quinta-feira, 28 de julho de 2011

Conselho

A sabedoria popular diz que “Se conselho fosse bom não era dado e sim vendido”, enquanto um poeta escreveu assim “...conselho não se deve dar, a gente vive de aprender...” Sem uma avaliação mais profunda, podemos entender que conselho não é algo bom e nem deve ser dado.
Na verdade, penso que, quando o conselho é direcionado para o bem e para a orientação, e é seguido, pode ser uma luz na vida de uma pessoa, capaz de tirá-la, ou impedi-la de entrar, na escuridão dos sofrimentos. O bom conselho não pode ser uma imposição, uma invasão da privacidade, nem algo que se saia dando por aí, sem ser solicitado. O mais seguro e prudente, para quem tenha boas intenções de auxiliar o próximo, é não forçar a barra, ter paciência e aguardar o pedido do conselho, que chamo de “o abrir a porta”.
Esta abertura do coração para receber o conselho não acontece se não há uma relação de confiança, por isso considero a base na formação de um bom aconselhador tornar-se confiável para as pessoas, fazendo-as ver, na prática, que sabe guardar segredos; que tem cuidado com as palavras que fala e para quem fala; que sabe dosar a verdade de acordo com as condições de quem necessita recebê-la; que tem também disposição para ouvir, com respeito e paciência, as verdades dos outros.
Outro aspecto fundamental que considero para que haja um bom aconselhamento, é a escuta com atenção e sem interrupção, do que a pessoa necessitada do conselho tem a falar. Muitas vezes a pessoa só precisa desabafar e já fica bem, pois o falar é terapêutico.
Quanto sofrimento poderia ser prevenido ou amenizado, se tivesse chegado uma palavra amiga, um alerta, mas a maioria das pessoas está “sem tempo”, tecendo sua vidinha egoísta, muito ocupada em “... bordar de ouro seu umbigo engelhado...”, como diz o poeta Thiago de Mello, e não vê que a carência de quem nos ouça verdadeiramente, a solidão e o abandono são cada vez maiores.
Entendo que todos os seres humanos precisam de conselhos. Já a prática deles acontece de acordo com o grau de consciência de cada um. Quanta dor já senti, por não ter reconhecido um conselho, ou por não ter obedecido.
Por isso considero de grande importância o trabalho do aconselhador, cuja ação pode ser um reflexo do amor verdadeiro, originado na compaixão e na caridade.
Escrevi isto como uma introdução para lhes mostrar estas importantes orientações para a vivência de muitas famílias e dos profissionais que
trabalham na área de dependência química, elaboradas pela
Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Federal de Medicina, quanto à abordagem geral do usuário de substâncias com potencial de abuso.
Observem que também podemos utilizar estas orientações para outros temas da vida.

Gilvan Almeida

Aconselhamento
(orientações da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina quanto à Abordagem geral do usuário de substâncias com potencial de abuso)

Aconselhar não é dizer o que deve ser feito. A mudança é do indivíduo. Aconselhar consiste em:
1.Chamar à reflexão: “Qual sua opinião sobre o seu consumo atual de drogas?”
2.Dar responsabilidade: “O que você pretende fazer com relação ao seu consumo?”
3.Opinar com honestidade: “Na minha opinião seu uso de álcool está absolutamente fora de controle.”
4.Dar opções de escolha: “Vamos discutir as alternativas que você tem para não chegar embriagado em seu emprego.”
5.Demonstrar interesse: “Conte mais sobre sua semana, como foram suas tentativas para se manter abstinente.”
6.Facilitar o acesso: “Vamos tentar encontrar um horário que se adapte bem a nós dois.”
7.Evitar o confronto: “Ao invés de encontrarmos culpados, podemos juntos buscar soluções para o seu problema.”

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O sabor da vida

Você é doce? Salgado? Azedo? Amargo? Picante e ácido? Sem sabor? Nunca pensou nisto? Então pense junto comigo: tal qual os alimentos, cada ser humano tem em sua forma de ser um jeito, que comparo a um sabor, que se destaca mais, pois temos todos eles dentro de nós. Uns são mais doces, suaves, amorosos, compreensivos, amigos de todas as horas, adoçam as nossas vidas. Da mesma forma que o sal conserva os alimentos, os salgados são aqueles que conservam e guardam os sentimentos, sejam ruins ou bons, com tendências às mágoas, mas eles quando conseguem equilibrar seus sentimentos, de forma semelhante ao sal, que na dosagem certa dá sabor aos alimentos, eles dão sabor às relações afetivas nas amizades, na família e no trabalho. Os azedos são aqueles enjoados, que em tudo encontram defeitos, criticam, são insatisfeitos, enquanto os amargos são os pessimistas, negativos, rancorosos, sempre esperando o pior com suas previsões desastrosas. Os ácidos e picantes fazem arder, queimar, especialmente com suas palavras e atitudes, colocam fogo no circo, deixando sempre a sua marca por onde passam. As pessoas sem sabor têm dificuldades de expressar seus sentimentos, se omitem por insegurança e baixa auto-estima, ficam em cima do muro, não se dão a conhecer, isoladas em seu mundo, aparecem e somem e quase ninguém percebe suas ausências.
O sabor é a forma que você vê e vive a vida, é como é o seu coração, esse precioso tesouro que temos dentro de nós, em matéria e em espírito, e que precisa ser despertado, valorizado, lapidado, para que brilhe em toda a sua intensidade e permita receber a luz de Deus e refletir sobre os seus semelhantes a paz, a luz e o amor. Qual é o seu sabor?

Gilvan Almeida

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Amor, Medicina e Milagres

Meus primeiros contatos com a Filosofia Médica aconteceram na Especialização em Homeopatia, em 1989, quando comecei a estudar o maior filósofo-médico, ou médico-filósofo, que conheço, o Dr. Samuel Hahnemann, criador da Homeopatia. Já tinha, então, 09 anos que praticava a medicina alopática, e estava totalmente desencantado com a visão mecanicista, fragmentada e materialista do ser humano, que a faculdade havia me imposto.
Eu queria algo mais que as frias técnicas e tecnologias médicas, e vivia em busca de uma abordagem que não privilegiasse somente a doença, e que me capacitasse a entender, de forma mais profunda e ampla, o processo de adoecimento, esclarecendo assim quais os caminhos percorridos na desordem da natureza humana que originaram a doença. Sem saber eu estava procurando uma filosofia médica, um sentido maior que embasasse e norteasse a profissão que eu havia escolhido.
Em 1986, um amigo médico, de São Paulo, Dr. Glacus Brito, ouvindo os meus desencantos com a medicina, me disse: “a Homeopatia tem o que você procura.” Dois anos depois ele foi o responsável pela minha transferência de Rio Branco para São Paulo, onde fiz a Especialização em Homeopatia, na Escola Paulista de Homeopatia.
Desde então continuo o trabalho de buscar mais e mais o conhecimento da medicina, da filosofia e de outras ciências que possam me auxiliar a conhecer melhor o ser humano e as razões dos desequilíbrios, com o intuito maior de contribuir para o bem estar e a saúde.
O Dr. Bernie Siegel, em seu livro Amor, medicina e milagres, trouxe uma valiosa contribuição para minha formação filosófica na medicina. A seguir alguns trechos do livro.

Gilvan Almeida
P.S.: Minha gratidão ao Glacus.

Amor, medicina e milagres
Bernie Siegel

-Minha função como médico não reside apenas em receitar o tratamento correto, mas em ajudar o paciente a encontrar uma razão interior para viver, solucionar os conflitos e libertar a energia benéfica.
-Se eu conseguir ensinar uma pessoa a ficar de bem com a vida, a sentir amor por si mesma e pelos outros, a alcançar a paz de espírito, é possível que se verifiquem as necessárias mudanças (Cura).
-Entrar a fundo na natureza da desordem...
-Motivar os pacientes a crer no futuro (esperança) e a cuidar de si mesmos – ter o controle da própria vida.
-O problema fundamental da maioria dos pacientes é a incapacidade de se amar, já que não foram amados durante algum período decisivo de sua vida...
-“Não acredite que aquele que procura confortá-lo viva sem problemas entre as singelas e tranqüilas palavras que às vezes lhe fazem bem. Sua vida tem muitas dificuldades e tristezas, que permanecem ocultas. Se fosse diferente, jamais conseguiria encontrar essas palavras. “ Rainer M.Rilke
-Os milagres vêm de dentro. Você já deixou de ser uma criança desamada. Pode nascer de novo, rejeitando as antigas mensagens e suas respectivas doenças. Optando pelo amor, haverá dias em que não apreciará o que faz, mas aprenderá a se desculpar. Nós não conseguimos eliminar nossos defeitos até que nos aceitemos, apesar deles... Muitas pessoas tendem a desculpar os outros e a se crucificar. Somos todos perfeitamente imperfeitos e devemos nos aceitar dessa maneira.
-A capacidade de amar a si mesmo, juntamente com a de amar a vida, aceitando por inteiro que ela não dura para sempre, permite melhorar sua qualidade...
-“A medicina não é apenas uma ciência, mas também a arte de deixar nossa individualidade interagir com a individualidade do paciente”. Albert Schweitzer
-Ficar bom não é o único objetivo. Muito mais importante é aprender a viver sem medo, estar em paz com a vida e, em última análise, com a morte...
-O efeito que a mente exerce sobre a saúde é, em parte, direto e consciente. Nosso grau de amor-próprio determina se nos alimentamos corretamente, se dormimos o suficiente, se fumamos, se usamos cinto de segurança no automóvel, se praticamos exercícios, e assim por diante. Cada uma dessas opções traduz o quanto amamos a vida, pois controlamos 90% dos fatores que condicionam nosso estado de saúde...
-São técnicas (que o autor explica na página 98) que não geram nenhum benefício se não houver motivação para usá-las. O primeiro requisito é fazer com que as pessoas se amem o bastante para cuidar do corpo e da mente...
-A raiva é uma emoção normal desde que a pessoa a manifeste quando a sente. Caso contrário, ela se transforma em ressentimento ou mesmo em ódio, o que pode ser destruidor...
-“Quase todos nós somos obrigados a viver uma vida de constante e sistemática duplicidade. A saúde tende a ser afetada se, dia após dia, dizemos o contrário do que sentimos, se rastejamos diante daquilo que detestamos e se nos rejubilamos ante aquilo que não nos traz senão infortúnio. O sistema nervoso não é obra de ficção, faz parte do organismo, assim como a alma existe no espaço e está dentro de nós, tal como os dentes dentro da boca. Ela não pode ser impunemente violada para sempre.” Dr. Jivago – Boris Pasternak
-O denominador comum de todas as depressões é a falta de amor ou a perda do sentido da vida. a doença passa então a funcionar como evasão de uma rotina que se tornou inexpressiva...
-Ninguém precisa ser um santo para se curar. O esforço de trabalhar pela santidade é que traz resultados...
-O câncer é um símbolo, como o são as doenças em sua maior parte, de algo que não está dando certo na vida do paciente – uma advertência para que siga outro rumo.” Elida Evans
-A Luz é mais intensa na mente Consciente, mas nós temos que procurar a cura no escuro Inconsciente (...) Não existem doenças incuráveis, mas sim pessoas incuráveis.
-“A verdadeira felicidade está em conquistar a sabedoria para amar com elevação de espírito suficiente para se alcançar o poder de resistir à dor (...) transcender o antigo amor com outro amor ainda maior.” Benedetto Croce
-O arco-íris é um símbolo de esperança e uma manifestação de todo o nosso espectro e vida emocionais. A borboleta é um símbolo universal de metamorfose, de transformação do horrível no belo, do ódio no amor, desta vida na outra.
-Como a negatividade, os pontos de vista positivos de um doente alimentam a si mesmo, pois o corpo reflete o que se passa na mente.
-O que importa é o que pensamos de nós mesmos. Temos de encontrar o papel na vida que melhor se ajuste a nós e, então, deixar de representar: nossa profissão consiste em “ser”.” Quentin Crisp.
-a honestidade emocional e o amor próprio resultam em melhor saúde física.
-Menos de 20% da população possui um “posto de controle interior”, espécie de presença de espírito que leva as pessoas a se orientarem por normas próprias e não pela idéia do que os outros possam pensar...
-Sermos nós mesmos contribui para libertar nossa criatividade. Livre dos elos das convenções e do receio do que os outros possam pensar, a mente responde com novas soluções, novas metas e a consciência de que a beleza e a paz vêm de dentro. Ficamos em condições de assumir riscos, de fazer experiências com nossa própria vida.
-A maioria das pessoas vive dentro de limites por elas mesmas estabelecido.
-Especialmente importante é saber quais as carências que a doença veio preencher, estabelecendo metas que atendam a essas carências, no lugar da doença.
-As pessoas que estão sempre sorrindo, que nunca revelam seus problemas aos outros e que negligenciam suas próprias carências são as que têm maiores probabilidades de ficar doentes. Muitas vezes, a grande dificuldade para elas é saber dizer não, sem se sentirem culpadas.
-A maioria de nós espera que Deus modifique os aspectos externos de nossa vida para que não tenhamos de mudar por dentro. Muitas vezes, achamos que ficar ressentidos e sofrer no papel de vítima é mais fácil que amar, perdoar, aceitar e descobrir a paz interior. Esta poesia de W. H. Auden é inspiradora:



“Preferimos a ruína à mudança;
preferimos morrer em nosso medo
a escalar a cruz do momento
e deixar que nossas ilusões morram.”



-(...) são quatro as Fés cruciais para a recuperação de qualquer doença grave: fé em nós mesmos, fé no médico, fé no tratamento e nossa fé espiritual.
-O que o doente quer é que lhe alimentem as esperanças e as alegrias possíveis enquanto a vida perdura.
-O humor é parte essencial das experiências grupais do PCE (pacientes especiais de câncer). Podemos chorar, mas também rimos. Atuamos para cada um liberte a criança que há dentro de si, pois consideramos que as pessoas rígidas, incapazes de brincar, são as que mais custam a sarar ou a mudar de vida para enfrentar a doença. Muita gente precisa que lhe receitemos brincadeiras para não sentir culpa por brincar. (...) Há que se aprender a brincar como uma das coisas mais importantes da vida. Tal qual outras mudanças positivas, esta deriva do primeiro passo inicial: aprender a se gostar. (...) Brincar também nos desinibe para tentar a criatividade, elemento fundamental das mudanças internas. Prefira amar e fazer os outros felizes, e sua vida mudará, pois você encontrará, pelo caminho, a felicidade e o amor. O primeiro passo rumo à paz interior consiste em dar amor, e não em querer recebê-lo.
-“O maior obstáculo que precisamos vencer é a idéia de que o trabalho é a única finalidade significativa da vida – como certas mulheres presumem que sejam os filhos.” Stephanie Matthews
-Todos sabemos que uma de nossas necessidades básicas é alguém em quem confiar.
-Transcender o ódio: O ressentimento e o ódio são obstáculos que impedem muita gente de tirar a limpo as questões emocionais não solucionadas e atingir um estado de harmonia com os outros. Superar o medo abre caminho para perdoar aqueles que nos magoaram e libera um amor que pode nos tornar psiquicamente imunes ao meio ambiente. Optar pelo amor e pelo sentido da vida aumenta as oportunidades de sobrevivência em TODAS as condições.
-Talvez não modifiquemos o caráter de quem nos oprime nem salvemos a vida com nosso amor, mas podemos impedir que o ódio nos destrua o coração, a mente e a vida, como destruiu a quem nos oprime.
-“Se tratarmos um indivíduo como ele é, ele continuará a ser como sempre foi, mas, se o tratarmos como se ele fosse o que poderia ser, ele se transformará naquilo que poderia ser.” Goethe
-“Os sintomas físicos constituem, muitas vezes, um “bilhete de admissão” para o processo de autodescoberta e mutação espiritual.” Dr. Granger Westberg
-É comum ouvir, dos cientistas, que a gente tem de ver para crer, mas, para mim, temos de crer para ver (...) temos de amar e de crer, ou seja, temos de estar abertos, para que haja verdadeira comunhão e vejamos o que se acha diante de nós.

Dr. Bernie Siegel, MD nasceu em Brooklyn, Nova Iorque, e participou da Colgate University e se formou com honras da universidade de Cornell Medical College . Ele praticava medicina geral e pediátrica e cirurgia até sua aposentadoria em 1989. Ele é autor de vários livros sobre a relação entre o paciente e o processo de cura como ele se manifesta ao longo da vida. Ele é um ávido leitor do médico e espiritual das comunidades. Ele também apareceu em vídeos de Cuidados de Saúde, tais como esperança e uma oração. Dr. Siegel vive com sua esposa Bobbie em Connecticut, tem cinco filhos adultos. Fonte Wikipédia
Em 1978 criou a PEC (pacientes especiais de câncer), uma forma especializada de terapia individual e de grupo, destinada a facilitar a modificação da personalidade e a cura de moléstias graves.

Fonte: Livro Amor, medicina e milagres

Livro Amor, Medicina e Milagres

Baseado em sua experiência como cirurgião de um grande hospital em Connecticut, o autor afirma que a força da mente, a auto-estima e a vontade de viver desempenham um papel fundamental na superação das doenças graves e estão por trás de vários casos "inexplicáveis" de cura. O ponto de partida para a pesquisa foram casos de pacientes de câncer, mas as conclusões podem estender-se a portadores de outras enfermidades graves, crônicas ou não. O livro se divide em duas partes. Na primeira Siegel conta como, ao longo de sua vida vida profissional, começou a se reparar na atitude de cada paciente diante da doença, interesse que acabou resultando na criação de um grupo de apoio para doentes. Além de exemplos concretos, ele mostra estudos, pesquisas e teorias que comprovam seus pontos de vista. Na segunda parte, o livro traz conselhos e orientações valiosas tanto a quem sofre de alguma moléstia quanto aos que convivem com um enfermo. Sério, objetivo e bem-documentado, este best seller (ficou mais de um ano nas listas de mais vendidos dos Estados Unidos) apresenta uma visão nova e polêmica da medicina, provando que o amor e a energia espiritual podem -- e devem -- completar e enriquecer o trabalho da ciência na conquista da saúde e da qualidade de vida.

Editora: Best Seller

Autor: BERNIE S. SIEGEL

http://www.submarino.com.br/produto/1/5344/amor,+medicina+e+milagres

terça-feira, 5 de julho de 2011

Mensagem de Samuel Hahnemann

Samuel Hahnemann, criador da Homeopatia, mudou-se muito de domicílio e tratava de uma clientela que lhe era fiel, sendo comum que recebesse solicitações de consultas por carta, solicitações a que atendia também pela mesma via. Por volta de 1800 recebeu uma carta escrita por um alfaiate de 42 anos, que era portador de estrutura orgânica delicada e lhe pedia orientação medicamentosa para se tratar de estafa. Naquela época um profissional daquele ofício geralmente era homem culto e ele recorreu ao auxílio de Hahnemann após ter sido desenganado pelos médicos de sua região. Aparentemente sua consulta não foi em vão: consta que viveu ainda por mais de 50 anos após ter recebido a resposta de Hahnemann. Ei - la aqui:


"O delicado engenho humano não foi projetado para o excesso de trabalho. Se algum ser humano assim proceder por ambição, amor ao lucro, ou por qualquer outro motivo pleno de louvor ou de censura, coloca-se em oposição à ordem da Natureza, e sujeita o seu corpo a sofrer dano ou destruição. Tanto mais se o organismo já estiver, por algum motivo, enfraquecido.
Então, meu caro amigo: o que não puderes fazer em uma semana, faze em duas. Teus fregueses podem não estar com paciência para aguardar, mas eles também não podem racionalmente querer que adoeças, ou que morras de tanto trabalhar a fim de satisfazer as vontades deles, transformando tua esposa numa viúva e teus filhos em órfãos. Não é só o aumento do trabalho físico o que está a te prejudicar, mas bem mais a tensão mental concomitante que, por sua vez, novamente afeta o corpo de maneira prejudicial. Se não assumires uma atitude de calma indiferença, adotando o princípio de viver primeiro para ti mesmo, e só após para os outros, há pouca chance de que te recuperes. Quando estiveres na tua sepultura os homens ainda estarão vestidos, talvez não com tanta elegância, mais ainda toleravelmente bem. Se fores sábio, podes tornar-se saudável e até mesmo atingir uma idade avançada.
Se algo te importuna, ignora-o; se algo te é demais, não te ocupes com isso; se outros tentam manipular o teu tempo, vai devagar e ri dos tolos que queiram te aborrecer. Aquilo que puderes confortavelmente realizar, realiza; não te molestes com o que não puderes fazer, pois as nossas condições materiais não melhoram através da pressão exercida por sobrecarga de trabalho. Tu apenas te desgastarás proporcionalmente mais com teus afazeres domésticos sem aferir qualquer lucro no final.
Economia e limitação de supérfluos (aqueles bens que quem trabalha duro quase sempre não possui) nos coloca em posição de viver com maior conforto - ou seja, de maneira mais racional, mais inteligente, mais de acordo com a Natureza, com mais alegria, maior tranqüilidade e melhor saúde. Por conseguinte devemos agir com mais comedimento, sabedoria e prudência, ao invés de trabalharmos em esbaforida correria, submetendo nossos nervos à constante tensão, que destrói os mais preciosos tesouros da vida: paz no pensamento e boa saúde.
Sê mais prudente, considera a ti mesmo em primeiro lugar e deixa que tudo o mais te seja secundário em importância; e se porventura afirmarem, em nome da honra, que faz parte de teus compromissos produzires mais do que for bom para o teu potencial físico e mental, mesmo assim, por amor a Deus, não te permitas ser conduzido a fazer o que é contrário ao teu próprio bem-estar.
Permanece surdo à corrupção do elogio, acalma-te e segue teu próprio curso lenta e suavemente, como um homem sadio e sensato. Desfrutar com a mente e corpo tranqüilos, esta é a razão para a qual o homem está no mundo, e para trabalhar somente o tanto necessário para conquistar os meios desse desfrute -- e não, com certeza, para se deixar consumir e fatigar pelo trabalho.
O eterno esforço e empenho dos mortais de curta visão a fim de lucrar mais e mais, de assegurar uma honra ou outra, de prestar um serviço a esta ou àquela personalidade -- tudo isso geralmente é fatal ao bem-estar e constitui causa comum de envelhecimento e de morte precoces.
O homem calmo e moderado, que deixa as coisas fluírem suavemente, atinge o mesmo objetivo, vive mais tranqüilo e saudavelmente, e conquista uma boa velhice.
Em seus momentos de paz pode haver espaço para acolher uma idéia feliz, fruto de um pensamento sábio e original, que dê um ímpeto lucrativo aos seus afazeres temporais. Lucro bem maior do que pode ser obtido pelo homem sobrecarregado que nunca encontra tempo para concentrar seus pensamentos.
Para vencer a corrida, só velocidade não é suficiente. Empenha-te em permanecer um pouco indiferente, em ser calmo e tranqüilo e então chegarás a ser aquilo que eu desejo que tu sejas. Experimentará coisas maravilhosas; verás quão saudável te tornarás se seguires o meu conselho. E teu sangue correrá calmo e serenamente em tuas veias, sem esforço ou agitação. Nenhum sonho terrível perturba o sono daquele que se deita para repousar com nervos calmos, e o homem que está livre de preocupações acorda pela manhã sem ansiedade a respeito dos múltiplos afazeres que o aguardam durante o dia. Para que se preocupar? A alegria da vida lhe é mais importante do que qualquer outra coisa. Com fresco vigor inicia moderadamente teu trabalho e durante tuas refeições nada, nem ebulições de sangue, nem preocupações, nem ansiedade te impeçam de saborear o que o Beneficente Provedor da Vida coloca diante de ti; e assim, um dia se segue a outro em tranqüila sucessão, até que, finalmente, com uma idade avançada, chegues ao término de uma vida bem vivida, e repouses serenamente noutro mundo, como neste calmamente viveste.
Isto não é mais racional, mais sensato? Deixa que os homens insaciáveis e autodestrutivos ajam tão irracional e danosamente contra si mesmos quanto o quiserem; deixa que sejam tolos, mas tu deves ser mais sábio.
Não me deixes revelar esta sabedoria a respeito da vida em vão. Quero-te bem.
Adeus. Segue meu conselho e quando tudo estiver bem contigo lembra-te do Dr. S. Hahnemann.

PS: Ainda que te vejas reduzido ao teu último centavo, permaneça alegre e de bom ânimo. A Providência olha por nós e uma boa oportunidade deixa tudo certo de novo. Quanto necessitamos para viver, para restaurar nossas forças com alimentos e líquidos sadios, ou para nos defendermos do frio e do calor? Pouco mais do que coragem. Quando nós a possuímos podemos obter o essencial sem muito problema. O sábio não necessita senão de pouco. A energia conservada não precisa ser renovada por remédios".


Fonte: Internet.

sábado, 2 de julho de 2011

Uma foto do amor

Depois que vi esta foto passei alguns dias pensando, tentando entender por que ela tinha me tocado tão forte. Percebi o profundo amor do rapaz àquele animal prestes a ser sacrificado, carinhosamente acolhido em seus braços. Acredito que foi por isso, pelo bonito sentimento que um ser humano pode ter por um animal, o que (ainda) não tenho, como também pela dificuldade financeira que a família ficaria sem o animal, que contribuía na aquisição de uma renda.

Gilvan Almeida

“Um homem demonstrou grande tristeza no interior de São Paulo nesta terça-feira (21) ao se despedir de uma égua de 13 anos de idade que precisou ser sacrificada após um acidente ocorrido entre Serrana e Altinópolis, na região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
A égua, chamada Estrela, puxava uma carroça conduzida por Sebastião Verola, 58, e seu filho, Cristiano Verola, 28, quando foi atingida por trás por uma Eco Sport na manhã de ontem (21). O animal tombou no chão, com várias fraturas nas patas traseiras, e ali ficou até morrer.
A morte de Estrela foi o fim de uma amizade iniciada quando Cristiano tinha apenas 15 anos. "Estou muito triste, mas não tem outro jeito. É o animal de estimação lá de casa", afirmou ele, que, minutos antes de Estrela ser sacrificada, colocou a cabeça do animal sobre as pernas e a beijou...”