sábado, 11 de julho de 2009

O REI E O SÁBIO

Cresci fisicamente mas as estórias e fábulas continuam a me tocar o coração, semelhante ao que acontecia na infância. Quero que seja sempre assim, pois aprendo muitas lições com elas. Esta, a seguir, é uma especial, que guardo com muito carinho em minha "coleção de palavras."

Gilvan Almeida

O REI E O SÁBIO

Havia um rei que, apesar de ser extremamente rico, tinha a fama de ser um grande doador, desapegado da sua riqueza. Quanto mais doava para cuidar dos seus súditos, tanto mais os cofres do seu fabuloso palácio enchiam.
Um dia, um sábio que estava passando por muitas dificuldades procurou o rei para descobrir seu segredo. Ele pensava:
- Como o rei, que não é versado nas sagradas escrituras e não leva uma vida de penitência e renúncia, pode viver cercado por tantas riquezas materiais e ainda assim não ficar “contaminado” por elas? Eu, que renunciei ao mundo e conheço todos os Vedas (livros sagrados), tenho tantos problemas, e ele é virtuoso e amado por todos.
Ao chegar na frente do rei, perguntou-lhe qual era o segredo de viver daquela forma. O rei respondeu:
- Acenda uma lamparina e passe por todas as dependências do palácio, assim o Senhor vai descobrir meu segredo. Porém, há uma condição: se o Senhor deixar que a chama se apague, cairá morto.
Desse modo, o sábio visitou todas as salas e duas horas depois voltou para o rei, que lhe perguntou:
- O Senhor viu toda a minha riqueza?
Ainda tremendo da experiência, o sábio respondeu:
- Sua majestade, não vi absolutamente nada. Eu estava tão preocupado em manter a chama acesa que não notei nada.
Com o olhar cheio de misericórdia, o rei falou do seu segredo:
- Assim, Senhor sábio, eu vivo. Tenho tanta atenção em manter a chama da minha alma acesa, que embora tenha tantas riquezas, elas não me afetam. Tenho a consciência de que sou eu que preciso iluminar meu mundo com minha presença, e não o contrário.

Esta história ilustra dois fatos:
· A virtude ou defeito não está em ter as coisas, mas em como são utilizadas.
· O verdadeiro esforço se limita em manter a consciência interior espiritualmente acesa, e não em lutar contra supostas tentações e ameaças.

Um comentário:

Faide disse...

Gilvan,como teoriza Jung:"Em todo adulto espreita uma criança-uma criança eterna,algo que está sempre vindo a ser,que nunca está completo, e que solicita atenção e educação incessantes.Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa."
Também tenho paixão por essas fantásticas fábulas,com suas propostas de vida,desejando ensinar bons costumes a sociedade.E que nos ajuda a usar nossas faculdades intuitivas,tão importantes à nossa compreensão do comportamento humano.
Muito bom postar seu extenso e diversificado conhecimento,ampliando mentes e corações de pessoas que procuram
e precisam rever sua criança interior e seu comportamento diante do outro,diante do mundo.
bjo
Faide.