sexta-feira, 16 de março de 2012

Agnódice: a primeira médica relatada na História

Arte em relevo. Agnódice: médica diante do Areópago. Medalhão exposto na nova Faculdade de Medicina (Paris)

Há na história da humanidade relatos orais e escritos sobre o aparecimento de homens e mulheres que revolucionaram suas épocas, questionando conceitos e verdades vigentes nos campos da política, das ciências materiais, da religião, dos mecanismos de poder socioeconômico e cultural e outros. Raros os que foram bem recebidos. Quase todos incompreendidos, especialmente pela classe dominante defensora da antiga verdade, muitos violentamente reprimidos e/ou mortos.
Só recentemente tomei conhecimento da existência de Agnódice e sua luta para exercer a Medicina. Defino-a como uma mulher fora de época, digna de minha admiração. Faço neste post uma homenagem a ela.

Gilvan Almeida

Agnódice ou Agnodike (IV a. C), a mais antiga mulher a ser mencionada pelos gregos, tencionava fortemente ser médica. Natural de Atenas, aonde havia proibição legal para mulheres estudarem medicina, Agnódice viajou a Roma a fim de aprender a fazer partos e, dedicando-se principalmente ao estudo da obstetrícia e da ginecologia, obteu conhecimentos básicos sobre a saúde da mulher.
Desejando voltar a seu país e nele colocar em prática os conhecimentos adquiridos em Roma, a solução para tornar-se impune foi radical: Agnódice voltou à Grécia com os cabelos curtos e travestida de homem, sentindo-se dessa forma segura para exercer a medicina.
Quando começou a atuar, com muito sucesso, atraiu muitos clientes, despertando assim o ciúme de outros médicos. Raivosos com Agnódice e acreditando que fosse realmente homem, eles a acusaram falsamente de estar praticando atos libidinosos com as pacientes.
Levada ao tribunal (areópago), ela tentou se defender da falsa acusação; porém, quando percebeu que seria condenada à morte, despiu-se diante do juiz e dos jurados. A atitude extrema causou em todos grande surpresa e comoção. Além disso, várias de suas pacientes declararam em frente ao templo que se ela fosse executada, iriam morrer com ela. O juiz reconheceu a injustiça que estava sendo cometida contra Agnódice, livrou-a da acusação e promulgou uma lei determinando que, a partir daquele momento, as mulheres teriam o direito de praticar a medicina na Grécia.
Graças à ousada e corajosa atitude de Agnódice, as mulheres hoje são maioria na profissão.

REFERÊNCIAS:
1.BEZERRA, Armando - "Admirável mundo médico: a arte na história da medicina" - Brasília, 2002
2.Greenhill, William Alexander (1867) - "Agnodice", in Smith, William, Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology, 1, Boston: Little, Brown and Company
3. Wikipédia: Agnodice
Fonte: http://medicineisart.blogspot.com/2011/02/agnodice-primeira-medica-relatada-na.html

Um comentário:

Luciana Santa Rita disse...

Meu amigo,

Tudo bem? Adorei conhecer Agnódice. Fiquei pensando na sua luta em um período que mulheres não tinham direitos, mas deviam os direitos. Ademais, a condição de pacto das outras mulheres permitiu o posicionamento sobre a questão do gênero.

Excelente texto!

Beijos.

Lu