quinta-feira, 3 de junho de 2010

Uma abordagem sobre as preocupações

O ser humano é previsível em ações e reações, desejos e medos, frustrações e alegrias, sensibilidade e percepção, não importando onde ele nasceu e vive, se no Nepal ou no Alaska, na Nova Guiné ou na Birmânia, no Acre ou em Madagascar. Todos querem ser felizes e encontram dificuldades semelhantes para encontrar este objetivo, com algumas variações específicas, conforme a cultura e a religiosidade.
Um amigo de um país europeu escreveu, pedindo-me a opinião acerca de algumas angústias e preocupações que estava sentindo. Respondi:
Querido amigo J :
O que tem verdadeiramente lhe causado tanta preocupação? São as coisas dos outros? São as suas? Suas e dos outros? Uma dica boa para verificar isto é abordar cada uma destas frentes de acordo com a governabilidade que temos ou não sobre elas:
1.Coisas que dependem só de nós para que sejam resolvidas: total governabilidade, pois dependem só de nós. Não precisa se preocupar pois a solução está em nossas mãos. Pense, defina uma estratégia de ação e aja, pois a realidade só muda através da prática;
2.Coisas que dependem de nós e dos outros: governabilidade parcial, pois não dependem só de nós. Faça a sua parte e despreocupe-se. Aguarde o outro lado fazer o que cabe a ele;
3.Coisas que dependem só dos outros: nenhuma governabilidade nossa pois dependem só dos outros. Também não precisa se preocupar já que não há responsabilidade sobre nossas costas. Aguardar com paciência as ações dos outros.
É preciso muito cuidado para não colocar a carga dos outros nas suas costas. Cada um já tem sua própria cruz para carregar. O que podemos fazer é auxiliar nosso semelhante a melhor carregar a cruz dele, se ele assim o desejar e pedir. Determinados aspectos da vida pessoal é para cada um resolver, prestando sempre atenção àqueles que aprontam situações e depois querem jogar as conseqüências para cima dos outros. Conheço muitos assim, que não assumem responsabilidades e culpam os outros pelas próprias infelicidades. Então, observe se você não está se sobrecarregando de preocupações, que, na verdade, são de outras pessoas. Parece que sim.
Não esqueça que se o ato de se preocupar resolvesse, a vida de todo mundo já estava resolvida. E tem muita gente que parece ter a preocupação como hobby, ou quem sabe vício. Quantas conheço que quando já não têm tanto o que se preocupar consigo, passam a se preocupar com a vida e os problemas dos filhos, netos, parentes, amigos. E haja coluna para carregar os outros nas costas. Como dói a coluna delas.
Dizer somente que é assim mesmo, que não pode reclamar, que deve agüentar e pronto, precisa ser visto com atenção, para não cair no conformismo e nem na submissão aos caprichos de alguns tiranos e vampiros emocionais que, às vezes, nos rodeiam. Tem um parâmetro bom para se medir isso: avaliar pela ótica da justiça, do bom senso e da tolerância. Tenha mais paciência com quem você ver que está se mexendo e verdadeiramente buscando soluções. Dê seu apoio e alimente nas pessoas atitudes preventivas contra mais sofrimentos e preocupações.
E quando solicitado, não deixe de se posicionar, de dizer o que pensa e o que sente, com equilíbrio e respeito, mas diga. Assim as pessoas vão conhecê-lo mais e passarão a respeitá-lo mais também.


Gilvan Almeida

6 comentários:

Unknown disse...

Muito bom, Gilvan!

A questão da "Governabilidade" ficou excelente.
Outro dia, ouvi o Jorge Viana falando uma idéia interessante:
"Existem muitas coisas importantes para serem feitas, mas algumas são urgentes: comece por elas!"
Isso pode dar um post seu, que é o nosso filósofo do cotidiano.
Ah, não perguntei a autoria da frase, mas penso que é universal...

Grande abraço e grato por ter feito eu começar bem o dia...

Estou viajando (9 dias fora). Precisava ler suas palavras...

Outro abraço.

Bonner disse...

Parabéns pelo texto Gilvan,

Uma abordagem realmente coerente e que corresponde à realidade. Claro que não é simples o trabalho com as frustrações e outros pontos negativos da vida. Mas uma visão igual a que você propõe, com certeza é um norte. Continui com esse trabalho de repartir o pão da sua experiência.
Grande abraço.
Bonner

C@uros@ disse...

Meu caro Gilvan, eu acho que está faltando no nosso mundinho de meu Deus, é mais respeito com a palavra alheia, divergir não é sinônimo de desrespeito. Um pouco de paz e harmonia também ajuda.Gostei muito do texto, parabéns.

bom final de semana.

forte abraço

C@urosa

Henrique Boechat disse...

É, não é, amigo, Gilvan, e porque nós seres humanos temos esse costume? hum! por onde percebo tem uma lado da vitimação, da baixa estima, de não se valorizar. É, vamos levantar a cabeça. To com uma dorzinha estranha na cervical e estou procurando um orientador de ioga. To providenciando, grato amigo! abs

Faide disse...

"Deixe de se preocupar e comece a viver..."
(Dale Carnegie)

Gilvan,
Precisamos mesmo procurar reverter as preocupações para transformar nossa qualidade de vida,até porque as mesmas não costumam ser plausíveis e nem lógicas e estar preocupado não tem qualquer sentido ou utilidade se nossas emoções e razões não forem usadas para identificar as preocupações produtivas e as improdutivas,"neutralizá-las e elimiminá-las..."(R.L Leahy)
Mas acontece que nosso ego nem sempre é nosso aliado e nosso amor-própio,auto-confiança e sentidos,às vezes se encontram sobre uma base bastante instável,nos fragilizando e nos equivocando...
Bom demais o que você tem compartilhado conosco...

bjo
Faide

Concita Maia disse...

Oportuna a Oração da Serenidade:
Senhor, concedei-me a serenidade necessária para aceitar o que não posso modificar; coragem para modificar o que posso e sabedoria para distinguir uma da outra.
Tenha um bom dia, amigo querido.
Seu blog faz bem a alma!
Bjo no coração