça-feira, 15 de junho de 2010

Destinos abortados

Quando li o artigo “Mãe surrava filha por fazer xixi na cama”, além da indignação que senti, lembrei de um texto que escrevi, sobre as características de algumas mães (Tem mãe que ...). Sou dos que acreditam que saber ser um bom pai ou uma boa mãe não é inato ao ser humano. É preciso aprender, despertar para esta necessidade e querer aprender, e este aprendizado, quando não é feito com resignação, consciência, amor e paciência, muitas vezes é feito grosseiramente no lombo dos filhos mais velhos. Observem que, geralmente, os filhos mais novos têm uma criação bem mais branda. Custa tempo e sofrimento compreender alguns acontecimentos de nossa infância, superar traumas, complexos e receber a brisa da aceitação de que nossos pais só nos deram o que tinham, o que receberam da criação que os pais deles lhes deram. E tudo o que fizeram, mesmo o que nos causou dor, foi pensando em nosso bem (pelo menos a maioria agiu com esta intenção e por isto merecem o nosso perdão). Quantos pais, por insensibilidade ou ignorância, abortam as potencialidades de seus filhos.
Fico a pensar, nenhum ser humano tem plenamente desenvolvidas as potencialidades que traz ao nascimento, por causa da criação, de algumas infelizes criações e dos desvios comportamentais que elas proporcionam. Na luta pela adaptação ao que a família e o meio nos exigiram, a maioria de nós é sobrevivente emocional, alguns com seqüelas irrecuperáveis, e em muitos aspectos deixamos de ser o que seríamos. E os que foram ou estão sendo criados sem pai e sem mãe, o que pensar deles, abandonados nas ruas, frutos do descaso criminoso de alguns pais e principalmente do Estado? Sem limites e sem apoio, o que esperar deles, além do retorno da mesma violência com que estão sendo tratados?
Imaginem se todo o potencial de um ser humano fosse, desde bebê, percebido e estimulado pelos pais e pela sociedade, que geração de seres incríveis teríamos. Alguns escapam, Mozart é um exemplo. Graças à sensibilidade da família, sua genialidade artística foi precocemente reconhecida e alimentada.


Gilvan Almeida


Mãe surrava filha por fazer xixi na cama
Fabiana Seragusa

Aos 11 anos, a inglesa Constance Briscoe procurou o Serviço Social, sozinha, e suplicou por ajuda para sair de casa. Ela não aguentava mais apanhar todos os dias da mãe, ficar longos períodos sem comer, ser humilhada e xingada constantemente.
Depois de receber um "não" dos funcionários, que não podiam registrar as reclamações da garota sem a autorização de parentes, ela decidiu se matar: bebeu alvejante com água. "Escolhi a marca Domestos porque ela mata todos os germes conhecidos e a minha mãe vivia dizendo que eu era um germe." Mas Constance não morreu.
Leia o artigo completo em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u728084.shtml

Tem mãe que...

Quase todas as mães são belos exemplos de carinho, atenção e zelo para com a família, possuem uma verdadeira aptidão para a maternidade, e têm o seu amor incondicional comparado em pureza e intensidade ao amor de Jesus. Mas há algumas mães que: são egoístas, só pensam nelas, não param para dar atenção ao que os filhos têm a dizer, pois mais importante é a profissão, o cabeleireiro, as compras ou o encontro com a amiga; têm ciúmes dos filhos, não aceitam que eles tenham amigos (nenhum presta), e até dificultam a relação deles com o próprio pai; falam mal dos filhos, tanto para pessoas estranhas à família quanto dentro da própria casa, jogando uns contra os outros e criando distância entre os irmãos; fazem questão de mostrar que os filhos dos outros são sempre melhores, mais inteligentes e bem sucedidos que os seus; além de terem tido uma relação difícil com os filhos ainda tentam colocar os netos contra a mãe ou o pai deles; disputam com a filha a atenção do pai, do namorado ou do genro, a quem só falam dos defeitos da filha; demonstram claramente que têm preferência por um dos filhos, não se importando que os outros percebam; dominam os filhos através do sentimento de culpa, jogando sobre eles a responsabilidade por tudo o que de ruim aconteça com elas; tiranizam os filhos com ameaças veladas e chantagens emocionais; não fazem carinho nos filhos quando crianças, não tocam, não beijam, não põem no colo, com argumento de que vão ficar manhosos e mal-acostumados; não acompanham e nem aceitam o crescimento e o amadurecimento dos filhos, tratando-os sempre como se fossem moleques, incapazes, irresponsáveis, e com isso invadem a vida deles, prejudicando-os muitas vezes em seus relacionamentos familiares e profissionais; exigem do(a)s filho(a)s fidelidade e submissão eternas a seus caprichos, que quando negados elas jogam para cima deles o tradicional “...tanto que eu fiz por vocês, e olhem o que vocês fazem comigo...”

Gilvan Almeida