domingo, 27 de julho de 2008

A Sabedoria Dos Contos Sufis

Na contínua busca do conhecimento nas diversas fontes culturais, filosóficas e religiosas existentes, dedico grande admiração ao islamismo e à sua vertente esotérica, o Sufismo. A seguir um conto que gosto muito.
Gilvan Almeida

Na tradição mulçumana, o sufismo é conhecido como A Via do Coração, pois é uma corrente mística dentro do islamismo que dá muita importância ao amor ao Criador. Segundo os sufis, é o amor a Deus que deve sempre prevalecer em todas as nossas ações, julgamentos e sentimentos. Um belo exemplo da visão sufi está no conto O Melhor Discípulo, inspirado no livro 75 Contes Sufis, de Eva de Vitray (sem tradução em português):

"O xeique Djunaid tinha um jovem discípulo de quem gostava muito, mais até do que de todos os outros. Essa preferência acabou por despertar ciúmes entre seus seguidores mais antigos. O xeique, como conhecia os corações dos homens, rapidamente se deu conta disso e reuniu os discípulos descontentes e disse: – “Apesar de muito jovem, sei que ele é superior a vocês, tanto em bondade como em compreensão. Confio inteiramente nele. Mas, se estiver enganado, quero que vocês apontem meu erro. Assim sendo, mudarei de opinião.” Dizendo isso, propôs um único teste para todos. Radiantes com a oportunidade, os mais antigos aceitaram prontamente o desafio. Então o xeique ordenou que trouxessem 20 pássaros. E disse aos discípulos: - “Cada um de vocês pegue um pássaro, leve-o a um lugar onde ninguém os veja, mate-o e traga-o imediatamente para que eu possa atestar que a ordem foi cumprida”. Todos os discípulos, ansiosos para provar que também eram dignos de confiança de seu mestre, saíram, mataram os pássaros e os trouxeram de volta. Todos, exceto o discípulo favorito. Ele regressou com seu pássaro vivo, que carinhosamente aninhava em suas mãos. – “Por que não o matou?”, perguntou o xeique.– “Porque o mestre disse que teria de fazê-lo em um lugar onde ninguém pudesse nos ver”, respondeu. “Mas em todos os lugares a que fui, o olhar de Alá estava sempre presente!”– “Essa é a medida da compreensão dele!”, exclamou o xeique Djunaid, voltando-se a seus discípulos. “Agora podem compará-la com a de vocês!”Os seguidores mais antigos então se ajoelharam e pediram perdão a Allah por sua ignorância. E reconheceram a grandeza do coração do jovem aprendiz."

Fonte: Presentes do Islã
Poesias, contos, histórias e orações que falam de um profundo amor a Deus, tolerância e justiça. Conheça o Islã a que pertence a maioria dos muçulmanos, que querem viver em paz com o restante do mundo.
Texto: Liane Alves

sábado, 19 de julho de 2008

O redespertar da amizade

A vida de todo ser humano é composta de altos e baixos, tristezas, desencantos e alegrias, solidão e convivência. Em algum desses momentos, especialmente os tristes, ficamos tão envolvidos com nossos problemas que deixamos de lado as coisas boas da vida – que continuam existindo, mesmo nos momentos de dor. Recebi este e-mail de uma amiga, que me fez despertar um pouco mais para esta realidade. Mandei-lhe um texto sobre a importância das amizades e ela me respondeu:

“...Olhe bem, é o que sinto intensamente, todas as coisas se afrouxam, filhos se reorientam e dão início à caminhada deles; algumas coisas do amor a dois afrouxam MESMO, não é a mesma coisa, o encantamento da paixão é passageiro, desbotam as cenas, perdem o viço pelo tempo e pela falta de uma atenção devida. Aí quando a gente olha para um lado e para o outro, o que nos fortalece nessa caminhada??? Aquele amigo que cativamos e nos deixamos cativar, que fica muitas vezes adormecido, enroscado em sua própria história e se nega a um deleite da verdadeira amizade, aquele que nos ouve, nos acolhe, não nos condena, mas quer partilhar todos os momentos, aquele que se aflige quando não tem notícias, como se um pedaço da gente faltasse, e vem sempre ao pensamento:o que está acontecendo? Por que não recebo notícias? O que estará afligindo o nosso amigo? Não é curiosidade, é poder partilhar sempre.
Esses dias fiquei com muita vontade e saudade de você, sei que você sabe ser um amigo, mas fica às vezes hibernando(risos), mas eu abro um cantinho pra o sol começar a derreter a neve(risos).
Cada dia mais sinto muita falta de nossa convivência; não é fuga, não é carência, não é egoísmo, mas é uma jóia muito preciosa! Não tem motivos pra se interromper algo escrito nas estrelas e no coração! Por isso faz tanta falta, é um "buraco na alma" quando a gente fica sem notícias. Ajuda a viver melhor todas as adversidades e as alegrias também, a amizade é gratuita,sem cobranças(só um pouquinho...) só pra ter um alô! Como você está? O que faz e o que tem sentido?O que lhe aflige tanto? O que lhe alegra mais? Como vê, é um rosário de perguntas só pra estar mais perto.
Assim eu me sinto em relação a você. Sei também que diante de seu silêncio eu preciso respeitar o momento (não por muito tempo...eu não aguento....que jeito?). Sou assim. Coração batendo forte !
Desejo que você esteja bem, melhorando cada vez mais, compreendendo cada vez mais e se amando cada vez mais. Lembre-se Você merece ser feliz! Apesar de tudo.
Aguardo mais noticias!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Mais conversa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Abração
V

Expus essa minha intimidade porque pode servir para alguém que esteja vivenciando situação semelhante, para que não esqueça nunca do poder curativo das amizades verdadeiras.
Gilvan Almeida

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Cura filosófica da vida

Todo ser humano, mesmo sem saber, tem uma filosofia de vida, que é o que dá o sentido à existência, o que norteia os pensamentos, os sentimentos, as palavras e as ações, as buscas pessoais, as aspirações mais íntimas. É o que dá força e luz ao cotidiano, fundamentos essenciais para se viver bem. Encontro muita gente doente da existência, a quem não adianta só os medicamentos, é preciso também auxiliá-las a conhecer-se e a resolver os próprios conflitos. Para um bom começo nesta “terapia filosófica”, é importante saber: Qual o sentido da minha vida? Qual a minha razão de viver? Tenho a sensação de ter desperdiçado minha vida? O que acertei? O que errei? O que é ser feliz? Sou feliz? Se fosse possível recomeçar, o que mudaria? O que manteria? O que aprendi com os erros? E com os acertos? Foi eu que escolhi minhas metas? Ou escolheram para mim? Confronto-me com as questões traumáticas da minha vida? Quais são elas mesmo? Que mecanismos de fuga uso para não encará-las? Existe realidade dentro das minhas preocupações? Quanto que dramatizo a minha vida, exagerando emocionalmente e transformando copo d’água em tempestade? O que me causa, como expresso e como resolvo as ansiedades e as angústias? O que me impede de desenvolver plenamente minha capacidade de amar? Mãos à obra e sebo nas canelas que ainda dá tempo de vencer.