quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Obama: não entro nessa onda.

Gilvan Almeida

Tenho visto com muita desconfiança esta “febre” de esperanças e créditos ao novo governo dos Estados Unidos da América (EUA). Em sentido figurado vejo as galinhas (nós, seres humanos não nascidos nos EUA) comemorando a chegada de uma nova raposa para tomar conta do galinheiro (o planeta). Simplesmente não acredito que estejamos no início de uma "nova era" da política estadunidense, porque ainda não vi motivos de ordem lógica, política, econômica e ideológica para tanta confiança. Só porque ele é negro e veio de família humilde? Porque se elegeu com um discurso cheio de “promessas boazinhas e democráticas” como qualquer político de esquina sabe fazer? É muito pouco para mim, pois não posso esquecer que ele é um político estadunidense, vai defender os interesses dos EUA e suas transnacionais, já que aquele país se sustenta, como atual matriz do capitalismo, através da exploração secular das riquezas dos povos. Você acha que eles vão abrir mão assim, de forma fácil, da hegemonia mundial, que conseguiram e vêm mantendo a ferro e a fogo? Que acabarão com as agressões e invasões de países onde haja algo contra os seus interesses? Duvido. Alguém acredita que foi o povo que o colocou no poder? Ingenuidade achar que sim, e ele vai defender os interesses de quem realmente o colocou na Casa Branca, quem financiou a campanha e que vai querer continuar usufruindo do poder e das riquezas globais. Para alimentar as expectativas mundiais, certamente veremos medidas de ordem cosmética, tais como a que foi anunciada hoje sobre o fechamento da prisão ilegal de Guantánamo, só que no prazo de um ano. Como posso acreditar na pessoa que diz publicamente que o ex-presidente George W. Bush é um bom homem?

Portanto minha credibilidade em Obama é zero. Espero que daqui a quatro anos eu volte a escrever aqui, refazendo a minha opinião, pois no período, os EUA passaram a realmente cumprir as leis internacionais; desativaram todas as suas bases militares mantidas no exterior e já não possuem nenhum soldado em qualquer nação; que suas transnacionais estão agindo de forma ética e dentro das leis de cada país; que estão respeitando a autodeterminação e liberdade dos povos; e que os recursos que eles dispendiam para manter suas tropas em guerra foram alocados para a erradicação da fome, das doenças transmissíveis e das desigualdades econômicas e sociais em todo o planeta.
PS: Não sou xenófobo em relação ao povo de lá. Conheço muitos deles gente fina.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gilvan,Compartilho da mesma desconfiança, mas ao mesmo tempo sinto que Obama produz uma "sensação" de segurança que não sentiríamos caso os republicanos tivessem permanecidos no poder.
Desconfiados venceremos!

Anônimo disse...

Caríssimo Gilvan,
não partilho da 'febre Obama' e vejo coerência em suas palavras. Mas sinto ser este o início de alguma mudança num país que carece disso pra não se afundar de vez. Eles não seriam tão estúpidos!
Tolice falar em mudança de mentalidade dos americanos em função da eleição do novo presidente, embora saiba que há tempo não se via tanto eleitor nas urnas.
Contudo, junto-me ao bloco dos desconfiados, por saber que a boa intenção, mesmo que ele a tenha, não é suficiente para realizar a mudança que ele diz querer fazer.
Abraço,
Maria

Anônimo disse...

Gilvan,seu pensamento é ponderado e claro,não que isso seja novidade!!!Estou com você.Mas sabemos que a persuasão política,hoje então mais ainda,auxiliada grandiosamente pelo marketing,onde se encontram os interesses de vários setores,influencia intensamente grande parte dos eleitores.Infelizmente educação e cultura,necessidades e direitos básicos para que se orientem no caminho, não são prioridades que muitos governantes querem oferecer,o que obviamente os deixa aonde querem estar e o povo aonde querem que esteja.
Como disse P.Ubaldi:"Sem dúvida,os meandros da política são tão tenebrosos,a imprensa é tão obediente a quem manda e a quem paga,e no círculo vicioso dos interesses costuma-se dar-se ao público tanta propaganda e tão pouca verdade,que é possível que haja talvez outra realidade"....
Gostei mesmo dele viu?
Abraço.
Faide.