domingo, 18 de outubro de 2009

18 de outubro - Dia do Médico

Há maus e bons profissionais em todos os trabalhos desenvolvidos pelos seres humanos. Não seria diferente na Medicina. Entendo que a profissão é uma das formas que o ser humano revela o seu interior, tanto em suas características de personalidade e caráter, quanto em sua visão social, política e filosófica frente ao mundo em que vive. Ao longo da segunda metade do século passado e início do atual, a Medicina, ou melhor, os médicos, perderam o status que tinham, desceram as escadas sociais e hoje a maioria vive uma fase de “proletarização”, recebendo salários aviltantes e indignos, sendo por isto obrigada a ter mais de um emprego e plantões para manter uma vida digna. Mas as responsabilidades que eles conduzem continuam as mesmas, pois lidam com o que há de mais delicado e sagrado, a vida humana. São-lhes exigidas atitudes de sacerdotes, de seres boníssimos, simpáticos, de paciência e conhecimento infinitos, e que nunca errem. No entanto, quase ninguém olha deles o lado humano; as horas longe da família e dos amigos; a dedicação que precisam ter nos constantes estudos de atualização; a falta de tempo para os cuidados consigo mesmos e as doenças que estão expostos por terem um ofício tão estressante. Algumas vezes o médico encontra a incompreensão também dentro de sua própria família, que não aceita as interrupções dos raros momentos que está junta no lazer, nas refeições, no descanso, o que compromete mais ainda a sua saúde e qualidade de vida. Portanto, com esta reflexão, aproveito este dia para buscar uma renovação e um fortalecimento na procura do melhor no exercício desta nobre profissão.

Gilvan Almeida


Por que 18 de outubro é o "dia dos médicos"


O dia 18 de outubro foi escolhido como "dia dos médicos" por ser o dia consagrado pela Igreja a São Lucas. Como se sabe, Lucas foi um dos quatro evangelistas do Novo Testamento. Seu evangelho é o terceiro em ordem cronológica; os dois que o precederam foram escritos pelos apóstolos Mateus e Marcos.
Lucas não conviveu pessoalmente com Jesus e por isso a sua narrativa é baseada em depoimentos de pessoas que testemunharam a vida e a morte de Jesus. Além do evangelho, é autor do "Ato dos Apóstolos", que complementa o evangelho.
Segundo a tradição, São Lucas era médico, além de pintor, músico e historiador, e teria estudado medicina em Antióquia. Possuindo maior cultura que os outros evangelistas, seu evangelho utiliza uma linguagem mais aprimorada que a dos outros evangelistas, o que revela seu perfeito domínio do idioma grego.
São Lucas não era hebreu e sim gentio, como era chamado todo aquele que não professava a religião judaica. Não há dados precisos sobre a vida de S. Lucas. Segundo a tradição era natural de Antióquia, cidade situada em território hoje pertencente à Síria e que, na época, era um dos mais importantes centros da civilização helênica na Ásia Menor. Viveu no século I d.C., desconhecendo-se a data do seu nascimento, assim como de sua morte.
Há incerteza, igualmente, sobre as circunstâncias de sua morte; segundo alguns teria sido martirizado, vítima da perseguição dos romanos ao cristianismo; segundo outros morreu de morte natural em idade avançada. Tampouco se sabe ao certo onde foi sepultado e onde repousam seus restos mortais. Na versão mais provável e aceita pela Igreja Católica, seus despojos encontram-se em Pádua, na Itália, onde há um jazigo com o seu nome, que é visitado pelos peregrinos. Não há provas documentais, porém há provas indiretas de sua condição de médico. A principal delas nos foi legada por São Paulo, na epístola aos colossenses, quando se refere a "Lucas, o amado médico" (4.14). Foi grande amigo de São Paulo e, juntos, difundiram os ensinamentos de Jesus entre os gentios.
Outra prova indireta da sua condição de médico consiste na terminologia empregada por Lucas em seus escritos. Em certas passagens, utiliza palavras que indicam sua familiaridade com a linguagem médica de seu tempo. Este fato tem sido objeto de estudos críticos comparativos entre os textos evangélicos de Mateus, Marcos e Lucas, e é apontado como relevante na comprovação de que Lucas era realmente médico. Dentre estes estudos, gostaríamos de citar o de Dircks, que contém um glossário das palavras de interesse médico encontradas no Novo Testamento.
A vida de São Lucas, como evangelista e como médico, foi tema de um romance histórico muito difundido, intitulado "Médico de homens e de almas", de autoria da escritora Taylor Caldwell. Embora se trate de uma obra de ficção, a mesma muito tem contribuído para a consagração da personalidade e da obra de Sao Lucas.
A escolha de São Lucas como patrono dos médicos nos países que professam o cristianismo é bem antiga. Eurico Branco Ribeiro, renomado professor de cirurgia e fundador do Sanatório S. Lucas, em São Paulo, é autor de uma obra fundamental sobre São Lucas, em quatro volumes, totalizando 685 páginas, fruto de investigações pessoais e rica fonte de informações sobre o patrono dos médicos. Nesta obra, intitulada "Médico, pintor e santo", o autor refere que, já em 1463, a Universidade de Pádua iniciava o ano letivo em 18 de outubro, em homenagem a São Lucas, proclamado patrono do "Colégio dos filósofos e dos médicos".
A escolha de São Lucas como patrono dos médicos e do dia 18 de outubro como "dia dos médicos", é comum a muitos países, dentre os quais Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos. No Brasil acha-se definitivamente consagrado o dia 18 de outubro como "dia dos médicos".


Referências bibliográficas
1. RIBEIRO, E.B. - Médico, pintor e santo. São Paulo, São Paulo Editora, 1970.2. STERPELLONE, L. - Os santos e a medicina (trad.) São Paulo, Paulus, 1998, p. 13-20.3. FREY, E.F. - Saints in medical history. Clio Med. 14:35-70, 1979.4. DIRCKS, J.H. - Scientific and medical terms and references in the writings of St. Luke. Am. J. Dermatopathol. 5:491-499, 1983.5. CALDWELL, T. - Médico de homens e de almas.(trad.). 31. ed. Rio de Janeiro, Ed. Record, 2002.
Autor: Joffre M. de Rezende - 24/05/2003

e-mail: jmrezende@cultura.com.br


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Tópicos Selecionados de História da Medicina e Linguagem Médica


Artigos, notas e comentários

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Fome

A notícia abaixo teve o poder de me fazer refletir a respeito da vida neste planeta, que para uns (minoria) é um paraíso e, para outros (maioria), é o próprio inferno. Não é fácil constatar e ver que podemos fazer tão pouco para modificar a estrutura social, política e econômica mundial, sistema em que “é normal” seres humanos lucrarem com a fome, a doença, a droga, a guerra, o analfabetismo, o desemprego, e outros tipos de escravidão humana. Esta foto ao lado causa um impacto e mexe com minha condição humana, pois é doloroso ver alguém com fome e, pior ainda, uma criança morrer de fome. Traduzo a imagem como "a fome matando a esperança e a morte, pacientemente, à espreita, aguardando o desfecho".

Gilvan Almeida

Número de famintos no mundo passa de 1 bilhão em 2009, diz ONU

Da Reuters, em Roma

Uma combinação da crise alimentar e da desaceleração econômica global fez com que mais de 1 bilhão de pessoas passasse fome em 2009, informaram agências da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira, confirmando a perspectiva pessimista divulgada neste ano.
A Organização para a Agricultura e Alimentos (FAO, na sigla em inglês) e o Programa Mundial para a Alimentação (WFP, na sigla em inglês) disseram que 1,02 bilhão de pessoas --cerca de 100 milhões a mais do que no ano passado-- estão subnutridas em 2009, maior número em décadas."A alta no número de pessoas famintas é intolerável", disse o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, durante a divulgação do relatório anual sobre a fome no mundo."Temos os meios econômicos e técnicos para fazer a fome desaparecer, o que está faltando é uma vontade política mais forte para erradicar a fome para sempre", disse.O aumento no número de famintos não é resultado de problemas na produção agrícola, mas sim dos altos preços dos alimentos --particularmente em países em desenvolvimento-- menor renda e perda de empregos.Mesmo antes da recente crise alimentar e da recessão econômica, o número de desnutridos cresceu constantemente por uma década, revertendo o progresso obtido na década de 1980 e no início da década de 1990.
No ano passado o WFP elevou para 5 bilhões de dólares o montante necessário para alimentar os pobres, num momento em que os preços dos alimentos entre 2006 e 2008 geraram protestos violentos em alguns países.
Até o momento, neste ano, a entidade recebeu 2,9 bilhões de dólares e reduziu a ração de alimentos e suas operações em lugares como Quênia e Bangladesh.
Países africanos lideram Índice Global da Fome
Os países africanos continuam à frente no Índice Global da Fome 2009 apresentado hoje, em Berlim, pela alemã Welthungerhilfe e pelo Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI, em inglês), que destaca que as mulheres são as que mais sofrem com a desnutrição e a pobreza.
Leia mais: http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2009/10/14/ult1766u33709.jhtm

(Reportagem de Silvia Aloisi)

sábado, 10 de outubro de 2009

Nobel da Paz ???

Cada vez mais compreendo e constato que grande parte da história da humanidade é feita de farsas. A frase “ Em uma guerra, a primeira vítima é sempre a verdade.”, atribuída ao senador estadunidense Hiram Johnson, me abriu mais ainda os olhos quanto a isso. Desde os primórdios, a humanidade vive em guerra, e o capitalismo precisa de guerras para se manter, então, olhando por este prisma, não se sabe mais, o que é mentira e o que é verdade, o que é errado e o que é certo, quem é o bandido e quem é o mocinho.
Ontem, com perplexidade, recebi a notícia que o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, havia sido laureado com o prêmio Nobel da Paz. Fica difícil entender que o homem que há poucos meses pediu ao congresso estadunidense 200 bilhões de dólares para a manutenção da guerra, em 2010, em diversos países – leia texto abaixo – receba tal honra e passe a ocupar na história mundial um lugar junto ao Dalai Lama, a Nelson Mandela, à Organização Médicos Sem Fronteiras, ao bispo sul-africano Desmond Tutu, ao escritor argentino Adolfo Esquivel, também ganhadores deste prêmio.

Gilvan Almeida

Obama pedirá em orçamento US$ 200 bi para guerras dos EUA
26 de fevereiro de 2009

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pedirá mais de US$ 200 bilhões para os gastos das guerras mantidas pelo país neste ano, segundo informações divulgadas pela imprensa nesta quinta-feira, 26. O governo Obama deve apresentar nesta tarde a proposta de Orçamento para o ano fiscal de 2010, que segundo a imprensa, prevê um déficit de US$ 1,75 trilhões neste ano, o maior desde a Segunda Guerra Mundial.
Obama espera que os gastos dos Estados Unidos com as guerras no Iraque e no Afeganistão cheguem a US$ 140 bilhões para o atual ano fiscal, que termina em setembro, de acordo com uma importante autoridade do governo. Parte desse montante (US$ 65,9 bi) já foi apropriada pelo governo de George W. Bush no ano passado. Mas a autoridade, que falou sob a condição de anonimato, disse que o governo precisará fazer um pedido adicional ao Congresso por uma verba suplementar de US$ 75 bilhões para enviar mais tropas para o conflito afegão, somando os mais de US$ 200 bi. O orçamento incluirá mais US$ 130 bilhões para guerras em 2010 e US$ 50 bilhões por ano para o restante da próxima década.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Como criar um filho saudável... apesar do seu Pediatra.

Livro: Como criar um filho saudável... apesar do seu Pediatra.
Autor: Robert Mendelsohn
Editora: Marco Zero

Este é um livro importante em minha formação profissional, especialmente em uma das especialidades médicas que pratico: a Pediatria. Prefiro a realidade desmistificada, e a Medicina, ou melhor, alguns médicos, e quem se aproveita deles – a indústria médica capitalista, alimentam este lado, colocando o conhecimento médico acadêmico atual, de forma mistificada e pretensamente infalível, acima do bem e do mal, com todo o poder para decidir padrões comportamentais, estéticos, alimentares, de sanidade física e mental e outros, como se a verdade científica não fosse mutável e fortemente sujeita a manipulações por interesses escusos. Não é um livro do currículo médico e sua leitura é simples e interessante. Leia um trecho dele a seguir.
Gilvan Almeida

Castigo não é a solução

Crianças precisam, é claro, ser orientadas na direção do comportamento responsável adulto, mas os pais não devem esperar que elas consigam isso de uma vez só. E não há nenhuma evidência convincente de que possa ser alcançado efetivamente empregando-se o velho ditado "é de pequenino que se torce o pepino". Castigo corporal em qualquer idade confunde e traumatiza a criança, pois ela não consegue entender por que a mãe e o pai que ela ama, e que supostamente a amam, passam repentinamente a ter raiva dela e lhe infligir dor física. Ela pode tornar-se insegura, ressentida e até inútil, e a conseqüência pode ser um dano psicológico. O impacto do castigo físico no desenvolvimento da criança tem sido estudado exaustivamente, e o consenso é que a violência provoca danos tanto nos pais quanto nas crianças. O castigo não ensina à criança o que fazer e consegue apenas um benefício temporário, se conseguir, em ensinar-lhe o que não fazer. Não nego que, numa ocasião, levantei a mão, com raiva, mas, na maior parte do tempo, tentei conseguir o objetivo desejado com os meus filhos através da utilização do exemplo e da transmissão de encorajamento terno e amoroso. Estou mais do que satisfeito com os resultados. Espero e creio que meus netos, da mesma maneira, raramente experimentarão castigo físico por qualquer motivo.

Fonte: http://www.cadernor.com.br/index.phpoption=com_content&view=article&id=422:bater-em-crian-covardia&catid=14:filhos&Itemid=67