sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Breve estudo sobre o tango

Se alguém perguntar o que me auxilia a sobreviver em momentos difíceis, e me faz viver melhor o dia a dia, certamente citarei a música.
A música é de fundamental importância em minha vida desde a infância, vivida em Rio Branco, Acre, em uma época que não havia televisão por aqui. Ouvíamos as duas rádios locais (Difusora Acreana e Novo Andirá) e também as rádios Globo (RJ) e Tupi (SP).
A programação das músicas nas rádios acreanas era bem eclética, indo dos forrós da Marinês, Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, ao pop dos Beatles, Joe Cocker, Rick Wakeman; da MPB de Gal Costa, Betânia, Chico Buarque, Caetano Veloso, ao ritmo sulista de Teixeirinha e Mary Terezinha, passando pelo brega de Reginaldo Rossi, Valdick Soriano, Fernando Mendes, Diana, Odair José, além de boleros, salsas e mambos caribenhos. Destacavam-se também alguns cantores acreanos: Jorge Cardoso, J.B.Costa, Auricélio Guedes, dentre outros.
Não lembro quando, nem onde, o tango entrou em meu gosto musical e se tornou um dos prediletos. Recentemente, navegando pela internet, encontrei este pensamento de Enrique Santos Discépolo que me encantou, por dizer de forma tão concisa, simples e ao mesmo tempo profunda, o que sinto quando ouço um tango: “Tango é um pensamento triste que se pode dançar.”
A melodia nostálgica, como uma chave mágica, abre em meu sentimento as portas das reminiscências, especialmente aquelas indefiníveis e atemporais. Não é uma tristeza depressiva que sinto. Será que posso considerar um aflorar momentâneo das dores dos amores que não deram certo? Talvez sim. Ou é o revelar das fragilidades e carências dos seres humanos? Pode ser. Mas o que fica mesmo, deliciosamente, é aquela saudade de não-sei-o-quê.
Com a palavra Tango entrei em diversos sites, encontrei e li muitas coisas interessantes. Trouxe pra vocês um pouco do que gostei, junto com a música Por una cabeza, que considero um dos tangos mais bonitos. Faz parte da trilha sonora do filme Perfume de mulher, naquela cena antológica da dança do ator Al Pacino (em um papel de deficiente visual, que lhe deu um Oscar) com a atriz Chris O’Donnell. Esta versão é de Emir Kusturica (aquele iraniano diretor de cinema, que também é músico) e Goran Bregovic (músico e compositor sérvio-bósnio). Há outras versões também muito bonitas e anteriores a esta, de Carlos Gardel, Astor Piazolla e Andres Calamaro (autor da música): http://www.youtube.com/watch?v=NoDSuNUILH8&feature=related

“...Há a lenda de que a dança em si teria começado nas prisões entre os prisioneiros masculinos, que, uma vez livres, teriam ido viver nos bairros mais pobres de Buenos Aires. Nessa época inicial era dançado por dois homens, daí o fato dos rosto virados, sem se fitar. O Tango mescla o drama, a paixão, a sexualidade, a agressividade, é sempre e totalmente triste. Como dança é "duro", masculino, sem meneios femininos, a mulher é sempre submissa. Nas letras é quase sempre o homem quem sofre por amor, mas a culpa é sempre da mulher. O ritmo é sincopado, tem um compasso binário. A síncope é de uma nota tocada no tempo fraco que se prolonga até um tempo forte, o que movimenta a música e desloca acentuação do ritmo. ... O Tango foi considerado um Patrimonio Cultural da Humanidade da Unesco em 30 de setembro de 2009, em Dubai...” Wikipedia

Gilvan Almeida

4 comentários:

Luana disse...

Gilvan, é exatamente isso que sinto quando escuto um tango. Ano passado fomos a Buenos Aires e o momento mágico da viagem foi ver uma interpretação belíssima de El Dia Que Me Queiras, não pude conter as lágrimas.
Lembro que descobri o tango ainda criança graças a minha avó que gostava de escutar. Certa vez comprei um vinil com os clássicos do Tango e ela se deliciou ouvindo e dançando sua preferida, La Cumparcita. Agora lembro dela fazendo os passinhos da dança(que lembrança boa!). Grata pela reflexão.

Dande Tavares disse...

Gilvan, ainda no domingo passado o Aldeia Global, programa de música e informação da Aldeia FM, teve como tema o TANGO. Percorri do clássico, de Gardel ao contemporâneo do Gotan Project passando pelo nuevo Tango de Piazzolla, e muitos outros. Foi uma viagem musical pelo tempo e espaço desse sentimento nostálgico bailante - o Tango. Belo e inspirado post nos apresenta aqui. Parabéns!
Dande

Socorro Braga disse...

Gilvan,quando escuto Tango eu viajo, lembro logo da Argentina e Espanha. É como se eu estivesse lá nas casas noturnas dançando! Bom demais! E Dande vi seu comentário e lembro sempre de vc quando escuto TANGO!
Grata Gilvan por nos proporcionar essa bela música.
Abraços

JACKIE PINHEIRO disse...

Belíssimo post, Gilvan. Já ouviu Gotan Project? A música se insere nesse gênero, só que com elementos eletrônicos que dão ao seu estilo uma nova forma de fazer tango: o tango eletrônico. O Dande conhece bem. Gosto muito também dos clássicos. É um ritmo forte, passional.