quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Religiões: Islamismo


O blog Cabeça e coração é um espaço destinado a divulgar conhecimentos, no sentido de ampliar nossa consciência sobre este mundo em que vivemos, pois o ser humano pode e deve saber o que há nele, para um dia ser conhecedor de tudo quanto há. Acredito que a Verdade não é posse e nem exclusividade de uma só Religião ou Filosofia, embora algumas digam que são elas as detentoras deste privilégio. Admiro todas as religiões que ensinam a Fé em Deus, a amar ao próximo, a fazer o Bem, e compreendo que cada um deve seguir a que mais tocar o seu coração, a que atenda às suas buscas e necessidades espirituais.
Acho muito bonito ver que as verdades ditas por um Mestre também terem sido ditas por outros grandes Mestres, em outras épocas, em outras civilizações. Olhem esta: um dia um discípulo de Buda (século V antes de Cristo) pediu a ele que fizesse uma síntese de toda a sua Doutrina. Buda disse: "Pára de praticar o mal, pratica só o Bem, e seja limpo de coração". Pra mim igual ao que tantos outros ensinaram antes e depois dele.
As religiões fazem parte dos temas que tenho interesse em estudar e conhecer, e dentre elas destaco o ISLAMISMO,
religião monoteísta que surgiu na Península Arábica no século VII, baseada nos ensinamentos religiosos do profeta Maomé e numa escritura sagrada, o Alcorão.
Em geral, as notícias que lemos e vemos nos jornais escritos e de TV são provenientes dos Estados Unidos ou influenciadas por eles. Então, quase sempre há muita desinformação, mostrando os islâmicos ou mulçumanos como terroristas, povos bárbaros que massacram as mulheres e minorias, que professam uma religião que incentiva a violência contra “os povos civilizados e democráticos” e até contra si próprios. Hoje, 04.01.2009, há uma matéria no site da UOL que diz “Muçulmanos xiitas afegãos participam de ritual de autoflagelo com correntes e lâminas cortantes em mesquita de Cabul”, onde há apenas foto de homens sangrando devido a autoflagelos, sem explicar o contexto e o significado ritual e espiritual da cerimônia, alimentando em nós, cristãos ocidentais, o preconceito contra “os bárbaros”. São os inimigos da vez, como um dia foram os vietnamitas, os comunistas, os cubanos e tantos outros povos que se opuseram à exploração e à tirania daquela grande potência.
Dentro do Islamismo há ensinos esotéricos ensinados através do Sufismo. Segundo Richard Francis Burton, escritor inglês, ‘A filosofia básica do Sufismo é: "Estar no mundo, mas não ser dele", livre da ambição, da cobiça, do orgulho intelectual, (...) '. O Sheikh Muzaffer Ozak disse a respeito do praticante do Sufismo: "...Ser um derviche (estudante do Sufismo) é sentir e ajudar aos outros, não somente sentar e rezar. Ser um verdadeiro derviche é levantar aqueles que
caíram, enxugar as lágrimas dos que sofrem e confortar aos órfãos e aos que
estão sós..."
O texto abaixo – retirado do site da BBC - mostra pontos em comum entre o Islamismo, o Judaísmo e o Cristianismo, bem como alguns de seus fundamentos religiosos. Dois exemplos: as três religiões têm Jerusalém como cidade sagrada e o anjo que revelou o texto do Alcorão a Maomé é o mesmo que anunciou a Maria a vinda de Jesus - Anjo (Arcanjo) Gabriel.

Gilvan Almeida


Os fundamentos do Islã e os festivais religiosos

Para os muçulmanos, só existe um Deus cujo nome é Alá. E o último profeta de Alá foi Maomé. Maomé não é deus, mas um homem por intermédio de quem Alá revelou sua vontade ao mundo. Maomé é reverenciado pelos islâmicos, mas não adorado. Tudo e todos dependem de Alá.Todos os islâmicos de qualquer parte do mundo e de qualquer etnia pertencem à mesma comunidade chamada de “umá”.Os islâmicos são orientados a seguir a vontade de deus pelo Corão, o livro sagrado considerado pelos muçulmanos como a palavra de Deus.Os islâmicos acreditam em anjos e em profetas como por exemplo, Abraão ou Ibraim, Moisés ou Musa, Davi ou Dawu, Jesus ou Isa. Mas de todos estes, Maomé seria o último profeta.

Juízo

Para os muçulmanos, haverá um julgamento final em algum dia. Existe predestinação (Alá já decidiu o que vai acontecer, mas isso não impede que os seres humanos continuem tomando decisões)Segundo a crença, Deus é onisciente, onipotente, onipresente e não tem forma. Não pode ser visto, ouvido, não tem sexo.O ser humano pode se aproximar de Deus por meio de orações e recitação do Corão. Para os islâmicos, Deus não tem filho ou parentes, e não há outro deus superior a Alá.A oração cinco vezes por dia é a base da fé islâmica, feita na mesquita ou em qualquer outro lugar. Antes das orações da tarde nas sexta-feiras, o imã da mesquita fala sobre um assunto relevante baseado no corão ou na história sobre a vida de Maomé.O imã não é um sacerdote, mas um islâmico devoto que conhece bem o corão e goza de grande respeito na comunidade muçulmana.

Nomes de Deus

Para os islâmicos, há vários dogmas relacionados a Deus:
- Só existe um Deus e não pode haver outro.
- Deus é chamado de Alá que significa “Aquele que é Deus”.
- Deus é poderoso.
- Deus criou todas as coisas.
- Deus é misericordioso e compassivo.
- Deus sempre existiu e sempre vai existir e é atemporal.
- Deus está presente com os islâmicos todo o tempo.
- Maomé é o mensageiro de Deus.
- Deus tem 99 nomes.

O Corão

O Corão é considerado a palavra de Deus e contém os fundamentos da fé islâmica. De acordo com a tradição, o Corão foi ditado a Maomé pelo arcanjo Gabriel.
Por causa de sua origem considerada divina, o Corão nunca foi alterado desde que foi compilado. Cópias do Corão são tratadas com grande respeito. Os muçulmanos acreditam que o Corão é cópia fiel de um texto que existe no céu.O único texto considerado legítimo do Corão é o do original em árabe. Islâmicos consideram as traduções para outras línguas “versões do original”. O corão tem 114 capítulos chamados de suras quem contêm nomes e números. Os islâmicos preferem ouvir a ler o corão silenciosamente, e há várias páginas na internet onde o corão pode ser ouvido.O hadiths são histórias sobre as palavras e atos de Maomé e seus companheiros ou seguidores contemporâneos. Esses manuscritos são considerados os textos mais sagrados depois do Corão.

Mesquita

O lugar de culto dos islâmicos é a mesquita - palavra que deriva do árabe e quer dizer lugar de prostração. Os islâmicos não acreditam em reencarnação. Assim como para os cristãos, existe apenas uma vida, vindo depois disso o julgamento final. E também como o cristianismo, o islamismo é uma religião missionária que procura converter pessoas.
Do lado de fora de cada mesquita ou até mesmo na entrada do prédio existe um lugar onde devem ser depositados os calçados dos fiéis. Também há mesquitas que oferecem possibilidade de banho antes das orações. Todos se sentam no chão porque diante de alá, todos têm o mesmo status. Mulheres podem assistir às orações nas mesquitas, mas têm que sentar separadas dos homens para não lhes causar nenhuma distração. É mais comum que as mulheres rezem em casa. Para orientar os fiéis, uma coluna em uma das paredes, o mihrab, aponta para a direção de Meca.

Feriados islâmicos

Há apenas duas festas islâmicas, o Eid-al-Fitr e o Eid-al-Adha - a palavra Eid significa festa, feriado. Mas há varias outras datas comemoradas pelos muçulmanos.Al-Hijra é o ano-novo dos muçulmanos, em comemoração à hégira, quando Maomé muda de Meca para Medina. Ashura é um dia de jejum para os islâmicos que marca dois eventos históricos: o dia em que, segundo eles, Noé saiu da arca e o dia em Moisés foi salvo dos egípcios por Alá.Os islâmicos xiitas comemoram nesse dia o martírio de Hussei, o genro de Maomé, em 680.
O aniversário de Maomé, quando o profeta e sua vida são lembrados. Pais contam histórias sobre a vida de Maomé para os fihos.Lailat al Miraj é o dia em que Maomé teria viajado de Meca a Jerusalém em uma noite sobre as asas de Buraq, ele ascende ao céu para se encontrar com os profetas anteriores e Deus. Foi neste dia que Maomé diz ter recebido a revelação de que islâmicos deveriam orar cinco vezes por dia.Já Lailat al Qadr é a noite do poder em que o corão foi revelado a Maomé, e Eid al Fitr marca o fim do Ramadã, o mês do jejum dos islâmicos.Eid el Adha é o nome do festival do sacrifício que marca o fim da peregrinação à Meca, o hajj. Os peregrinos viajam até o vilarejo de Mina, onde eles atiram pedras contra três colunas. Os peregrinos passam vários dias em Mina. Após atirar pedras na primeira coluna, eles sacrificam um animal para lembrar a época em que Ibrahim ou Abraão sacrificava um cordeiro a Deus.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Obama: não entro nessa onda.

Gilvan Almeida

Tenho visto com muita desconfiança esta “febre” de esperanças e créditos ao novo governo dos Estados Unidos da América (EUA). Em sentido figurado vejo as galinhas (nós, seres humanos não nascidos nos EUA) comemorando a chegada de uma nova raposa para tomar conta do galinheiro (o planeta). Simplesmente não acredito que estejamos no início de uma "nova era" da política estadunidense, porque ainda não vi motivos de ordem lógica, política, econômica e ideológica para tanta confiança. Só porque ele é negro e veio de família humilde? Porque se elegeu com um discurso cheio de “promessas boazinhas e democráticas” como qualquer político de esquina sabe fazer? É muito pouco para mim, pois não posso esquecer que ele é um político estadunidense, vai defender os interesses dos EUA e suas transnacionais, já que aquele país se sustenta, como atual matriz do capitalismo, através da exploração secular das riquezas dos povos. Você acha que eles vão abrir mão assim, de forma fácil, da hegemonia mundial, que conseguiram e vêm mantendo a ferro e a fogo? Que acabarão com as agressões e invasões de países onde haja algo contra os seus interesses? Duvido. Alguém acredita que foi o povo que o colocou no poder? Ingenuidade achar que sim, e ele vai defender os interesses de quem realmente o colocou na Casa Branca, quem financiou a campanha e que vai querer continuar usufruindo do poder e das riquezas globais. Para alimentar as expectativas mundiais, certamente veremos medidas de ordem cosmética, tais como a que foi anunciada hoje sobre o fechamento da prisão ilegal de Guantánamo, só que no prazo de um ano. Como posso acreditar na pessoa que diz publicamente que o ex-presidente George W. Bush é um bom homem?

Portanto minha credibilidade em Obama é zero. Espero que daqui a quatro anos eu volte a escrever aqui, refazendo a minha opinião, pois no período, os EUA passaram a realmente cumprir as leis internacionais; desativaram todas as suas bases militares mantidas no exterior e já não possuem nenhum soldado em qualquer nação; que suas transnacionais estão agindo de forma ética e dentro das leis de cada país; que estão respeitando a autodeterminação e liberdade dos povos; e que os recursos que eles dispendiam para manter suas tropas em guerra foram alocados para a erradicação da fome, das doenças transmissíveis e das desigualdades econômicas e sociais em todo o planeta.
PS: Não sou xenófobo em relação ao povo de lá. Conheço muitos deles gente fina.

sábado, 17 de janeiro de 2009

20 frases selecionadas de Millôr Fernandes

O Millôr, dentre outras qualidades artísticas, é um grande frasista. Vejam estas 20 que selecionei.
Gilvan Almeida

1. Você pode evitar descendentes. Mas não há nenhuma pílula para evitar certos antepassados.
2. A psicanálise descobriu: gafanhoto não tem grilo.
3. Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos muito bem.
4. Brasil, condenado à esperança.
5. Todo homem nasce original e morre plágio.
6. Às vezes você está discutindo com um imbecil... e ele também.
7. O otimista não sabe o que o espera.
8. Aviso aos navegantes: Em Brasília ainda tem dois deputados do baixo clero sem patrocinador.
9. Proudhon dizia que toda propriedade é um roubo. A elite brasileira acha que todo cargo público é uma propriedade.
10. Ser pobre não é crime mas ajuda muito a chegar lá.
11. Político profissional jamais tem medo do escuro. Tem medo é da claridade.
12. Cada vez há mais fortunas feitas entre o pôr-do-sol e o nascer-do-sol do que entre o nascer-do-sol e o pôr-do-sol.
13. Acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder.
14. O Brasil é o país do mundo que tem mais ventríloquos.
15. Todos os países são difíceis de governar. Só o Brasil é impossível.
16. Já que não conseguimos aumentar a grita dos descontentes, precisamos pelo menos diminuir o sorriso dos satisfeitos.
17. Certas pessoas que tomam certos remédios são tão ingênuas que merecem ficar boas.
18.Fiquem tranqüilas as autoridade. No Brasil jamais vai haverá epidemia de cólera. Nosso povo morre é de passividade.
19. Morte súbita é aquela em que a pessoa morre sem o auxílio dos médicos.
20. Três coisas absolutamente seguras: o nascer do sol, a hora do sofrimento, a morte.

Leia mais frases do Millôr: http://www2.uol.com.br/millor/frases/frases_01.htm

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Grandes pensadores I – Pietro Ubaldi


Ainda tenho pouco conhecimento a respeito da obra do pensador e filósofo Pietro Ubaldi, mas já o admiro pelo pouco que conheço, por isto coloco este pequeno e profundo texto dele, para dar um estímulo aos leitores do blog, para que busquem conhecê-lo.
Gilvan Almeida

Julgar o Próximo
“Cada um julga com os elementos que possui. Quanto mais somos ignorantes, menos elementos possuímos, e quanto menos elementos possuímos, mais rápidas e absolutas são nossas conclusões. Ao contrário, quem possui mais conhecimento e, com isso, mais elementos para julgar, não chega a conclusões simplistas, rápidas e absolutas. Logo, quem mais se aproxima da verdade é quem julga lentamente, sem absolutismo, mas com profundidade. Então, quem julga, lançando seu julgamento sobre os outros, em última análise julga a si mesmo, e com seu julgamento, se revela. Pelo fato de não poder julgar senão conforme seu tipo de pensamento e natureza, com o seu julgamento são descobertos seu pensamento e sua natureza. A melhor maneira de se chegar a conhecer uma pessoa é a de observar os seus julgamentos a respeito dos outros. Quando alguém cai na ilusão de supor que, julgando os outros, está assim pondo-os a descoberto e colocando-se acima deles, na realidade, apenas se está submetendo a julgamento, descobrindo-se e mostrando a todos seus próprios defeitos.”
(Pietro Ubaldi – A Lei de Deus)

Pietro Ubaldi (Foligno/Itália, 18 de agosto de 1886 - São Vicente/Brasil, 29 de fevereiro de 1972), foi um filósofo e pensador espiritualista italiano.
Formado em Direito e Música, falava fluentemente inglês, francês, alemão, espanhol e português, além de conhecer também o latim e o grego. Dedicou boa parte da vida ao estudo da Filosofia da Religião, o que o levou a escrever diversas obras sobre o tema, num viés espírita e universalista.
A obra consta de vinte e quatro livros, metade dos quais escritos na Itália e a outra metade no Brasil. O livro "A Grande Síntese" é tido como uma das principais obras, versando sobre uma proposta de compreensão unificada entre as formas de conhecimento humano.
Fonte: Wikipédia

Conheça mais sobre a vida e a obra deste pensador no site

http://pietroubaldi.org/

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Por que Cuba incomoda.

Millôr Fernandes, cartunista e escritor, escreveu uma frase, na época da ditadura militar, que me marcou pela síntese da esdrúxula situação em que vivíamos politicamente: “O cúmulo da distorção ideológica é o mendigo ter medo do comunismo.” Ainda naquele período, em que estávamos em plena efervescência estudantil e esquerdista, comecei a ler os teóricos socialistas e comunistas, além de manter a assinatura por mais de 5 anos de uma revista muito importante para a minha formação política e ideológica: “Cadernos do 3º mundo”. Assim pude começar a compreender melhor a realidade política brasileira e internacional e a não me deixar iludir pela ideologia anticomunista vigente, ditada pelos EUA.
Cuba, China, Albânia e posteriormente a Nicarágua me encantaram por estarem vivendo processos revolucionários onde o povo estava sendo o objetivo central de melhorias. Além de ler a respeito destes países, eu também ouvia frequentemente as rádios Moscou (URSS) e Tirana (Albânia).
Eu não sou um dinossauro comunista e stalinista, e já me desencantei com os regimes políticos destes países citados pela mídia como comunistas, na tendenciosa intenção de dizer que, com a queda do muro de Berlim, em 1989, e o esfacelamento da União Soviética, o comunismo foi derrotado. Na realidade, nenhum país, até hoje, chegou ao pleno estado de comunismo.
Não posso, no entanto, deixar de reconhecer os grandes avanços alcançados por eles no campo social, em especial Cuba, que apesar do criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos EUA no início da década de 60, e que se mantém até hoje, conseguiu construir os ótimos padrões atuais em saúde e educação, sendo exemplo em Saúde Pública em nível mundial. E o que dá certo em Cuba incomoda o antigo patrão e o sistema capitalista.
É raro vermos boas notícias a respeito de Cuba, Irã, Coréia do Norte, Bolívia, Equador, Venezuela, países que se opõem ao hegemonismo da potência estadunidense, em especial divulgadas por um grande jornal como A folha de São Paulo. A mídia brasileira e internacional quando noticia algo sobre Cuba é sempre mostrando o que há de negativo, de carências, do baixo consumo, dos balseiros em viagens rumo à flórida, e até o tratamento dado a Fidel Castro quando era presidente – chamado de ditador – não era e nem é aplicado a chefes de Estado de alguns países que vivem claramente em regime ditatorial, porque estes são amigos dos EUA, ou seja, se submetem plenamente ao que este país ordena. Cuba, durante muitos anos explorada pelos EUA, ousou fazer uma revolução, trazendo uma nova ordem que modificou a geopolítica internacional, em especial na América Latina.
Neste dia em que a Revolução Cubana está inteirando 50 anos e pela raridade da boa notícia, é que resolvi divulgá-la no blog.
Gilvan Almeida
01.01.2009

Saúde e educação são os principais êxitos do regime cubano

Fernando Ravsberg da BBC, em Havana.

Os principais êxitos do regime implantado pela Revolução Cubana de 1959 estão na área social, onde a ilha apresenta indicadores superiores à maioria dos países do continente, incluindo aí os mais ricos.
Para muitos, apesar dos inúmeros problemas enfrentados pela população cubana, o maior sucesso da revolução liderada por Fidel Castro foi ter conseguido desenvolver uma poderosa rede de assistência social, que serviu para impedir que os 20% mais pobres da sociedade caíssem em uma situação de miséria e pobreza extrema.
Em Cuba, o Estado se encarrega dessas famílias, entregando-os dinheiro extra, alimentos, roupas e móveis.
Nos casos de pessoas com deficiências físicas ou mentais, o governo chega, inclusive, a pagar um salário para que elas recebam os cuidados necessários.
Medidas em benefício da parcela mais pobre da população cubana foram tomadas logo nos primeiros dias da revolução.
A reforma agrária, por exemplo, deu emprego a todos os camponeses do país. Alguns receberam terras, outros passaram a integrar cooperativas, e muitos se transformaram em trabalhadores de fazendas coletivas.
Já nas cidades, foi proibido o despejo de inquilinos e decretada a redução dos aluguéis. Finalmente, foi realizada uma reforma urbana que transformou 85% dos cubanos em proprietários de suas casas, uma realidade que se mantém até os dias atuais.

Educação

Não há no país nem mesmo meninos de rua. Os órfãos, filhos de pessoas com deficiências mentais ou de pessoas presas, vivem em instituições que lhes garantem alimentação, assistência médica e educação, incluindo os estudos superiores.
Mas eles não são exceção, já que 100% das crianças e adolescentes cubanos frequentam a escola, que é obrigatória por nove anos e segue sem custar um centavo até o nível universitário, onde até mesmo os livros são gratuitos.
A lei cubana obriga os pais a enviarem seus filhos à escola. Se for considerado que este direito da criança foi violado, a pena para eles pode ser até mesmo a perda da guarda do menor e outras medidas judiciais.
Nenhuma criança fica de fora da rede educacional. Os cerca de 60 mil menores de idade com limitações físicas ou psíquicas da ilha frequentam escolas especiais, onde, além de aulas, recebem tratamento fisioterápico e atendimento psicológico, uma combinação que permite com que eles desenvolvam ao máximo suas habilidades.

Saúde

É nestas escolas que se reúnem dois dos maiores sucessos da revolução cubana: a educação e a saúde pública.
Em relação a esta última, o regime de Fidel Castro desenvolveu um gigantesco sistema nacional de cobertura a todos os cidadãos, sem exceções de nenhum tipo.
O sistema de saúde de Cuba é composto por quatro níveis: o médico de família, que costuma viver a poucas quadras de seus pacientes; o clínico geral de bairro; os hospitais de zona e os institutos especializados.
Todo atendimento é gratuito, com exceção dos medicamentos, que são subsidiados pelo Estado.
Nenhuma doença fica de fora do sistema de saúde cubano, que oferece tratamentos a problemas que vão desde simples dores de cabeça a enfermidades relacionadas à Aids, passando por assistência odontológica e até mesmo cirurgias plásticas.
O resultado deste sistema de saúde tão amplo pode ser observado quando se comparam as estatísticas das Nações Unidas sobre esperança de vida. Cuba ocupa o terceiro lugar em todo continente americano, com expectativa de vida de 76 anos para os homens e 80 para mulheres.
Já em relação à mortalidade infantil, as estatísticas da ONU apontam que o índice de Cuba é de cinco mortes a cada 1.000 nascimentos, o que situa o país em um nível só comparável ao do Canadá no continente americano.

Ciclones

Da mesma forma que poucas pessoas morrem em Cuba por causa de doenças curáveis, o número de mortos pelos ciclones que atravessam o país todos os anos também é baixo.
O sistema de defesa civil criado pela revolução é capaz de evacuar milhões de cidadãos para lugares seguros antes da chegada das tempestades.
O ano de 2008 foi bastante ilustrativo neste sentido, quando três grandes ciclones atravessaram a ilha, destruindo meio milhão de casas, a maior parte das colheitas e derrubando centenas de torres do sistema elétrico. Apesar dos estragos, foram registradas apenas sete mortes.
Antes de 1959 e nos primeiros anos da revolução, os mortos eram contados às centenas e milhares cada vez que um desses fenômenos atingia o país. Isso sem contar as enormes perdas econômicas.
Agora, a Defesa Civil "toma o controle" dos territórios onde se prevê que as tempestades passarão. Dias antes da evacuação das áreas, as pessoas protegem seus animais e transportam alimentos, evitando mortes e salvando o que é possível.

Violência

Também são poucas as pessoas que morrem por causa da violência. Na verdade, a insegurança pública na ilha é ínfima.
Mesmo quando comparada aos países mais ricos da região, Cuba pode ser considerada uma das sociedades mais pacíficas do continente.
São raros os casos de assaltos com pistolas ou armas brancas. Os delitos mais comuns em Cuba são furtos de correntes, relógios ou de dinheiro.
Sem dúvida, este clima pacífico se deve à presença constante da polícia nas ruas. No entanto, alguns argumentam que os baixos níveis de violência também estão relacionados com o nível de educação da população, o acesso à saúde e ao controle da pobreza.