quarta-feira, 13 de abril de 2011

A morte do cisne

Em arte, especialmente literatura, cinema e música, quando gosto, mergulho fundo na fonte em busca de mais. Costumo fazer assim com escritores, diretores de cinema, músicos, atores. Recebi, de uma amiga, um e-mail indicando um vídeo de um certo John Lennon da Silva, apresentando, em um programa de TV, sua versão para o balé A morte do cisne. Confesso que comecei a ver, preconceituosamente, meio cético, mas como quem havia indicado tem bom gosto e sensibilidade, continuei. E recebi uma valiosa lição, pois vivi minutos de intensa beleza e de bons sentimentos, reconhecendo o que um ser humano, com dedicação, amor, ideal e fé em si, pode fazer. Pesquisei em diversos sites sobre a autoria da música e da coreografia do balé. Uma síntese:

“A Morte do Cisne é um curto bailado a solo, baseado no 13º andamento, "O Cisne", da suite O Carnaval dos Animais, que o compositor francês Camille Saint-Saëns compôs em 1886. O bailado foi criado pelo coreógrafo e bailarino russo Mikhail Fokine, a pedido da bailarina, também russa, Anna Pavlova, e foi estreado em 1905. Anna Pavlova dançou-o cerca de 4000 vezes!...” (http://amateriadotempo.blogspot.com/2011/03/morte-do-cisne.html )

Aproveitei e vi uma versão moderna do Balé Bolshoi, da Rússia, em http://naometoquenaomeadd.blogspot.com/2011/02/morte-do-cisne.html


A que mais me tocou em dramaticidade e beleza foi a versão do John Lennon. Ele me fez ver, realmente, a morte de um cisne. Ver em http://www.youtube.com/watch?v=RM2Aio9mvNE

Gilvan Almeida

Também achei muito interessante o texto A morte do cisne, a morte da arte (http://lituraterre.com/2010/12/11/a-morte-do-ciste-a-morte-da-arte/ ), de Pedro Gabriel (11.10.2010), do qual coloco a seguir dois parágrafos que achei mais significativos.

A Morte do Cisne, a Morte da Arte

"(...) A Morte do Cisne” (nome que recebeu o formato final) ilustra os últimos momentos de um cisne ferido. Com uma graça quase impossível de ser executada pela anatomia humana, o ballet mostra um suave entregar-se ao seio do esquecimento: uma morte sem resistências, sem questionamentos inúteis, sem anseio de continuidade (dignidade quase impossível para humanos). A morte aqui é apresentada como evento da vida e se é verdade o que diz Carner, que toda arte é arte por nos ensinar a morrer, encontramos mais um atributo presente nesta peça que a torna imortal. A maioria de nós vive esquecidos da morte: como se ela não fosse conosco. A boa arte no entanto nos apresenta o verso: a vida entendida como perda e não como um somatório de coisas que devem ficar eternizando essa composição que um dia respondeu por um nome próprio e que como as demais coisas no universo deve passar.

(...) Esquecidos da morte os homens deslembram-se da arte que morre em silêncio sem que a maioria se dê por isso. Em seu túmulo, as instalações e performances dançam um ritmo fugidio feito de som e fúria (desses nos entram violentamente pela janela e por meio das tantas fontes de ruído atuais) que em breve dará lugar a outra expressão igualmente irrelevante. A arte é um cisne ferido de morte que em sua dignidade não se recusa a passar."

Um comentário:

Ana Regina disse...

Bela garimpada!
Talento é algo mesmo inexplicavel e especial...
Confesso que tambem ficaria com pé atras antes de ver as imagens...
Valeu Gilvan

Gracias