quarta-feira, 25 de junho de 2008

Thiago de Mello, poeta da Amazônia.

Em meus tempos de estudante de medicina, década de 70, em Manaus, existia uma livraria muito freqüentada pela esquerda estudantil e intelectual da cidade, a livraria Maíra. Lá entrei em contato e me interessei pelas obras de Marx, Engels, Trotski, Lênin e outros teóricos socialistas.
Como ainda estávamos em pleno regime militar(1964-1985), a Polícia Federal de vez em quando aparecia por lá, o que para mim tornava mais interessante ainda, pois naquela época a juventude rebelde tinha uma causa, e o que importava era afrontar, muitas vezes de forma infantil e ingênua, o poder militar constituído.
Na Maíra também comecei a ler outros autores, dentre os quais um que me tornei grande admirador, Thiago de Mello, poeta amazonense, nascido em Barreirinha-amazonas, em 30 de março de 1926, onde ainda hoje reside. Encontrei-o, algumas vezes, nas ruas de Manaus, com sua figura alta e esguia, feições de índio e sempre vestido de branco.
Thiago esteve exilado no Chile, onde se tornou amigo do poeta chileno Pablo Neruda.
De sua grande obra destaco “Os estatutos do homem” e “Faz escuro mas eu canto”, além da poesia a seguir:

Para repartir com todos

“Para repartir com todos,
Com este canto te chamo
Porque dependo de ti.
Quero encontrar um diamante
Sei que ele existe e onde está.
Não me acanho de pedir ajuda,
Sei que sozinho nunca vou poder achar,
Mas desde logo advirto,
É para repartir com todos.
Traz a ternura que escondes machucada no teu peito,
Eu levo um resto de infância que meu coração guardou.
Vamos precisar de fachos para as veredas da noite,
Que oculta e às vezes defende o diamante.
Vamos juntos, traz toda a luz que tiveres,
Não te esqueças do arco-íris que escondestes no porão.
Eu ponho a minha poronga, de uso na selva,
É uma luz que se aconchega na sombra.
Não vale desanimar, nem preferir os atalhos sedutores,
Que nos perdem, para chegar mais depressa.
Vamos achar o diamante para repartir com todos,
Mesmo com quem não quis vir ajudar, pobre de sonhos,
com quem preferiu ficar sozinho
bordando de ouro seu umbigo engelhado,
mesmo com quem se fez cego ou se encolheu na vergonha de aparecer procurando,
com quem foi indiferente e zombou das nossas mãos enfadigadas na busca,
mas também com quem tem medo do diamante e seu poder,
e até mesmo com quem desconfia que ele existe,
e existe,
o diamante se constrói quando procuramos juntos,
no meio da nossa vida,
e cresce, límpido cresce,
na intenção de repartir o que chamamos AMOR.”

Leia mais sobre Thiago de Mello: http://www.secrel.com.br/jpoesia/thiag.html

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A renúncia

Muitas vezes queremos, mas nem tudo podemos, nem tudo temos o direito de ser ou de ter. Em nome da paz, da harmonia, da (re)conciliação, da consciência tranqüila ou do amor ao próximo, é preciso muitas vezes abdicar a um desejo. É a renúncia. Renunciar verdadeiramente não deve ser se subjugar, ser derrotado nas batalhas da vida sem lutar, e sim um exercício de autodomínio, de amor, de sábia compreensão e de despojamento, que o poeta e cantor Djavan tão bem define em Esquinas: “... sabe lá o que é morrer de sede em frente ao mar...”
A renúncia é um santo remédio para combater o egoísmo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Filósofos que admiro: Confúcio


Sábio filósofo chinês, Confúcio (Kung-fu-tzu), o sapientíssimo, o sábio dos sábios, nasceu na 11ª lua do 21º ano de Ling-uang (551 A.C.). Conta-se que fatos prodigiosos revestiram o seu nascimento. Uma antiga lenda chinesa diz o seguinte: “Uma tarde, quando Yen Chen Tsai passeava nos jardins da mansão de seu marido, viu surgir, de repente, diante dela, uma grande nuvem azulada. E, desta nuvem, saiu uma radiosa entidade espiritual. Seu corpo diáfano parecia ungido de aromas delicados e cintilava ao calor de pedrarias raras. Estupefata, Yen Chen Tsai ouviu-a dizer:
“- Breve terás um filho que será um grande sábio! Tu deverás dar-lhe à luz na Gruta das Amoreiras, perto do Templo da Paz Celeste!
“E assim dizendo o ser etéreo desapareceu como num sonho. Yen Chen Tsai ficou maravilhada e contou ao marido as palavras da estranha aparição. E ambos concordaram em seguir as instruções divinas. Quando chegou a época propícia, ela foi para a Gruta das Amoreiras, e lá nasceu Confúcio. Assim que a criança veio ao mundo, cinco velhos veneráveis, vestindo trajes de seda cintilante, apareceram na gruta. Eram os espíritos dos Cinco Planetas que vinham trazer a sua benção. Com eles veio também um estranho animal. Tinha o corpo igual ao de um touro, mas era recoberto de escamas de dragão. A cabeça parecia a de uma corça e tinha no meio da testa um grande chifre recurvo. Tratava-se do lendário Unicórnio, o sagrado “lin”, que só aparece para anunciar o nascimento dos sábios neste mundo. Com extrema delicadeza, os Cinco Espíritos Planetários levaram docemente a mãe e o filho pelos ares e depositaram-nos em seus aposentos na casa de Shu Liang Ho. E após abençoar aquela família feliz, desapareceram no ar, tão misteriosamente como haviam vindo.”

Sabedoria de Confúcio:

- Refletindo sobre nossa natureza com seus discípulos, Confúcio afirmou que alcança humanidade aquele que pratica:
Cortesia – e com ela repele os insultos;
Tolerância – e com ela conquista todos os corações;
Boa-fé – e com ela inspira a confiança dos outros;
Diligência – e com ela garante o sucesso, e a
Generosidade – e com ela angaria autoridade sobre os outros.
Ainda hoje temos diante de nós esse grande desafio, cinco práticas capazes de mudar nosso destino.
- “A educação do homem deve começar pela poesia, ser fortificada pela conduta justa e consumar-se na música.”
- "Aos quinze anos orientei o meu coração para aprender. Aos trinta, plantei meus pés firmemente no chão. Aos quarenta, não mais sofria de perplexidade. Aos cinqüenta, sabia quais eram os preceitos do céu. Aos sessenta, eu os ouvia com ouvido dócil. Aos setenta, eu podia seguir as indicações do meu próprio coração, pois o que eu desejava não mais excedia as fronteiras da Justiça".
- "Quando conhecer um homem bom, trate de imitá-lo; quando conhecer um homem mau, faça uma auto-análise."
- “Tenha cuidado com tuas palavras e teus atos”.
- “Sabedoria, compaixão e coragem são as três qualidades superiores do homem superior.”
- “A verdadeira riqueza de um homem se resume naquilo que ele faz pelos outros.”
- “A sabedoria e o sucesso nunca poderão ser alcançados sem esforço, mas resulta de pequenas coisas.”

Conheça mais sobre Confúcio:
-Livro: A essência da sabedoria de Confúcio.
Autor: Charles J. Finger
Editora: Ediouro