sábado, 30 de junho de 2012

Pais, escolas e religiões e o roubo de infância

Em alguns momentos socorro-me de Manoel de Barros para compreender e suportar tantas barbaridades que são feitas com muitas crianças neste país. Pais deseducando e deformando-as. Escolas emburrecendo. Religiões alienando. O Estado abandonando e prostituindo-as. Todos roubando infância, destruindo precocemente a magia e o encanto de ser criança, detonando o pensamento mágico que elas têm, onde tudo é possível, até mesmo ver em um desenho animado um elefante esconder-se atrás de uma palmeira bem fina ou dentro do porta guarda-chuvas. É natural para elas, que ainda não penetraram no opressor mundo da lógica. Para mim roubo de infância é crime, é fonte de muitas doenças físicas e mentais, gerando muitos infelizes, pois não viveram a plenitude do mundo infantil e foram forçadas a uma aterrisagem precoce nas duras realidades da vida.

A descrição mais simples e poética que já vi sobre o pensamento mágico, presente nas crianças até certa idade:

"A criança está disponível para a poesia. Ao ponto de poema. A criança ainda não sabe o comportamento das coisas. E pode inventar. Pode botar aflição nas pedras e assim por diante. As crianças não sabem que pedra não tem aflição ou se os peixes dão flor".

Manoel de Barros

Gilvan Almeida

2 comentários:

Luciana Santa Rita disse...

Meu amigo,

Tudo bem? O texto apresenta a realidade, pois o roubo da infância não ocorre apenas pro situações de abandono, violência, doenças, entre outros, mas acontece sob a anuência quando aceitamos crianças de 05 anos, vestidas e pintadas como adultos. Vejo que não limites em horários, palavras a serem usadas e tantas situações que orgulhamos em dizer que nossos filhos são precoces e maduros. Além disso, a quantidade de atividades que as crianças possuem na agenda, já as tornam adultos mirins.

Orima reflexão!

Beijos e bom final de semana!

Lu

Jonas Abud disse...

Eu me lembrei da música de Belchior: Como nossos pais. O roubo da infância em muitos casos começa com pai e mãe.