sábado, 4 de julho de 2009

Indicação de livro: A casa do delírio

A casa do delírio
Reportagem no Manicômio Judiciário de Franco da Rocha
Autor: Douglas Tavolaro
Editora: Senac-São Paulo

Encontrei este livro na Bienal da Floresta. Leitura importante para todos os que procuram enxergar o mundo além do próprio umbigo e também para os que vivem em um mundo bonito e perfumado, onde tudo dá certo e todos são aparentemente felizes, que vivem “... de frente para o mar e de costas para o Brasil...” conforme já nos disse um poeta. Como diz o autor, o livro é “... uma aventura pelo mundo da razão perdida...”. Considerei também um mergulho no inferno dos maiores males que assolam a sociedade brasileira: miséria, abandono, injustiça, fome, exploração, desemprego, doenças, corrupção... Lá no manicômio estão alguns frutos deste sistema político, econômico e social em que vivemos. Além do levantamento histórico da instituição e dos crimes que cometeram alguns internos, o autor nos mostra também o lado humano, familiar e social, dos personagens entrevistados, e o que vem sendo feito institucionalmente no sentido de reabilitar a dignidade perdida. Tocou-me profundamente, quando ele descreve uma cela onde eram colocados os internos mais perigosos, violentos e em surto psicótico, em que havia diversas palavras e símbolos escritos e desenhados nas paredes, aparentemente sem sentido, mas uma frase ele conseguiu entender, e ela dizia assim: “Quando eu morrer, que não seja só de tédio”. Quantos de nós, que nos consideramos normais, temos esta lucidez de ver quando a nossa vida está um tédio, ou de reconhecer que a vida está um tédio e ver que é possível e preciso fazer algo para transformá-la? Com tudo o que vivenciei e aprendi na leitura deste livro, confirmo, mais uma vez, o que alguém disse: não somos mais a mesma pessoa após a leitura de um livro.

Gilvan Almeida

Escrito na contra-capa do livro:

Inaugurado no último dia de 1933, o Manicômio Judiciário de Franco da Rocha continua sendo o maior abrigo de doentes mentais criminosos do Brasil. Foi considerado nos anos 1950 um dos mais importantes hospitais-presídios da América Latina, na vanguarda dos estudos psiquiátricos, mas nos anos 1960 tornou-se “depósito de loucos” superlotado, com os horrores dessa situação: fome, sujeira, doença, violência. Hoje, com a dignidade em recuperação, luta para livrar-se do estigma de ter sido “um inferno onde quem entra só sai morto”.
Conta-se aqui a história do manicômio e a de alguns de seus personagens marcantes; mostra a “rotina insana” conforme a captou o olhar atento e a sensibilidade do autor. Diversos fatos narrados causam o impacto de uma dura realidade, sem que se perca sua dimensão humana.

2 comentários:

Faide disse...

Oi Gilvan?também vi esse livro na Bienal,me atraí por seu título e o peguei para saber o assunto,gostei,mas acabei optando por outros.Depois o vi na sua mesa...e agora no seu post?!.....pois é,acho que preciso fazer essa leitura.....assim que terminar de ler novamente "Mulheres Que Correm com os Lobos" e o "Poder do Subconsciente.Ótimos livros.
Bjo
Faide.

c.martins disse...

Olá...
para rir agora, esse livro é bem engraçado... lançado na bienal do rio... john lennon esteve aqui esta noite (editora usina de letras)...
abraços